Coronavírus
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9 de dezembro de 2021
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09:41

Mulheres sofreram mais danos à saúde mental durante a pandemia, diz Fiocruz

Diferentes formas de opressão às mulheres se agravaram durante pandemia. (Foto: Luiza Castro/Sul21)
Diferentes formas de opressão às mulheres se agravaram durante pandemia. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Tiago Pereira
Da RBA

Pesquisa revela que as mulheres sofreram mais danos à saúde mental durante a pandemia. Elas se sentiram mais isoladas e também relataram mais sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Além disso, elas também sofreram com a sobrecarga de trabalhos domésticos durante esse período. Os dados são da série Cenários da Covid-19, que faz parte do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil). O levantamento, que contou com a participação de 5 mil pessoas, é coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que ouviu participantes da própria instituição, em parceria com universidades públicas.

No geral, 14% dos entrevistados avaliaram sua saúde mental como “regular a muito ruim”. Durante o distanciamento social, 24% das mulheres apresentaram sintomas de depressão. Dentre os homens, 17% declararam o mesmo. Um quarto delas (20%) também relataram sintomas de ansiedade, quase o dobro entre eles (11%). Já em relação ao estresse, enquanto apenas um em cada dez homens (10%) relataram sinais, para elas, esse número chegou a 17%.

“Os estudos reconhecem a maior vulnerabilidade feminina em relação aos desfechos de saúde mental. No entanto, as pesquisam apontam níveis de sofrimento aumentados durante a pandemia, sobretudo pelo medo de adoecimento, angústia de permanecer em casa, e evitando o contado com outras pessoas, sejam elas familiares ou amigos”, afirmou a coordenadora do Elsa-Brasil na Fiocruz, Rosane Griep.

A pesquisa concluiu também que as mulheres realizaram, em média, quatro horas a mais de trabalhos domésticos do que os homens, durante a pandemia. Tal carga desigual acaba tendo relação principalmente com o aumento do estresse entre elas.

Ao todo, 76% dos participantes da pesquisa relataram terem trabalhado em casa durante o surto. Quase a metade (48%) disse que a carga de trabalho em home office foi maior do que de costume. Um terço também afirmou que nunca controlavam os intervalos, bem como a hora de começar e de terminar de trabalhar, nem em quais dias atuaram profissionalmente.

Um quarto dos entrevistados também revelaram dificuldades para dormir durante o período de isolamento. Mas, assim, como nos demais fatores, a insônia também afetou mais as mulheres (29,6%) do que os homens (20,3%) durante o período mais agudo da pandemia. Como sinais de deterioração da saúde mental, mais que dobrou o total de entrevistados que relataram consumir bebidas alcóolicas durante a pandemia. Além disso, 6,6% também disseram que voltaram a fumar nesse período.

“A insônia também pode ser um fator de estimulo para o aumento da ingestão de álcool. Os problemas de sono atingem os sexos de maneira diferente, no entanto, a maior frequência em mulheres pode não ser apenas uma questão biológica, mas também emocional”, disse Rosane. Ela também relacionou a insônia à sobrecarga no trabalho doméstico.

Em meio à intensificação da quarta onda da covid-19 na Europa, a Alemanha registrou o maior número de mortes pela doença desde fevereiro. Nesta quarta-feira (8), foram 527 óbitos confirmados, de acordo com o Instituto Robert Koch, ligado ao governo. Por outro lado, a incidência de infecções por 100 mil habitantes a cada sete dias caiu de 432 para 427. No entanto, no mesmo dia foram diagnosticados 69.601 novos casos da doença – aumento de 2.415 notificações em relação ao mesmo período da semana passada.

Baseado em evidências científicas, o novo chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, atribui o atual surto da doença no país aos não vacinados. Até o momento, cerca de 69% da população alemã se imunizou totalmente contra o coronavírus, uma das menores taxas de imunização da Europa Ocidental. Às vésperas do inverno – mas já registrando temperaturas negativas – especialistas temem pelo agravamento da doença. A previsão do governo alemão era imunizar 75% das população até o início do outono. No entanto, principalmente em regiões do leste do país, o avanço da imunização tem encontrado resistência de grupos anti-vacina.

Nesta quarta-feira (8), o Brasil registrou 233 mortes pela covid-19. O total de óbitos chegou 616.251 desde o início do surto da doença no país, em março de 2020. Foram registrados mais 10.055 casos confirmados nas últimas 24 horas, de acordo com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Até o momento, 64,52% da população brasileira está totalmente imunizada, com duas doses ou dose única.

Também hoje, as farmacêuticas BioNTech e Pfizer divulgaram estudo preliminar que aponta que três doses de sua vacina contra a covid-19 neutralizam a variante ômicron do coronavírus. Nesse sentido, os fabricantes informaram, em comunicado, que a terceira dose aumenta em 25 vezes a quantidade de anticorpos neutralizantes.

Ontem, foi a vez do laboratório chinês Sinovac Biotech anunciar que prepara a atualização da CoronaVac contra a nova variante. O presidente da empresa, Weidong Yin, afirmou que o imunizante tem se provado “eficaz” contra a ômicron.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

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