A perspectiva de que a Unisinos esteja fechando diversos cursos de pós-graduação tem agitado a comunidade acadêmica da instituição. Podem ser extintos cerca de 10 Programas de Pós-Graduação (PPG), incluindo História, Arquitetura, Psicologia, Economia, Enfermagem, Biologia, Comunicação, entre outros.
O perfil no Twitter do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade manifestou surpresa com a notícia. “É com muita tristeza e indignação que toda a comunidade da @Unisinos foi surpreendida há pouco com a extinção de vários cursos de pós-graduação e com o aviso de que outros devem ser extintos em breve.”
Procurada pela reportagem do Sul21, a Unisinos confirmou a informação, embora sem citar os programas que serão encerrados: “Para promover o equilíbrio financeiro da instituição e sua preparação para crescer de forma sustentável nos próximos anos, a Unisinos está adotando algumas ações que envolvem o início do processo de desativação de uma parte de seus programas de pós-graduação”, disse a universidade em nota.
Enquanto isso, um ato intitulado “Luto pela Ciência e pela Pesquisa” já está marcado para a próxima terça-feira (26), às 16h, em frente ao acesso 2 do Campus São Leopoldo.
A universidade garantiu que manterá a continuidade dos cursos em andamento até que todos os alunos concluam sua formação. No entanto, não informou sobre demissões de professores que integram os programas encerrados.
Nas justificativas para a decisão, a Unisinos argumenta que o contexto do ensino superior brasileiro mudou radicalmente ao longo dos últimos anos e que “houve significativa redução do número de matrículas, resultado da crise econômica do país, da redução expressiva de financiamento público para o ensino superior e da pandemia”.
Em nota, a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) se manifestou em solidariedade aos pesquisadores, docentes e discentes da universidade.
“A Diretoria da COMPÓS vem a público manifestar o seu veemente protesto contra o fechamento do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio Dos Sinos (Unisinos), um de seus programas associados. O motivo alegado pela gestão da universidade é o déficit financeiro. Lamentamos profundamente essa atitude institucional e nos solidarizamos com os colegas pesquisadores(as) – docentes e discentes -, que tanto dedicaram seu tempo e sua capacidade intelectual no desempenho de seu trabalho”, diz o comunicado.
A nota recorda que o PPG em Ciências da Comunicação da Unisinos, fundado em 1994, é uma referência histórica para a pesquisa em comunicação no Brasil, tendo formado centenas de pesquisadoras e pesquisadores de destaque no Brasil e no mundo.
“Até hoje, é destaque nacional e internacional com discentes e docentes. Seus grupos de pesquisa são parte de dezenas de projetos nacionais e internacionais, inclusive com financiamento – projetos esses, que serão encerrados com o fechamento do programa. Construir um programa deste porte – com tudo e todos que isso envolve – demora décadas. Para destruir, basta uma canetada.”, afirma a associação.
A entidade destaca que uma instituição como a Unisinos fechar um programa de pós-graduação de referência sem sofrer alguma consequência é “sintoma das políticas nefastas do governo deste país, incluindo de ciência e tecnologia, dos últimos anos”.
“É lamentável que tenhamos um momento histórico e político onde essas conquistas, que tomaram anos de trabalho e investimento do País, da instituição e dos participantes do programa, sejam simplesmente descartadas. É lamentável que pesquisas de impacto, em andamento, com investimento público, sejam, também, descontinuadas. É triste que discentes e docentes que investiram sonhos, trabalho e que contribuíram para o crescimento do País, sejam desconsiderados. É inaceitável que instituições se guiem por “planos estratégicos” contaminados pelas visões financista e de curto prazo e rompam unilateralmente com os compromissos históricos assumidos diante do Sistema Nacional de Pós-Graduação, da sociedade e do Estado brasileiros. O que resta a um País que não valoriza sua produção científica e os impactos dela?”, questiona a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação.
