Da Redação
A revista Veja, conhecida por suas posições políticas conservadoras, fez um texto criticando o discurso da atriz vencedora do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar de 2015, Patricia Arquette. Na ocasião, a atriz afirmou que era hora de se ter pagamentos iguais para homens e mulheres. A reportagem da revista brasileira ironizou o pronunciamento em sua última edição, causando reação de grupos feministas.
Em tom de deboche, Veja chama as atrizes de “mimadas” e cita cachês e valores dos vestidos das famosas para menosprezar a fala de Arquette. “Então vamos perguntar para a Patricia que, pobrezinha, tem uma fortuna de apenas 24 milhões de dólares: sabe a diferença entre salário e remuneração? Já ouviu falar no sistema pelo qual atores de ambos os sexos são remunerados de acordo com o retorno que seus filmes dão?”.
Prontamente, uma petição surgiu na internet, criada por uma mulher que se identifica como Rachel Juraski, publicitária de 32 anos, pedindo que a revista se retrate. A autora diz ter lido a Veja por muitos anos e lamenta que atualmente a publicação siga “publicando matérias que ironizam, desprezam e ridicularizam os pequenos passos conquistados por nós (mulheres)”.
Uma nota, produzida pelo coletivo Think Olga e reproduzido por diversos outros, aponta os equívocos no texto, lembrando que “os dez homens com os melhores contracheques de Hollywood ganharam um total de US$ 419 milhões em 2013, enquanto as dez mulheres mais bem pagas ficaram com pouco mais da metade, cerca de US$ 226 milhões” e dando um exemplo: em novembro de 2014, vazamentos de e-mails da empresa Sony revelaram que a atriz Jennifer Lawrence receberia quase 10% a menos que seus colegas homens de equipe pelo filme “Trapaça”, mesmo sendo a única do elenco a já ter ganhado um Oscar.
“Tanto salário quanto remuneração são díspares entre homens e mulheres. O que a revista Veja tenta ignorar ou faz parecer um problema menor é que todas as mulheres do globo, sejam elas atrizes deslumbrantes de Hollywood ou mantenedoras de famílias com 6 filhos em subúrbios do mundo, estão cientes desse problema e exigem que essa incorreção, para dizer o mínimo, aconteça imediatamente”, afirma a nota.
