Lula Pelo RS|z_Areazero
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25 de março de 2018
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13:45

Em SC, Lula criticas fascistas, promete voltar a Passo Fundo e acaba o dia ‘escoltado pelo povo’

Por
Luís Gomes
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Lula terminou o dia nos braços de seus apoiadores em Chapecó | Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Da Redação

Talvez animados por conseguirem barrar a visita da Caravana de Lula à cidade de Passo Fundos, manifestantes contrários ao ex-presidente tentaram repetir a dose neste sábado (24) em Santa Catarina, especialmente em Chapecó, mas acabaram tendo que ver ele realizar um ato para milhares de pessoas no oeste catarinense e terminar o dia escoltado pelos apoiadores em um corredor do palco até o seu hotel na cidade.

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No primeiro ato realizado no estado, Lula se encontrou com reitores de universidades e institutos federais em Florianópolis para falar sobre educação. Contudo, aproveitou o evento para criticar os manifestantes, a quem chamou de fascistas, que impediram sua entrada na cidade de Passo Fundo na sexta-feira (23). “Eles bloquearam a estrada e não quiseram que eu chegasse à cidade. Mas eu sou tinhoso e vou voltar lá”, disse.

Ao longo do dia, Lula pregou a paz contra os adversários, mas também disse que é preciso reagir | Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Ele avaliou que a extrema-direita vem crescendo no Brasil sem que houvesse uma reação crítica, o que resultou na agressividade demonstrada contra a caravana, o que o ex-presidente disse nunca ter visto antes. “Nós fomos anestesiados e não fomos reagindo. Fomos deixando acontecer. E eles foram crescendo a ponto de hoje virem fazer protesto, coisa que eu nunca vi em 50 anos de política foi um bando de fascistas tente evitar que alguém faça um comício. Eles podiam fazer comício em outra praça, outra data que o PT não vai encher o saco de ninguém”, afirmou.

Contudo, Lula disse que é preciso reagir e combater o crescimento do ódio. “Nós precisamos aprender a ficar indignados. A sociedade brasileira está anestesiada desde aquela manifestação de 2013. A Copa foi transformada em ódio. A conquista de fazer Olimpíada, que foi uma das coisas mais emocionantes da minha vida, também foi transformada em ódio”, disse. “A gente precisa voltar a falar grosso. A gente não pode mais ser apequenado, com complexo de vira lata, tomando bronca de qualquer um. Esses dias um cara do Banco Mundial disse que o salário mínimo no Brasil é muito alto. Quem é ele para falar do Brasil? Vamos trabalhar para dar o direito de o brasileiro recuperar a autoestima deste país, ser feliz, sonhar e ter esperança”, complementou.

Lula fpi recebido por mulheres de pessoas no Largo da Alfândega, em Florianópolis | Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

‘Vai ser um ano duro’

Após o encontro com reitores, Lula se deslocou para o Largo da Alfândega, no centro da capital catarinense, onde foi recebido para milhares de pessoas. Ali, manteve o tom de crítica aos manifestantes contrários, pregou paz, mas voltou a ressaltar que é preciso reagir. “Vocês se preparem que este ano vai ser um ano duro. Tem gente organizado como se fossem paramilitares. Eu queria dizer que a gente é da paz. É só olhar para a cara de vocês. Nós somos da paz, mas se derem um tapa na nossa cara a gente não vai virar do outro lado. A gente vai retribuir até eles aprenderem a viver democraticamente”, disse.

Lula, que tem evitado falar diretamente do processo do tripléx e de seu processo na justiça, também voltou a afirmar que está sendo vítima de uma perseguição política baseada em mentiras. “Eu aprendi com pai e mãe a ter caráter e a ter honra. Eles estão mexendo com um político que tem honra. Eles estão acostumados a mexer com políticos que se escondem, mas eu vou lutar e vou provar que eles estão errados e se estão errados não podem estar onde estão”, disse. “Eles não admitem o Obama ter me chamado de “o cara”, logo eu que não falava inglês, logo eu que não tinha diploma universitário. Eles não suportam o fato de eu ser o brasileiro com mais títulos Honoris Causa. Eles não suportam o fato de nós termos feito pela primeira vez o pobre ter subido um degrau na escada da senzala.

Lula ergue bandeira do MST durante ato em Chapecó | Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Chapecó

Após deixar Florianópolis, o ex-presidente se deslocou de avião para Chapecó, onde chegou a noite. Durante a tarde, porém, um grande contingente de pessoas já se mobilizava na cidade e um grupo de manifestantes contrários, na expectativa de repetir Passo Fundo, tentava impedir a realização do ato, tocando ovos, pedras e outros artefatos nos apoiadores de Lula. Além disso, um grupo tentou soltar rojões na cabeceira da pista de pouso do aeroporto local para tentar impedir a descida da aeronave.

Lula também falou para multidão em Chapecó | Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Diante desse cenário, Lula mais uma vez condenou os ataques contra sua caravana. “Esses herdeiros políticos do fascismo não conseguem juntar gente para fazer comício e querem impedir que as pessoas façam debate. E o que é mais grave, se tivessem passado fome uma vez na vida, estariam comendo ovo ao invés de tacar ovo”, disse. “Nunca fui proibido de sair do hotel e hoje fui proibido. É como se quisessem impedir o melhor da seleção jogar, se querem ganhar, disputem as eleições.

O ex-presidente também ironizou os adversários que tentaram soltar rojões na cabeceira da pista de pouso por onde cegou na cidade e que continuavam a fazer barulho durante o ato. “Eu nunca tive direito de ter um rojão na minha campanha, agora estou percebendo que a oposição está soltando rojão em minha homenagem. Eu to feliz porque nunca tive tanto rojão na minha vida. Acho bom guardarem rojão para soltarem na minha vitória”, disse.

Lula ainda afirmou que se pode ser raivoso com os adversários, mas considerou que também não se pode aceitar calado as agressões. “Somos paz e amor, mas não pensem quem vamos dar a outra face, vamos dar porrada se não tratarem a gente com respeito”.

Após encerrar o ato, Lula desceu do palco e seguiu, entre a multidão aberta em fila indiana, até o seu hotel.


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