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10 de setembro de 2012
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17:30

Saúde pública: Compromisso com a Vida

Por
Sul 21
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Foto: Arquivo Pessoal

Carlos Eduardo Nery Paes *

A saúde é a principal preocupação da população brasileira. Nas capitais, e no interior do país, o atendimento público em saúde é compreendido como um direito que deve ser alcançado por toda a população.

Este tema está na agenda prioritária da presidenta Dilma Rousseff. Ao afirmar que a cidadania se obtém ao mesmo tempo em que se reduz a miséria, enfatiza a necessidade de maximizar o esforço de reduzir a pobreza como estratégia de desenvolvimento econômico.

O Brasil é o único país com mais de cem milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema universal, público e gratuito de saúde. Com mais de 3,2 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 500 milhões de consultas e um milhão de internações ao ano, o Sistema Único de Saúde tem o desafio de ampliar e se adaptar às mudanças epidemiológicas de nosso país.

Trinta por cento dos recursos de desenvolvimento, pesquisa e informação no país referem-se a diferentes segmentos da saúde. A indústria farmacêutica, de medicamentos, vacinas, os equipamentos biomédicos e outros componentes sempre foram itens de inovação tecnológica em diversos países. Não é possível imaginar que a quinta economia mundial possa abrir mão de desenvolver políticas específicas de desenvolvimento no campo da saúde, ainda mais por representar o segmento de maior retorno direto ao PIB, junto com os investimentos em educação. A redução da mortalidade infantil, das doenças infecciosas, respiratórias e do aparelho digestivo, dentre outros, representam o investimento em saneamento e acesso a serviços de saúde.

Nos próximos trinta anos o Brasil atravessará uma janela de oportunidades única no mundo. Grande parte de sua população está em idade adulta, como força de trabalho ativa. Ao mesmo tempo possui uma população que envelhece rapidamente, com redução da taxa de fecundidade e progressivo aumento do número de inativos. Nosso país tem a possibilidade de aproveitar os próximos anos para dar um salto em crescimento da qualidade de vida da população, com enriquecimento global e redução das desigualdades.

A saúde terá papel essencial nesse processo. Desenvolver uma estrutura de saúde capaz de atender a mudança constante do perfil demográfico de nossa sociedade, criando políticas de promoção da saúde e redução de doenças, bem como a mortalidade por causas evitáveis, são desafios ambiciosos, mas possíveis.

A obesidade, bem como as doenças crônicas mais prevalentes em adultos, como a hipertensão e o diabetes, devem ser enfrentados precocemente. Quase a metade dos brasileiros que vivem nas capitais estão com excesso de peso. Porto Alegre destaca-se negativamente nesse quesito. O custo do tratamento com medicamentos, internações e redução do tempo de vida impactam individualmente, mas também em toda a sociedade.

Paralelamente, o Brasil possui um conjunto de agravos à saúde relacionados a acidentes e violências, e uma mortalidade alta por causas externas, constituindo-se como o quinto país no mundo em mortes provocadas pelo trânsito. As motocicletas estão envolvidas em 25% desses óbitos. As causas externas impactam em pelo menos 3,6% do PIB, às custas da redução dos anos de vida perdidos, pela redução da força de trabalho e gastos em assistência médica.

O Sistema Único de Saúde, além de universal, responde pelas populações mais vulneráveis, de forma integral. É o sistema de saúde que mais realiza transplantes, e movimenta trinta milhões de procedimentos oncológicos ao ano. Aplica gratuitamente mais de 90 milhões de vacinas e possui a maior rede de bancos de leite humano no planeta.

O compromisso do Sistema Único de Saúde é melhorar a vida das pessoas. O SUS deve ser um projeto com ênfase no usuário. Um exemplo na capacidade de fazer mais com os recursos disponíveis. Por isso, a política central do Sistema deve ser centrada na permanente ampliação do acesso aos serviços de saúde, e na utilização de instrumentos que propiciem mais qualidade no que é feito.

O ministro Alexandre Padilha tem destacado a importância de renovarmos o SUS para as novas realidades do país. Devemos nos reorganizar para cuidar e enfrentar novos problemas de saúde que surgiram no Brasil. Ações inovadoras, com o crescimento das ações públicas, e parcerias entre o este e os demais segmentos são essenciais para o crescimento do país.

As ações de vigilância em saúde, as iniciativas de relacionamento entre as instituições públicas e privadas, que propiciem mais acesso aos serviços e o desenvolvimento de tecnologias constituem-se como ações inovadoras. É fundamental reforçarmos nosso compromisso com a vida e a redução de riscos à população. Precisamos colocar a saúde em outro patamar, onde o papel do executivo deixe de ser o de gerenciamento de serviços e passe a ser o de organizador das políticas públicas, trabalhando afirmativamente na construção de um sistema que melhore a vida das pessoas, que seja um grande agente de mudança nas condições de vida e na construção de um país rico e sem miséria.

* Diretor-Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição – Médico com especialização em Pediatria e Administração Hospitalar

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O Sul21 está publicando desde o dia 5 de setembro uma série de artigos sob o tema “A Porto Alegre do Século 21”. Neles, personalidades de notório conhecimento aprofundam a discussão sobre temas centrais como habitação, mobilidade urbana, saneamento, educação, cultura, cidades digitais, saúde, acessibilidade e meio ambiente, oferecendo subsídios para uma reflexão não-alienada sobre as necessidades da capital gaúcha.

Artigos anteriores:
– Política Habitacional em Porto Alegre: cinco eixos estratégicos
– Urbanismo e meio ambiente: dez pontos para um projeto de cidade


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