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25 de abril de 2011
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15:39

Agenda do sargento morto no Riocentro revela rede contra a reabertura política

Por
Sul 21
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bomba explodiu no carro dos militares

De Brasília Confidencial

A agenda telefônica do sargento Guilherme Pereira do Rosário, morto no dia 30 de abril de 1981 após deixar uma bomba explodir em seu colo no Riocentro, pode revelar quem eram as pessoas que estavam contra a reabertura política brasileira pós-ditadura, de acordo com reportagem do jornal O Globo.

O “agente Wagner”, codinome de Rosário, pertencia ao Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI I), um dos principais centro de tortura do Rio de Janeiro, e carregava no dia da explosão uma caderneta, contendo nomes de militares e civis.

São 107 pessoas e seus respectivos telefones, que vão desde soldados às mais altas patentes das Forças Armadas, do Estado-Maior da PM e da chefia de gabinete da Secretaria de Segurança. Quatro deles são indicados como sendo do “Grupo Secreto”,organização paramilitar de direita, responsável por uma série de atentados que deveriam ser atribuídos à militância de esquerda para enfraquecer a reabertura política no País.

A caderneta marrom, do tamanho da palma de uma mão, havia sido recolhida, no local da explosão, pelo então tenente Divany Carvalho Barros, de codinome “doutor Áureo”, que também atuava no DOI. Talvez por isso, a perícia no documento só tenha acontecido em abril de 2000, quando o segundo Inquérito Policial Militar (IPM) sobre o Riocentro foi aberto. O caso foi arquivado, ainda em 2000, sem condenar ninguém, e a agenda telefônica foi guardada dentro de um envelope, junto aos anexos do processo, no Superior Tribunal Militar (STM). Veja alguns dos nomes anotados por Rosário.

Quem são aqueles que podem ter apoiado atentados do “Grupo Secreto” durante a repressão militar

– Aviador Leuzinger Marques Lima, codinome “Léo Asa”, possível integrante do “Grupo Secreto”.
– General Camilo Borges de Castro, possível integrante do “Grupo Secreto”.
– Marceneiro Hilário Corrales, responsável pela montagem da bomba do Riocentro.
– Coronel do Exército Freddie Perdigão Pereira, codinome “Dr. Nagib”, pode ter sido torturador do DOI I e da “Casa da Morte”, em Petrópolis.
– Segundo-tenente da PM, José Armindo Nazário, trabalhava no Estado-Maior da PM e deu a ordem para suspender o patrulhamento no Riocentro na noite do atentado.
– Coronel da PM Hamilton Dorta, responsável pela movimentação de presos comuns e políticos.
– Delegado da Polícia Civil Sérgio Farjalla, ligado à Delegacia de Polícia Política e Social (DPPS), responsável pela investigação de atentados a bomba.
– Advogada Solange Tavares, mulher do delegado Ilo Salgado Bastos, chefe de gabinete do secretário de Segurança nos anos 80.
– Além desses nove, constam ainda, nomes de empresas de construção civil e de equipamentos elétricos, de um sub-reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e de meios de comunicação que divulgariam os atentados.


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