Educação
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24 de novembro de 2021
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11:51

Após visitar 120 escolas em duas semanas, Cpers lista casos de sucateamento

Por
Sul 21
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Escola Visconde do Rio Grande, em Porto Alegre, está com quatro salas interditadas, segundo o levantamento | Foto: Imprensa CPERS
Escola Visconde do Rio Grande, em Porto Alegre, está com quatro salas interditadas, segundo o levantamento | Foto: Imprensa CPERS

O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) divulgou nesta terça-feira (23) um levantamento parcial da sua caravana pelo Estado, que já visitou cerca de 120 escolas estaduais desde que foi iniciada há duas semanas. Segundo o sindicato, a caravana tem deixado claro que falta o básico em muitas escolas da rede e que foram encontrados casos em que aulas são ministradas na penumbra, prédios em que o teto está prestes a desabar, com risco de curto circuito, muros desabando, mofo, infiltrações e insegurança.

Desde o dia 10 de novembro, os dirigentes do sindicato estiveram em mais de 30 cidades das 9 regiões do Estado, fiscalizando a situação de cerca de 120 escolas. A caravana se encerra nesta sexta (26).

Para o Cpers, a realidade encontrada deixa claro que inúmeras escolas não possuem as condições mínimas para o retorno presencial obrigatório, determinado pelo governador Eduardo Leite para vigorar desde 8 de novembro. Além disso, direções estariam aflitas diante da morosidade do Executivo frente às obras emergenciais que sequer teriam data para iniciar e reformas urgentes que estão paradas há anos.

Presidente do sindicato, Helenir Aguiar Schüre afirma que a situação evidencia a negligência do governo estadual. “Estamos percorrendo o Estado junto à nossa base para provar ao governador e à Seduc que o mundo de fantasia deles não é real. As escolas estão sucateadas e nossos salários defasados. A gestão Eduardo Leite não avança, ela retrocede. A educação não pode mais esperar”, afirma Helenir.

O sindicato fez uma listagem de problemas identificados em escolas visitadas até o momento. Confira a seguir:

Porto Alegre

– EEEF Luiz de Azambuja Soares: Problemas na rede elétrica, muro com risco de desabamento e paredes com infiltrações.

– EEEF Dr. José Carlos Ferreira: Prédio com risco de desabamento, infiltrações nas paredes, risco de desabamento da fachada, falta de funcionários para a limpeza e não há vice direção. Vistoria e licitação feitas em 2019. A obra foi orçada em R$ 120 mil e segue no setor de obras do governo.

– EEEF Onofre Pires: Escola tinha 60% de Difícil e o governo retirou. Para chegar na escola o ônibus para longe e não há segurança.

– EEEF Imperatriz Leopoldina: Sob ameaça de fechamento desde 2019, ano em que foi excluído o turno da manhã. Recentemente a instituição foi avisada pela secretária estadual de educação, Raquel Teixeira sobre a possibilidade de o terreno da escola ser vendido para uma instituição privada de ensino.

– EEEF Nossa Senhora da Conceição: Foi arrombada quatro vezes. Somente neste ano foram 12 arrombamentos. No último, levaram até o portão. Em junho, roubaram parte da fiação e desde então a instituição está sem luz. Os alunos estão tendo aula na penumbra. Não há merenda, pois roubaram a válvula de gás.

– EEEM Visconde do Rio Grande: Não há luz elétrica. Fios de cobre e disjuntores foram roubados. Quatro salas de aulas estão interditadas, telhado está quebrado e há infiltrações.

– EEF Santa Rita de Cássia: Fiação elétrica que foi furtada. A instituição segue com aulas remotas, entrega e devolutivas de atividades impressas.

– EEEF Venezuela: Telhado quebrado, infiltrações e vazamentos causam mofo e rachaduras nas paredes. Há 12 salas interditadas. O auditório abriga duas turmas. Por falta de espaço adequado, os livros ficam no corredor. Salas pequenas impedem o distanciamento e faltam funcionários para fazer a merenda. Para os reparos, o orçamento gira em torno de R$ 100 mil. A escola aguarda há um ano e meio o retorno da Secretaria de Obras.

– ETE José Feijó: Há apenas uma funcionária para limpeza dos ambientes.

– EEEF Júlio Brunelli: Funcionários insuficientes para garantir a limpeza dos ambientes.

– EEEM Mariz e Barros: Funcionários insuficientes para garantir a limpeza dos ambientes.

Uruguaiana

– EEEF Hermeto José Pinto Bermudez: Está há um ano sem luz. O quarto projeto elaborado pela Secretaria de Obras do Estado ser rejeitado.

– EEEF Flores da Cunha: Interditada, a escola aguarda há dois anos a entrega da obra de sua sede que teve um princípio de incêndio em 2019. Atualmente, atende nas dependências de outra instituição, a EEEM Dr. João Fagundes.

Montenegro

– Colégio Doutor Paulo Ribeiro Campos: Há dois anos sem energia elétrica, consequência de cinco invasões. São 13 salas de aula, o laboratório de informática, o refeitório e a biblioteca sem luz, impedindo o retorno presencial às aulas.

– EEEF Tanac: Um amplo espaço que poderia abrigar o 8º e 9º ano está totalmente comprometido, principalmente o chão que possui enormes buracos, rachaduras extensas e desnível. Caíram os azulejos das paredes e das pias dos banheiros e do refeitório. Uma das escadas de acesso à instituição está desmoronando.

