Eleições 2022
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18 de agosto de 2022
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13:49

Gaúcho que defendeu golpe em grupo de empresários foi acusado de coação em 2018

Por
Sul 21
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Proprietário do grupo Sierra Móveis está em grupo de empresários que defende a realização de um novo golpe de estado no Brasil | Foto: Divulgação/Google Maps
Proprietário do grupo Sierra Móveis está em grupo de empresários que defende a realização de um novo golpe de estado no Brasil | Foto: Divulgação/Google Maps

Reportagem do portal Metrópoles publicada nesta terça-feira (17) revelou que grandes empresários brasileiros mantêm um grupo em aplicativo de mensagens em que defendem abertamente um golpe de Estado para o caso de o ex-presidente Lula (PT) vencer as eleições de outubro. Entre os empresários que fazem parte do grupo está o gaúcho André Tissot, do grupo Sierra Móveis, especializado na venda de móveis de luxo e sediado em Gramado (RS).

A reportagem revela que uma das discussões sobre um possível golpe ocorreu no dia 31 de julho, quando o empresário José Koury, proprietário do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, defendeu abertamente uma nova ditadura. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, declarou, segundo o Metrópoles.

A discussão teve as respostas de vários empresários, entre eles Tissot, que defendeu que um golpe já deveria inclusive ter ocorrido. “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, publicou, segundo a reportagem.

Em 2018, o grupo Sierra Móveis foi denunciado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por tentativa de coação eleitoral após enviar uma carta aos funcionárias manifestando preocupação com o rumo da eleição presidencial e elencando motivos para votar em Jair Bolsonaro.

“Meu voto é Bolsonaro – 17 e explico porque: Ele não tem medo de dizer o que pensa, protege os princípios da família, da moral e dos bons costumes. Luta contra o aborto e a sexualização infantil é a favor da redução da maioridade penal e segue os valores cristãos. Preservação da família, garantia de crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil, garantia de ordem e progresso, garantia da propriedade, país sem corrupção, volta do investimento, aumento dos empregos, melhora do ambiente de negócios, entende quem faz o Brasil ir pra frente, trabalhará com os empresários e trabalhadores por um país melhor, liberdade para governar o país, pois não tem acerto com partidos políticos”, diz a carta.

Na mesma mensagem, o empresário também apresentou motivos para não votar na esquerda. “Fim da família, desestruturação das empresas brasileiras públicas ou privadas, corrupção demonstrada na Lava Jato e aumento da corrupção, pior crise econômica que o Brasil ja teve e ainda não passou, agravamento da crise econômica, volta da equipe econômica que destruiu o país, aumento do desemprego (já são 13 milhões de desempregados), aumento da criminalidade, falta de planejamento para o país, transformação do Brasil em uma Venezuela, em nenhum país a esquerda deu certo, exemplo: Venezuela, Cuba, Leste Europeu”.

Ele finalizou a carta dizendo que assumia o compromisso de não cortar o 13º salário e as férias dos funcionários e com os dizeres: “Confiem em mim”.

O MPT considerou que o teor da carta indicaria que um voto contrário à posição apresentada por Tissot implicaria em prejuízos para o país, a empresa e ao próprio empregado.

Em decisão liminar do 5 de outubro de 2018, a Justiça acatou a denúncia do MPT determinou que o grupo Sierra Móveis tinha 24 horas para divulgar um novo comunicado por escrito aos funcionários informando que eles tinham o direito de escolher livremente os seus candidatos e informando sobre a ilegalidade “de se realizar campanha pró ou contra determinado candidato, coagindo, intimidando, admoestando ou influenciando o voto de seus empregados, com abuso de poder diretivo”.

Em sua reportagem, o Metrópoles apontou que José Koury também sugeriu, no mesmo grupo de empresários, que fosse pago um bônus aos funcionários que votassem conforme os interesses das empresas. Ele foi alertado pelo empresário Marco Aurélio Raymundo, proprietário da rede Mormaii, de que a prática poderia ser ilegal. “Acho que seria compra de votos… complicado”.

Ainda assim, Koury comentou posteriormente, segundo o Metrópoles, que comprou “milhares de bandeirinhas” para distribuir em seu shopping a partir de setembro.


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