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20 de outubro de 2022
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14:07

Indígenas kaingang e xokleng fazem retomada no Morro Santana, em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Indígenas iniciaram retomada na noite do dia 18 de outubro (Foto: Alass Derivas/Deriva Jornalismo)
Indígenas iniciaram retomada na noite do dia 18 de outubro (Foto: Alass Derivas/Deriva Jornalismo)

Dezenas de indígenas dos povos kaingang e xokleng realizaram, na noite de terça-feira (18), uma ação de retomada em uma área localizada no Morro Santana, em Porto Alegre. Segundo os kaingang, o Morro Santana é um território sagrado por conta de seus antepassados que foram enterrados ali há gerações, das casas subterrâneas construídas nesta área e de outras marcas da presença indígena ali.

As comunidades kaingang do Morro Santana assinalam que há décadas vêm denunciando as constantes ameaças de destruição de seu território sagrado, na forma de condomínios, pedreiras, incêndios e ampliação de avenidas. As araucárias, espécie sagrada para a cultura kaingang, foram derrubadas e, em seu lugar, foram introduzidas espécies exóticas, como pinus e eucalipto.

Ainda segundo os organizadores da retomada, a área está sem função social há mais de 40 anos. Nos anos 1970, a chácara integrava o complexo de pedreiras do Morro Santana. Com a desativação da pedreira e a falência da mineradora de José Asmuz, em 1981, o imóvel foi hipotecado ao Banco Maisonnave e hoje é propriedade da Maisonnave Companhia de Participações, que planeja construir um condomínio no local, afirmam as lideranças dos povos indígenas. O projeto de loteamento, acrescentam, prevê a construção de 11 torres de 714 apartamentos e 865 vagas de estacionamentos, o que traria grandes impactos ambientais. A área fazia parte de uma Área de Preservação Permanente (APP), porém sofreu um ajuste de limites e passou a ser considerada “área de ocupação intensiva”, o que autoriza construções no local.

O Morro Santana é um território rico em biodiversidade, localizado entre os biomas Pampa e Mata Atlântica, contando com uma grande variedade de plantas e animais. Além disso, é o ponto mais alto da capital gaúcha, com 311 metros, e dele partem importantes nascentes do Arroio Dilúvio. Por milhares de anos, a região foi um território indígena, até a chegada dos primeiros colonizadores e a fundação da “Sesmaria de Sant’anna”, lembram ainda os organizadores da retomada.

Com informações do site Teia dos Povos


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