Geral
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8 de agosto de 2021
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13:41

Em vídeo, amiga de kaingang morta denuncia: ‘vivemos um sistema machista, brutal e assassino’

Por
Marco Weissheimer
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O depoimento de Milena Jynhpó foi publicado pela mãe dela, a professora Regina Emilio. (Reprodução/Facebook)
O depoimento de Milena Jynhpó foi publicado pela mãe dela, a professora Regina Emilio. (Reprodução/Facebook)

Uma amiga da jovem indígena kaingang, Daiane Griá Sales, encontrada morta com o corpo dilacerado, na semana passada, na Terra Indígena Guarita, noroeste do Rio Grande do Sul, gravou um depoimento em vídeo para manifestar sua indignação com o ocorrido e pedir providências. Amiga de Daiane, Milena Jynhpó diz que, assim como Daiane teve, tem sonhos e teme pela própria vida. “Diariamente vivemos um sistema machista, cruel, brutal e assassino”, diz Milena que cobra políticas públicas para proteger a vida das mulheres indígenas. 

O vídeo foi postado pela mãe de Milena, a professora Regina Goj Tej Emilio, kaingang que vive na Terra Indígena Guarita. “Esperamos que o caso da Daiane não fique impune e que evite que outras de nós percamos nossas vidas”, disse Regina Emilio ao Sul21.

Regina fez questão de destacar que essa violência não é cultural. “Essa violência matou não somente Daiane, mas também uma parte de todos nós. Fecho meus olhos e como mãe imagino seu sofrimento, ouço seus gritos que em seguida foram silenciados. Foi um ato de crueldade e isso não faz parte da nossa cultura. Precisamos gritar por Daiane, precisamos de ajuda. Que o culpado seja punido e que se faça valer a Lei que rege nosso país!”, acrescentou.

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Nesta segunda-feira (9), o pai de Milena, Joel Ribeiro de Freitas, kaingang e vereador em Redentora, fará um pronunciamento na Câmara Municipal. Nesta semana também, mulheres kaingang devem divulgar um manifesto exigindo justiça por Daiane e por todas as vítimas de violência.

Confira abaixo a íntegra do depoimento de Milena Jynhpó:

“Eu, Milena Jynhpó, kaingang da Terra Indígena Guarita, demonstro minha total indignação e revolta pela morte da parente Daiane Griá Sales, minha amiga. Assim como Daiane teve, tenho sonhos e temo pela minha vida. Até quando teremos medo e insegurança em nossos territórios. Eu peço justiça e segurança para nós, meninas e mulheres que diariamente vivemos um sistema machista, cruel, brutal e assassino. Precisamos de ajuda. Estamos cansadas de ser invisíveis. Políticas públicas para proteger a vida de mulheres indígenas já! Daiane Griá Sales, presente!”


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