Meio Ambiente
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4 de janeiro de 2023
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18:54

‘Boiadas passaram onde deveriam passar políticas de proteção ambiental’, diz Marina

Por
Duda Romagna
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Marina Silva em seu discurso de posse ao voltar para o Ministério do Meio Ambiente. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Marina Silva em seu discurso de posse ao voltar para o Ministério do Meio Ambiente. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Na tarde dessa quarta-feira (4), no Salão Nobre do Palácio do Planalto, ocorreu a cerimônia de transmissão de cargo de ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima à Marina Silva (Rede). “É uma alegria que tenho sem desconhecer o peso da responsabilidade dessa tarefa, sobretudo nesse momento da história de nosso País. A presença de todos vocês é a demonstração de que essa tarefa não é minha, é de um povo, é de uma sociedade, é de uma visão política que agora se coloca à altura do desafio que o mundo exige de nós e da condição que o Brasil tem de responder a esse desafio”, discursou.

Marina parabenizou a resistência de todos os servidores públicos de órgãos de fiscalização ambiental, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro (PL). Ricardo Galvão, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que foi demitido por criticar o negacionismo do antigo governo, estava presente no evento.

“O que vivemos nesses anos que se passaram foi um completo desrespeito com o patrimônio ambiental brasileiro. Povos indígenas e quilombolas sofreram a invasão de suas terras e territórios. Nossas unidades de conservação foram atacadas por pessoas que se sentiam autorizadas pelo mais alto escalão do governo. Boiadas se passaram no lugar onde deveriam apenas passar políticas de proteção ambiental”, declarou a ministra, referindo-se à fala do ex-ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles. “O estrago não foi maior porque as organizações da sociedade, os servidores públicos e vários parlamentares se colocaram a frente de todo esse processo de desmonte”, completou.

Com a presença de representantes de populações tradicionais e povos indígenas, a ministra relembrou a memória de mártires da luta pela preservação ambiental. “Desmatamento descontrolado, terras indígenas e unidades de conservação a mercê do crime ambiental, lideranças ambientalistas, indígenas e tradicionais sendo assassinadas, a morte cruel do indigenista e servidor público Bruno Pereira junto do jornalista britânico Dom Phillips e do líder indígena Janildo Oliveira Guajajara, representando centenas de outros aos quais quero fazer a minha homenagem, infelizmente são símbolos tristes desse período recente”, disse.

Em vista das prioridades do novo governo, o ministério passa a incluir Mudanças Climática no nome. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A ministra discorreu sobre a necessidade de retomada dos objetivos firmados no acordo de Paris, que sofreram retrocessos principalmente com o aumento de emissões decorrentes do desmatamento, e anunciou a recriação da Secretaria Nacional de Mudança Climática, que havia sido extinta.

Até março deste ano, será formalizada a criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente. Além da criação de um conselho sobre mudança do clima, a ser comandado pelo próprio Presidente da República e com a participação de todos os ministérios, da sociedade civil, dos estados e municípios. “O conselho será o loco central da concertação e pactuação das políticas brasileiras sobre mudança do clima, e vai além da esfera federal”, completou.

Ainda sobre as ações do Ministério para o início do governo, disse que o plano é “recuperar, fortalecer e criar arcabouço institucional em prol de uma governança climática robusta e articulada, de forma a tratar o tema com a necessária transversalidade, com a participação de todas as instâncias governamentais, na esfera federal, estadual e municipal, bem como de representantes de toda sociedade brasileira, do setor produtivo, acadêmico, científico, da sociedade civil, das nossas populações tradicionais”.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também enfatizou a necessidade de integração entre os órgãos do governo para que objetivos de sustentabilidade sejam alcançados em conjunto. “A Casa Civil da Presidência da República se expressará todos os dias garantindo que o meio ambiente seja visto de forma transversal em todos os ministérios da República”, declarou.

Já a titular do Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves, saudou a presença de lideranças femininas no alto escalão do governo, como Marina. “É motivo de orgulho compor ministérios do presidente Lula junto com essa mulher de garra e junto às outras nove mulheres. Nosso papel é garantir que as mulheres estejam na centralidade da política pública”, disse.


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