Eleições 2022
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14 de setembro de 2022
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19:43

‘Silêncio sugere que foi mal recebido’: grupos bolsonaristas ignoraram ‘imbrochável’ no Twitter

Por
Duda Romagna
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na última quarta-feira, 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou em Brasília após os desfiles do bicentenário da Independência. Por volta das 11h30, após dar um beijo na primeira-dama, Bolsonaro puxou um coro de “imbrochável”. Até aquele horário, as ocorrências da palavra em postagens nas redes sociais eram praticamente nulas, mas, em questão de minutos, o termo já era assunto do momento no Twitter.

Segundo dados obtidos pela reportagem através da plataforma de monitoramento de redes sociais Trendsmap, em um período de 12 horas após o discurso do presidente da República, foram publicados 97.300 tweets incluindo “imbrochável” ou “imbroxável”, 45% por mulheres e 55% por homens. Às 14h40min, após a veiculação do discurso nas redes sociais e em jornais, houve um pico de em média 280 tweets publicados por minuto.

Visualização de clusters em grafo gerado pelo software Gephi.

Apesar da grande repercussão midiática, se analisado por clusters — grupos de interesses parecidos — , o termo circulou minimamente entre os apoiadores de Bolsonaro. Através da ferramenta Gephi, que analisa os dados brutos recebidos pelo Trendsmap, é possível obter uma visualização da polarização do debate até as 23h da quarta-feira. As conexões em vermelho, laranja e amarelo, no grafo, representam perfis de jornalistas, políticos de esquerda e influenciadores. Já as linhas em verde são o grupo bolsonarista.

Para Victor Piaia, pesquisador da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV ECMI), o que se percebe é que os grupos bolsonaristas têm uma organização maior em redes sociais como o Twitter. Assim, estrategicamente, há uma escolha do que é relevante seguir discutindo. “Quando as pessoas não gostam [do que foi dito por Bolsonaro] é um silêncio. O silêncio sugere que foi mal recebido. Quando eles gostam, eles falam, tem uma resposta”, explica.

Quem se destaca por ter, ao contrário da maioria, insistido e reforçado o discurso é o empresário bolsonarista Leandro Ruschel.

 

 

Para efeito de comparação, nestes mesmos moldes, a pesquisa pelo termo “Bolsonaro” indica uma mobilização muito maior de postagens comentando a conduta do presidente naquele mesmo dia. Durante as 12 horas, foram registrados 510.200 tweets, com o pico de 1.200 por minuto às 17h39. Pelo grafo, é possível identificar que os apoiadores de Bolsonaro estavam presentes na rede. Na imagem abaixo, a divisão entre seu cluster e o da oposição fica mais clara e ambos praticamente se igualam em tamanho.

 

Visualização de clusters em grafo gerado pelo software Gephi.

 

 


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