Agricultores sofrem com 3 anos de estiagem no RS

Pelo terceiro verão consecutivo, o Rio Grande do Sul enfrenta uma forte estiagem, que está associada à ocorrência do fenômeno atmosférico-oceânico La Niña.

Em geral, a La Niña dura por um ano ou um ano e meio, mas, desta vez, ela já perdura por três verões.

A passagem do La Niña pelo RS é caracterizada por verões secos e poucos chuvosos.

Por consequência da seca prolongada, pequenos agricultores do Estado sofrem sem água para irrigação, com falta de pasto para alimentar animais, com perdas de plantações e com prejuízos financeiros.

Desde meados de novembro que Jonas Balbinot, produtor de hortaliças de São Valentim, esperava uma chuva boa. Daquelas que deixam a terra molhada por dias. Desde a primavera, ela não veio.

Quando ocorria uma precipitação, era daquelas rápidas. Passava algumas horas, o sol já voltava forte, castigando as plantações.

"Não é uma chuva agrícola, molha uma camada pequena da terra”, explica.

E quando a chuva tão esperada veio, já era tarde demais para as plantações, que haviam sido quase totalmente perdidas. 

O agricultor diz que teve perdas superiores a 60% da produção nos últimos 3 anos.

No município de Sede Nova, próximo da fronteira com a Argentina, Mauro da Silva ainda está aguardando a chuva boa. Produtor de leite, ele também contabiliza três anos seguidos de prejuízos.

“Se tu não tem água, não tem pasto. Se não tem pasto, não tem leite. Não tem leite, não tem dinheiro. Aí tu vai plantar a lavoura e não tira nada, porque não tem qualidade. Está ruim por demais”.

Mauro conta que até tem equipamento para irrigação da pastagem e da lavoura, mas que não consegue usá-lo sem água.

“Não adianta nada. Não adianta ter equipamento e não ter água”.

Pedro Favaretto, produtor em Constantina, também sofre os efeitos da seca.

“Três anos que viemos migalhando, de Pró-Agro em Pró-Agro, vivendo só pagando o banco. Essa aqui vai ser uma das piores”.

O agricultor explica que a estiagem inviabilizou o ciclo natural das plantações:

“As vagens estão caindo, não conseguem florescer, porque não tem força, falta água, não consegue se fazer a planta”.

O governo do RS também já acenou com algumas medidas.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, ações para amenizar os danos da seca devem ser anunciados em breve. 

FOTOS: GUSTAVO MANSUR E ARQUIVO PESSOAL

TEXTO: Luís gomes

WEBSTORIE: ANNIE CASTRO

CONFIRA MAIS