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25 de novembro de 2021
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19:08

Revitalização do Cais prevê construção de 9 torres e derrubada parcial do Muro da Mauá

Por
Luís Gomes
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Projeto apresentado pelo governo do Estado traz previsão de construção de nove torres na área das docas do Cais Mauá | Foto: Reprodução
Projeto apresentado pelo governo do Estado traz previsão de construção de nove torres na área das docas do Cais Mauá | Foto: Reprodução

O governo do Estado apresentou nesta quinta-feira (25) o projeto elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a revitalização do Cais Mauá. Pela apresentação, o projeto prevê a alienação da área das docas, onde poderão ser construídas nove torres comerciais e residenciais, a revitalização dos armazéns e a derrubada parcial do Muro da Mauá.

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Responsável por fazer a apresentação do projeto, o chefe de Departamento de Estruturação de Projetos Imobiliários do BNDES, Osmar Lima, explicou que o Masterplan do Cais Mauá foi elaborado por um consórcio de empresas, que incluiu escritórios de arquitetura e empresas responsáveis pela assessoria técnica nas áreas jurídica, ambiental, de investimentos e parcerias público privadas.

O projeto começou a ser elaborado em maio passado e a previsão é de que a fase de estudos técnicos se estenda até o início de 2022. Para março do ano que vem, estão previstas consulta e audiência pública. O governo espera lançar o edital de concessão e alienação da área em maio, com o leilão sendo realizado em junho e a assinatura do contrato previsto para o mês de agosto. Segundo Osmar, foram realizados sete workshops entre os meses de junho e julho para a discussão do projeto, dos quais participaram 235 pessoas, representantes de entidades da sociedade civil.

A proposta do BNDES é que o setor das Docas do Cais Mauá seja alienado para a iniciativa privada e que o restante da da área do Cais seja explorada por meio de concessão, com o Estado permanecendo proprietário. O projeto prevê também a remoção parcial do muro da Mauá, do início dos armazéns até o início do Trensurb, nas proximidades do Mercado Público. Para compensar a retirada do muro, pensado originalmente como proteção para enchentes, a ideia é que o piso ao longa da orla seja elevado em 1,5 metros, com a construção de uma escadaria. Além disso, a ideia é adotar um sistema de proteção junto às paredes externas do Cais que poderia ser acionado em caso de ameaça de enchente do Guaíba.

Segundo Osmar Lima, a retirada do Muro da Mauá facilitaria a integração da cidade com o Cais Mauá. Para também facilitar essa integração, três pontos da Av. Mauá seriam convertidos em áreas de passagem, com a substituição do asfalto por paralelepípedo e demarcação visual para facilitar o tráfego de pedestres. Junto à área do Trensurb, onde o muro permaneceria, a ideia seria melhorar a passagem subterrânea entre o Cais e o restante do Centro.

Pelo Masterplan, a área do Cais, que se estende por 3,3 km na orla e totaliza 180 mil m², será dividida em quatro setores: Setor 2C – Docas, Setor 2B – Armazéns (do B3 ao A3), Setor 2A – Armazéns (do A4 ao A6) e Setor 01 – Gasômetro (do Armazém A7 até o terreno ao lado da Usina).

O projeto diz que o setor Gasômetro será destinado para “lazer, deleite e contemplação”, prevendo que a área ao lado do Gasômetro seja transformada em Praça do Cais. Ao lado, uma área será destinada para esportes náuticos, sendo seguido pela “Praça das Águas”, uma área onde seriam colocados espelhos d’água e fontes. Na área do armazém A7, onde hoje está a estrutura temporária do Cais Embarcadero, a ideia é que permaneça destinado para a gastronomia, mas que, ao lado, seja construído um prédio de serviços, onde seriam implementados serviços de educação, escola náutica, comércio, bares e gastronomia. Responsável por essa parte da apresentação, Renato Dal Pian, arquiteto do escritório Dal Pian, que participou do consórcio do BNDES, evitou usar o termo shopping para se referir ao local. No projeto anterior de revitalização do Cais Mauá, cujo consórcio responsável teve o contrato rompido por falta de viabilidade financeira para fazer as obras, a proposta previa a construção de um shopping nesse local. O Masterplan atual ainda prevê um estacionamento ao lado dessa estrutura.

Projeção elaborada para a área do Gasômetro e dos armazéns

No primeiro de setor de armazéns, a ideia é de que os armazéns A5 e A6 contemplem um centro gastronômico, de comércio e de entretenimento, e os armazéns A3 e A4 sejam voltados para receber eventos culturais, como feiras e bienais de literatura, artes visuais e música.

Já no segundo setor de armazéns, a previsão de que o A1 e o A2 sejam destinados para a instalação de um centro de economia criativa, com empresas de tecnologia, coworking e oficinas criativas. Entre os armazéns A2 e A3, a proposta é implementar a “Praça dos Guindastes”, com preservação das antigas estruturas portuárias. Na área do Pórtico Central, a previsão é de uma mais uma área voltada para gastronomia, artes, cultura, comércio e turismo. Os demais armazéns incluem a previsão de ocupação atividades de alimentação e conveniência, moradia de curta duração e serviços, como um terminal hidroviário.

Dal Pian afirmou que a ideia do Masterplan é preservar e restaurar as estruturas metálicas dos armazéns, bem como as coberturas, mas permitir a inserção de estruturas independentes que respeitem o existente e sejam adequadas ao novo uso. “O que preserva a arquitetura é o uso”, disse.

Já no quarto setor, das Docas, que será alienado, o projeto prevê que podem ser construídas até nove torres, sendo seis edifícios residenciais com comércio no térreo, dois edifícios corporativos e um hotel, com a antiga estrutura do frigorífico que existia no último trecho do Cais sendo transformada em centro cultural, museu ou espaços de uso múltiplo.

Osmar Lima, do BNDES, frisou que o Masterplan traz um projeto conceitual para essa área das Docas, com o empreendedor que adquirir a área tendo liberdade para fazer mudanças, desde que respeitando as regramento urbano da Prefeitura para o local. Já Dal Pian destacou que a proposta é que 70% da área das Docas tenha uso residencial e 30% uso comercial. “Para não ter movimentos pendulares, precisa ter gente”, disse Dal Pian, ao fazer a defesa da construção de edificações residenciais na área do Cais.

Na apresentação, o BNDES informou que os recursos da alienação do setor das Docas serão reinvestidos na revitalização dos demais setores. Contudo, não deixou claro se uma empresa será responsável por todos os setores ou se o próprio Estado utilizará esses recursos para promover a revitalização por meio de parceria público-privada. A exploração comercial dos setores de armazéns e da área ao lado do Gasômetro será feita por meio de concessões.

O governo prevê que todo o projeto seja realizado entre 10 e 14 anos, com os setores de armazéns e do Gasômetro sendo desenvolvidos em cinco anos. A projeção é de investimento de R$ 1,3 bilhão ao longo de 15 anos e R$ 300 milhões nos primeiros cinco anos. O governo acredita que as obras poderão gerar 45 mil empregos diretos e outros cinco indiretos durante a obras, com 4 mil empregos permanentes sendo gerados após a revitalização. A expectativa é de que 15 mil pessoas poderão visitar a área do Cais no futuro.


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