Da Redação
Vendo o candidato José Fortunati (PDT) passear nas pesquisas eleitorais, seus oponentes mais próximos trataram de elevar o tom das críticas à atual administração e, no mesmo momento em que o tatu da Copa era derrubado no Largo Glênio Peres, procuravam fazer o mesmo com o atual prefeito no debate de ontem à noite na RBS TV.
O debate foi dividido em cinco blocos: dois com temas determinados, dois com temas livres e um para as considerações finais.
No primeiro bloco, o atual prefeito acabou contando com uma configuração teoricamente mais favorável, sendo indagado por Jocelin Azambuja e em seguida fazendo pergunta a Wambert Di Lorenzo. Isso permitiu um começo ameno para Fortunati, sem grandes confrontos. Foi quando Wambert perguntou para Manuela sobre pavimentação que Fortunati começou a ser mais visado. “Esse tema me causa certa angústia. Infelizmente, o MP começou a investigar troca de asfalto em vilas por votos pelo atual governo. Em pleno ano eleitoral, há uma investigação sobre esse assunto em Porto Alegre”, atacou a candidata, acentuando na tréplica que o Ministério Público poderia até mesmo cassar a candidatura de Fortunati, caso a irregularidade se comprovasse.
Se o atual prefeito buscou um começo de menor confronto, seus opositores deixaram claro desde o inicio que iriam fustigar Fortunati durante todo o debate. Manuela optou por perguntar a Villaverde, em uma tabelinha cujo alvo foi o candidato trabalhista. “Há um déficit. A prefeitura não atende as pessoas inscritas em programas de habitação popular”, frisou Villaverde, reforçando igualmente que o Orçamento Participativo estaria sendo usado pelo atual prefeito para compra de votos. Manuela aproveitou a deixa e manteve a postura ofensiva. “A população de baixa renda é a que mais precisa dos serviços da prefeitura. Não adianta uma cidade crescer de forma desgovernada se não levamos atendimento a essas pessoas. Crescer também é garantir serviços públicos”, reforçou a comunista.
A insinuação de compra de votos gerou pedido de resposta de José Fortunati, aceito pela direção do programa. Foi a primeira chance do candidato à reeleição defender-se da artilharia da oposição. “As pessoas sabem que aceito críticas, mas não inverdades. Algumas candidaturas, como a de Villaverde, têm me atacado com panfletos, dizendo que compro votos com asfalto. Críticas sim, inverdades não”, disse Fortunati, lendo a seguir trechos da sentença que pediu recolhimento dos panfletos, atribuindo aos autores crimes de difamação e injúria.
Roberto Robaina, por sua vez, manteve a postura de criticar todos os três candidatos mais cotados nas pesquisas eleitorais, apontando-os como integrantes do mesmo projeto político. Criticou Fortunati, Manuela e Villaverde, dizendo que esses candidatos defendem o endividamento de R$ 800 milhões da cidade com obras da Copa. Questionou diretamente Fortunati sobre a atuação do Instituto Sollus na administração da saúde no município. “Foi contratada como qualquer empresa. Foi um processo transparente, sem falha do gestor municipal. Ocorreram irregularidades por parte da empresa e elas foram sanadas”, respondeu Fortunati.
Sempre que havia oportunidade, Villaverde e Manuela frisavam o que consideram defeitos da atual administração – inclusive durante perguntas de outros oponentes, como no diálogo do petista e do tucano Wambert Di Lorenzo sobre segurança. “Diferente do atual prefeito, nós vamos assumir nossa parcela de responsabilidade pela segurança pública. O nosso orçamento não será fictício, como o do atual prefeito. Por isso que não tem segurança, habitação, saúde: porque investem apenas 24% do orçamento”, disse Villaverde. “Ao invés de fazer propostas, deviam pedir perdão ao eleitor. O PT não fez, não fará e não está fazendo isso no governo do estado”, retrucou Wambert.
Em nova tabelinha entre Villaverde e Manuela, foram citadas novamente as ações em curso por parte do MP. “Não há objetivo de atacar ninguém, há uma preocupação com uma coisa bonita que Porto Alegre construiu, que é o Orçamento Participativo. Eu fico aflita, porque Porto Alegre nunca tinha visto isso. Essa ação depõe contra a tradição democrática da nossa cidade”.
“Essa prática depõe contra a autoestima de Porto Alegre. Estamos voltando à velha prática do assistencialismo, do toma lá dá cá”, complementou Villaverde.