Da Redação
Em reunião realizada pelo Compahc, conselho municipal que delibera acerca de assuntos pertinentes ao patrimônio histórico e cultural da cidade, foi decidido o tombamento do casarão localizado na rua Santo Antônio, 600. O projeto prevê que ali seja criado um Memorial do Estado para preservar e difundir a memória da resistência à ditadura militar.
Conhecido como “Dopinha”, no local funcionou, entre 1966 e 1971, um dos primeiros centros de tortura clandestinos do país, onde foram torturados e desaparecidos resistentes ao regime. O nome faz referência ao Departamento de Ordem Polícia e Social (Dops), órgão responsável pela repressão aos movimentos políticos contrários ao regime. Um episódio notório relacionado à casa da rua Santo Antônio foi o assassinato do sargento Raimundo Manuel Soares, que lá permaneceu por várias semanas, até seu corpo ser encontrado boiando no rio Jacuí. O assassinato ficou conhecido como o “caso das mãos amarradas”, forma como o corpo do sargento foi encontrado.
Desde 2011, movimentos sociais, como o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, articulados como o Comitê Carlos Ré da Verdade e da Justiça, e mais recentemente pela Comissão da Verdade, buscam a criação do memorial. Para que isso ocorresse, houve um acordo entre a Prefeitura de Porto Alegre e governo do Estado, cabendo à prefeitura o tombamento e desapropriação do imóvel e ao governo do Estado a recuperação e instalação do memorial.
O equipamento cultural levará o nome de Luiz Eurico Tejera Lisboa, militante gaúcho assassinado em São Paulo, e irá contribuir para o conhecimento da história pela democracia, pela liberdade e pelo respeito aos direitos humanos.
