Eleições 2022
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4 de outubro de 2022
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17:09

Frente denuncia ao MPT empresas que fazem ‘chantagem’ por voto em Bolsonaro

Por
Flávio Ilha
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Frente ingressou com representação junto ao MPE. Foto: Samir Oliveira
Frente ingressou com representação junto ao MPE. Foto: Samir Oliveira

A Frente Brasil da Esperança no Rio Grande do Sul, formada por PT, PC do B e PV, ingressou com representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), nesta terça-feira (4), contra duas empresas que emitiram comunicados públicos afirmando que reduziriam seus investimentos no Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial.

Em um comunicado a fornecedores e funcionários, o diretor administrativo e financeiro da Stara, Fábio Augusto Bocasanta, advertiu na segunda-feira (3) que a empresa cortará 30% do seu orçamento para 2023 caso a vitória de Lula se mantenha no segundo turno, “o que afetará nosso poder de compra e produção desencadeando uma queda significativa em nossos números”.

A Stara fabrica máquinas e implementos agrícolas em Não-Me-Toque, noroeste do Estado, e seus proprietários estão entre os principais doadores da campanha de Onyx Lorenzoni (PL) ao governo do RS, conforme demonstrou reportagem do Sul21 no dia 15 de setembro.

Gilson Lari Trennepohl, presidente do Conselho de Administração da Stara, doou R$ 300 mil à campanha de Lorenzoni. Para a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) Trennepohl doou R$ 350 mil. A esposa dele, Susana, que é diretora administrativa da empresa, doou R$ 100 mil para Lorenzoni.

“A ameaça realizada pela Stara de redução de negócios e, portanto, caso a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja vencedora no segundo turno das eleições presidenciais, certamente tem e terá impacto no processo eleitoral”, alegam os advogados da Frente na representação. O documento pede que seja aberto inquérito por conduta ilícita, adotando o MPT as medidas legais cabíveis.

A representação também denunciou pressão sobre fornecedores e funcionários da empresa de máquinas e equipamentos Extrusor, com sede em Novo Hamburgo. Em comunicado, a empresa comunica que, caso se mantenha o resultado eleitoral do primeiro turno, “ao fim do ano passaremos nossa empresa da forma física para a forma virtual, mantendo nosso trabalho apenas na internet”. A empresa diz que, se o cenário não se alterar no segundo turno, “não teremos mais a necessidade de serviços, peças e insumos no comércio local”.

Os advogados também alertam o MPT sobre uma suposta “ação coordenada” das empresas destinada a “coagir, cercear e por fim suprimir a liberdade de votos dos trabalhadores e trabalhadoras”. A conduta, segundo os representantes da Frente, viola os artigos 5, 14 e 301 da Constituição. Além do crime eleitoral, os advogados também querem caracterizar a conduta como abuso de poder econômico.

“Não podemos admitir que empresários usem suas posições de poder para chantagear e intimidar seus trabalhadores, ameaçando de demissão. Estaremos atentos a qualquer movimentação do empresariado reacionário do estado no sentido de fazer chantagem com seus trabalhadores”, disse a deputada estadual Luciana Gento (PSOL), que é uma das advogadas que assinam a representação.

Em comunicado postado nas redes sociais, o diretor-presidente da Stara, Átila Trennepohl, afirmou que o comunicado foi dirigido exclusivamente aos fornecedores da empresa e não aos funcionários. “Todos os anos, no segundo semestre, fazemos projeções. Nós compartilhamos essas informações para que nossos fornecedores possa se preparar e organizar suas empresas da melhor forma possível”, disse o diretor.

Segundo ele, o planejamento está sendo refeito em função da gravidade da crise econômica. Ele garantiu que não haverá demissões caso Lula ganhe a eleição e atribuiu a repercussão do comunicado nas redes sociais a notícias falsas. “Por favor, não acreditem em fakenews que falam que a Stara vai demitir 500 ou mil, ou 1,5 mil, tanta conversa que estão jogando por aí. Isso não é verdade”, completou.

Também negou que houvesse intenção de coagir funcionários ou fornecedores em votar ou não votar em determinado candidato. “Somos uma empresa séria, que tem responsabilidade com a nossa cadeia produtiva, com nossos clientes e com nossos colaboradores”, completou. A Extrusor não se manifestou sobre a correspondência.


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