Da Redação*
A quinta placa do projeto Marcas da Memória foi afixada na manhã desta segunda-feira (5), no local onde foram detidos mais de 300 presos políticos durante o período da ditadura. Pelo antigo Serviço Social de Menores (Sesme), onde hoje funciona a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), na avenida Padre Cacique, passaram, entre outros, dirigentes sindicais, deputados e o então prefeito Sereno Chaise, em abril de 1964. O projeto Marcas da Memória é uma parceria do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e da Prefeitura de Porto Alegre.
Instalada na calçada externa, a placa que faz alusão à adaptação do prédio para prisão de pessoas transferidas após interrogatórios no Departamento da Ordem Política e Social (Dops) é uma forma de lembrar a população sobre os malefícios de um regime de exceção. Para o prefeito José Fortunati, a ditadura é desconhecida por muitos, uma vez que 70% da população brasileira não era nascida na época. “Há também quem tente omitir as mazelas pelas quais passou a população. É importante esse resgate, sobretudo em uma época de crise, em que se faz ainda mais necessário o fortalecimento das instituições”, disse. Segundo o prefeito, para manter o Estado Democrático de Direito, é fundamental a reflexão sobre a importância do fortalecimento das instituições, da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão.
De acordo com o presidente do MJDH, Jair Krischke, as pessoas que foram presas no local foram punidas porque lutavam pela manutenção da democracia. “Foi uma ditadura feroz, que mantinha calado quem se contrapunha a ela”, observou. Já o secretário municipal dos Direitos Humanos, Luciano Marcantônio, destacou o déficit cultural e educacional que se instalou no país após a ditadura. O ato de inauguração da placa teve a presença de presos políticos detidos ali e em outros locais da cidade, além de funcionários da Fase. A próxima placa será colocada no antigo 18º Regimento de Infantaria (18 RI), onde hoje é a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com previsão para o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Marcas da Memória
O projeto Marcas da Memória se propõe a formar a denominada cultura material de desvendamento da repressão, assinalando na paisagem urbana da cidade de Porto Alegre locais que tenham servido como prisões ou centros de detenção, de tortura e de desaparecimentos de pessoas, tornando público que ali aconteceram graves violações aos direitos humanos. Já foram identificados os antigos Dops (Palácio da Polícia), Dopinha, Escola Paulo Gama e Praça Raul Pilla.
*Com informações da Prefeitura de Porto Alegre