Geral
|
6 de abril de 2016
|
19:35

Comitê Carlos de Ré denuncia à AL reforma no prédio do Dopinha

Por
Sul 21
[email protected]
Foto do prédio que abrigou o Dopinha, em 2014 | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Foto do prédio que abrigou o Dopinha, em 2014 | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Marcado para virar um centro de memória dos crimes da ditadura militar ali realizados, o prédio conhecido como Dopinha, localizado na rua Santo Antônio, 600, em Porto Alegre, estaria passando por uma reforma. A denúncia foi feita na terça-feira (6) pelo coordenador do Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça, Raul Ellwanger, à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

O casarão foi publicamente identificado como centro de tortura em junho de 2011, através de uma ação do Comitê Carlos de Ré, que identifica locais onde houve violações aos direitos humanos na época da ditadura. Desde então, o movimento vem dialogando com os governos municipal, estadual e federal para levar adiante o projeto de criação do Memorial Ico Lisbôa – nome escolhido em homenagem ao militante político Luiz Eurico Tejera Lisbôa, assassinado pelo regime militar.

Em 2014, os proprietários do casarão do Dopinha desistiram de vender o local à iniciativa privada após reuniões com integrantes do Comitê Carlos De Ré. Sensíveis à causa, eles concordaram em vender o local ao poder público e disponibilizá-lo para a concretização do Memorial Ico Lisbôa. No entanto, até o momento a situação não foi solucionada.

Apesar de o processo estar parado, como o imóvel foi inventariado em 2013, não poderiam ocorrer reformas. Fotos apresentadas pelo coordenador do Comitê mostram a presença de retroescavadeiras, a demolição do anexo, e a construção de uma piscina no Dopinha.

O deputado Pedro Ruas (PSOL), que presidiu interinamente os trabalhos da Comissão, sugeriu que os parlamentares façam uma visita ao local. “O Dopinha é um sítio de memória e referência internacional. É um absurdo que estejam fazendo reformas no local, que pode até abrigar covas clandestinas de desaparecidos políticos”, destacou. A visita foi marcada para o dia 11 de abril.

Alugado clandestinamente pelo Exército em 1964, o local é considerado o primeiro centro de tortura construído para essa finalidade. O casarão operou até meados de 1966. Um dos torturados e mortos no casarão foi o sargento Manoel Raimundo Soares, que, depois de morto, teve seu corpo atirado no Rio Jacuí. Apesar de ter as mãos amarradas, o laudo emitido pelas autoridades da época apontava que a causa da morte era suicídio. O episódio ficou conhecido como Caso das Mãos Amarradas.

A desapropriação do prédio é reivindicada pelo Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça, que será também o responsável pela criação do memorial.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora