Opinião
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10 de junho de 2021
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11:41

Concessionária dos trens no Rio pede falência. A operadora pertence à Mitsui, que tem interesse na Trensurb (por Sindimetrô-RS)

Na foto, colisão de dois trens na Zona Norte do Rio de Janeiro. (Foto: Tânia Regô/Agência Brasil)
Na foto, colisão de dois trens na Zona Norte do Rio de Janeiro. (Foto: Tânia Regô/Agência Brasil)

Sindimetrô-RS (*)

A SuperVia alega não ter como pagar a dívida de R$1,2 bilhões devido à redução  de passageiros, por causa da pandemia. Em maio de 2019 a Mitsui comprou o controle acionário da operadora dos trens urbanos do Rio de Janeiro  Naquele momento foi anunciado investimento de R$1 bilhão, ao longo de dez anos.

O primeiro credor da SuperVia é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com R$840 milhões e o segundo é distribuidora de energia Light  com R$155,9 milhões.

O Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul denuncia o modelo de concessão, onde o Estado continua financiando o sistema.

Será que essa gigante empresa japonesa precisa dar o calote no Brasil? Quando teve lucro não qualificou o sistema. Agora que perdeu passageiros quer falência?”, critica o presidente do Sindimetrô, Luís Henrique Chagas.

O conglomerado Mitsui já demonstrou interesse em adquirir a CBTU e a Trensurb,  de acordo com reportagem do jornal Valor Econômico de abril deste ano.

No entanto, nesses dois anos de operação da SuperVia as referências não recomendam a japonesa.

“Privado não é sinônimo de eficiência. A SuperVia é o melhor exemplo de como a população pode ter o pior serviço”, alerta Luís Henrique Chagas.

O governo Bolsonaro mantém o cronograma de desestatização da Trensurb para este ano.

Privatiza mas o Estado continua pagando

O sistema de trens metropolitanos do Rio de Janeiro foi privatizado em 1998, a concessão foi por 25 anos, renovável por mais 25.

Mas, em 2010 o governador Sérgio Cabral  renovou a concessão até  2048, sem licitação. Apesar da ineficiência para administrar os trens metropolitanos, a  medida permitiu que a Odebrecht explorasse o serviço por mais 38 anos.

Em 2013 a SuperVia recebeu R$3,3 bilhões para compra de trens novos, e investir na melhoria do sistema de trens metropolitanos. O BNDES liberou R$1,6 bilhões, R$1,18 do governo estadual e o restante do caixa da empresa.

Dos 201 trens, apenas 75% são de carros novos.

Importante destacar que nesse período não houve qualquer melhoria no sistema.  E a passagem é a mais cara do país, R$5,90  a partir de 1⁰ de julho deste ano.

São incontáveis as condenações da empresa, por falta de cumprimento das obrigações estabelecidas em contrato. Uma investigação do jornal Extra, RJ, constatou que entre janeiro de 2017 e agosto de 2019, um trem descarrilou a cada 2 meses, na malha metropolitana operada pela concessionária.

A companhia é controlada pela GUMI – Guarana Urban Mobility Incorporated Brasil, consórcio formado pela japonesa Mitsui e West Japan Railway Company, além de um fundo japonês.

Atualmente, são  atendidos 6 milhões de habitantes em 12 municípios, em 270 km de vias.

Antes da pandemia, transportava uma média de 600 mil passageiros diários, o número caiu pela metade nos dias úteis.

Uma reportagem do Sul21, do início deste ano, revela detalhadamente que os problemas da SuperVia se acumulam e os usuários são os grandes prejudicados. Ao longo dos anos o serviço só piorou. (Leia aqui: Duas décadas depois, trem privatizado é serviço caro e de má qualidade no Rio).

(*) Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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