– EET São João Batista: Falta professor de Espanhol desde o início do ano letivo e de Matemática para as aulas do programa Aprende Mais.

Sala de aula tomada pelo mofo na escola São João Batista | Foto: Imprensa CPERS

– EEEF Delfina Diaz Ferraz: A cerca de ferro está caída há vários anos, o refeitório e a cozinha, que fica no porão, estão em péssimas condições.

– EEEF Adelaide de Sá Brito: O muro caiu e até hoje não houve retorno sobre o conserto. Número insuficiente de funcionários(as) para fazer a limpeza dos ambientes. No momento, apenas uma profissional, que é cedida de outra escola, faz a higienização.

Muitos Capões

– EEEM D. Frei Vital de Oliveira: Há dois anos, a escola espera pela reforma do telhado. Quatro salas de aula estão interditadas.

Santa Maria

– CE Coronel Pilar: Problemas no sistema de distribuição de energia elétrica. Não há como ligar ventilador e ar condicionado. Goteiras causam infiltração e umidade, que geram mofo pelas paredes. Quando chove, os alunos têm aulas na biblioteca e em outros espaços.

– IE Olavo Bilac: No ano passado, o local sofreu cinco arrombamentos. Falta de funcionários para a limpeza e merendeira.

Viamão

– EEEF Carlos Chagas: Sofre ameaça de municipalização.

São Leopoldo

– EEEM Olindo Flores da Silva: Alagamento das salas e do pátio instituição. Portas, armários e demais estruturas estão danificados por conta da água que entra em toda a escola. Desde 2019, a biblioteca está fechada devido à falta de bibliotecário. A instituição possui um extenso terreno que anteriormente abrigava as quadras de esporte. Atualmente o local está coberto de mato e com a pouca estrutura que possuía deteriorada.

– EEEF Pedro Schuler: O teto da cozinha, do refeitório e do laboratório de informática está completamente comprometido, ameaçando desabar.

Teto da escola Pedro Schuler está ameaçado de desabar | Foto: Imprensa CPERS

Guaíba

– EEEF Nossa Senhora do Livramento: Há quase seis anos está com obras inacabadas. A instituição pegou fogo em 22 de dezembro de 2016 e a construção do novo prédio, iniciada em fevereiro de 2018, foi interrompida em setembro do mesmo ano, por falta de pagamento da Seduc à empresa contratada. Para suprir a demanda, foi improvisada uma sala de aula no refeitório da instituição.

– EEEM Izaura Ibanez Paiva: A escola possui dois prédios distintos, atende a 480 alunos, mas tem somente dois banheiros em um dos prédios. A escola também perdeu o adicional de local de exercício, de 20% para 5%, sendo que o ônibus na região circula somente até às 20h e as aulas noturnas vão até às 22h45, além das brigas de gangues com tiroteios que são frequentes no bairro.

– IEE Gomes Jardim: Aguarda há 10 anos pela cobertura da quadra de esportes.

Escola Izaura Ibanez Paiva tem dois banheiros para 480 alunos | Foto: Imprensa CPERS

Santa Cruz

– EEEF Bruno Agnes: Muro da instituição está condenado há mais de dois anos. Um dos prédios, a brizoleta, está deteriorada e ameaça desmoronar.

– EEEM José Mânica: Em 2012, o prédio que abrigava as salas de aula teve que ser demolido por rachaduras profundas que comprometiam sua estrutura. No ano seguinte, quatro contêineres foram transformados em salas de aula. A estrutura é muito frágil e as paredes são de gesso acartonado. O refeitório da escola está improvisado em um outro contêiner, alugado em 2016. Os contêiner tinham validade até 2018, mas já se passaram três anos e nada foi feito. A cada ano, o prédio vai entortando e cedendo. Das sete salas, três tiveram que ser ocupadas para abrigar a sala de recursos, biblioteca, informática, supervisão e orientação. Destas, apenas quatro são, de fato, salas de aula.

Taquara

– EEEM Dirceu Marilio Martins: Aguarda troca da fiação elétrica, que possui 40 anos, conserto no telhado e está sem supervisor escolar há dois anos, sem orientador e bibliotecário.

– EEEM Felipe Marx: Um dos prédios está com a estrutura totalmente comprometida. As seis salas do local estão interditadas, pois há extensas rachaduras que chegam a expor as vigas e o piso das salas de aula está afundando. Desde 2015, a escola aguarda a vistoria da Seduc.

– EEEM Willibaldo Bernardo Samrsla-CIEP: A caixa d’água há anos ameaça despencar.

Três Passos

-IEE Fagundes Varela: Goteiras, buracos no telhado e mofo nas paredes.

Tapera

– EEEM Dionísio Lothário Chassot: Há mais de dez anos, a instituição aguarda pela reforma elétrica geral.

Santana do Livramento

– EEEM Dr. Hector Acosta: Quatro das maiores salas de aula estão interditadas há três anos devido a infiltração e problemas elétricos.

– EEEM Professor Chaves: Teve o turno da manhã fechado.

Rosário do Sul

EEEM Plácido de Castro: Muro está desabando.

Escola Hector Acorsta está com três salas interditadas há três anos | Foto: Imprensa CPERS

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