Política
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14 de novembro de 2022
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18:45

Em carta, ex-presidentes defendem nova Unasul para enfrentamento de desafios comuns

Por
Sul 21
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Foto: Agência de Notícias Andes
Foto: Agência de Notícias Andes

Ex-presidentes e ex-ministros de Estado de diversos países da América do Sul vão entregar nesta semana ao presidente eleito Lula e ao presidente do Chile, Gabriel Boric, uma carta em que defendem a adoção de um novo modelo de atuação coletiva para os países do bloco. A carta, que tem o ex-governador Tarso Genro como um de seus articuladores, destaca que o continente tem grandes desafios no horizonte, como transformações da economia global, o impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho e os impactos da pandemia da covid-19.

Entre as diretrizes apresentadas pelos signatários da carta, estão a necessidade de reorganização dos organismos institucionais do bloco para tornar suas atuações mais abrangentes e efetivas e a atualização de normas e regras para adequá-las ao novo momento. A ideia é que haja articulação para assuntos de interesse comercial, econômico, político, sanitário e na área de infraestrutura.

A carta defende a reorganização da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) com base em quatro pilares: garantir o pluralismo e sua projeção além das afinidades ideológicas e políticas dos governos em exercício; substituir a regra do consenso, que acaba tendo um efeito paralisante, por um sistema de tomada de decisão com quóruns diferentes, dependendo das questões a serem resolvidas; incorporar novos atores para complementar os esforços dos governos e parlamentos; priorizar a implementação de uma agenda de questões prioritárias.

Entre as questões que devem constar nesta agenda prioritária, estão a necessidade de elaboração de um plano de autossuficiência sanitária para produção e compra conjunta de vacinas e insumos essenciais à saúde; a elaboração de acordos para facilitar uma imigração ordenada; um programa integrado para enfrentar a mudança climática em conformidade com os Acordos de Paris; obras prioritárias de conectividade rodoviária, ferroviária e energética; a recuperação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a região e o fortalecimento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF); medidas que favoreçam a cooperação entre empresas da região; políticas conjuntas para regular a ação dos grandes monopólios tecnológicos, entre outros temas.

“Com somente 8% da população mundial, América Latina registra mais de um quarto das vítimas de COVID-19, vive uma recessão duplamente mais profunda que da economia mundial, e viu aumentar em cerca de 50 milhões o número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Primam na região a fragilidade das estruturas produtivas, a acentuação da dependência em um número reduzido de produtos primários, o enfraquecimento da instituições democráticas e a fragmentação política que impede de levantar uma voz comum frente aos assuntos globais. A recente ‘Cúpula das Américas’ mostrou de forma crua a ausência de uma posição comum de nossos governantes, a ponto de que o centro da discussão foi ocupado por exclusões e ausências”, diz o documento.

A carta aos presidentes é fruto de vários encontros internacionais promovidos pelo Instituto Novos Paradigmas (INP) em parceria com a Fundação Chile 21, que tem entre os seus diretores tem Carlos Ominami, ex-ministro da Economia do Chile e outro coordenador das atividades.

“Não há questão local que, de alguma forma, não seja também uma questão regional e global”, diz Tarso, presidente do INP e ex-ministro da Educação e da Justiça.

Para além de Lula e Boric, a carta será posteriormente entregue aos presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luis Arce (Bolívia), Guillermo Lasso (Equador), Gustavo Petro (Colômbia), Irfaan Ali (Guiana), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Pedro Castillo (Peru), Luis Lacalle Pou (Uruguai), Chan Santokhi (Suriname) e Nicolás Maduro (Venezuela).

Assinam a carta os ex-presidentes Dilma Rousseff, Michelle Bachelet (Chile), Rafael Correa (Equador), Eduardo Duhalde (Argentina), Ricardo Lagos (Chile), José Mujica (Uruguai), Ernesto Samper (Colombia), bem como ex-ministros de Estado, ex-chanceleres, parlamentares e ex-dirigentes de universidades e organismos internacionais.


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