Cultura
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4 de novembro de 2022
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14:07

‘Crianças chorando e pais em pânico’: Bolsonaristas causam tumulto na Feira do Livro

Por
Flávio Ilha
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Feira do Livro de Porto Alegre começou na última sexta-feira (28). Foto: Cesar Lopes/ PMPA
Feira do Livro de Porto Alegre começou na última sexta-feira (28). Foto: Cesar Lopes/ PMPA

Insuflados por atos que pedem intervenção militar contra o resultado das eleições do último domingo (30), um grupo de bolsonaristas provocou tumulto durante uma apresentação de teatro na Feira do Livro de Porto Alegre na última quarta-feira (2).

A briga, que começou fora do local do espetáculo, espantou o público e deixou pais, mães e crianças sem saber para onde correr. A apresentação de uma releitura da lenda do menino do pastoreio teve de ser atrasada em quase meia hora até que os ânimos se acalmassem.

O alvo, segundo um dos dois atores que apresentam a performance, não era a montagem. Mas a briga resultante das provocações de bolsonaristas acabou respingando no teatro Carlos Urbim, àquela altura – 16h25 de um feriado com sol – com cerca de 300 pessoas esperando a apresentação.

“Faltavam cinco minutos para entrarmos em cena quando escutamos gritos, palavrões e apelos para que os agressores fossem embora. As pessoas, que lotavam a plateia, não tinham para onde fugir e se refugiaram nas laterais do teatro. Foram momentos de terror, com crianças chorando e pais em pânico”, relembrou um dos atores, que não quer se identificar.

A organizadora do evento, que também não quer ser identificada, por medo de retaliações, disse que a briga começou com agressões verbais mútuas entre dois grupos distintos a partir de uma ofensa proferida por um homem com camiseta verde e amarela. Depois do xingamento, de acordo com ela, começou uma briga generalizada que se estendeu até o teatro lotado.

“As mães, principalmente, apelavam para que a briga cessasse, mas ouviam como reposta ofensas pesadas, com muitos palavrões. Foi preciso intervenção da Brigada Militar para que os ânimos se acalmassem”, disse. Foi ela que chamou a polícia, pelos alto-falantes da Feira, para debelar a confusão.

Foi preciso usar spray de pimenta para afastar os brigões – mais de dez pessoas, de acordo com a BM – e garantir que a peça fosse apresentada. Mesmo assim, como relatou o segundo ator da montagem, em clima de medo. “A gritaria continuou atrás do palco, nosso trabalho acabou muito prejudicado. Tudo que queríamos era terminar logo e correr para casa em segurança. Mesmo assim, a adesão do público foi emocionante. Fomos muito aplaudidos no final da performance”, contou. A peça tem 45 minutos de duração.

Três PMs participaram da ação segundo o comando do 9º BPM, que atendeu a ocorrência. A BM confirmou o uso de spray de pimenta para conter os agressores. Mas, como a confusão envolveu um número grande de pessoas, ainda de acordo com o comando, não foi possível identificar nenhum dos participantes da agressão. Também não foram efetuadas prisões e nem foi lavrado boletim de ocorrência.


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