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6 de setembro de 2012
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08:35

Educação: buscando uma realidade inclusiva

Por
Sul 21
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O Censo Demográfico do IBGE revela dados preocupantes: 61,1% da população de 15 anos ou mais, com deficiência, não tem instrução ou cursou apenas o fundamental incompleto, esse percentual é de 38,2% para as pessoas dessa faixa etária sem deficiência.

Quando todas as escolas estiverem dispostas a rever suas posturas padronizadas, quando a falta de preparo dos professores e das instituições deixarem de ser uma justificativa para a exclusão das pessoas com deficiência do sistema regular de ensino, a escola brasileira será inclusiva e o uso desse termo não será mais necessário, afinal, estará no princípio de toda educação.

Tenho refletido muito sobre esse tema e conversado com pessoas que vivem essa realidade.

Luciano é um dos meus assessores e tem deficiência visual. Perguntei a ele por que a inclusão ainda não é uma realidade em nosso país? Ele respondeu que para isso é necessário uma mudança interna do ser humano que será acompanhada de uma mudança cultural. Disse ainda que é preciso acabar com o estigma da anormalidade que a sociedade imputa às pessoas com deficiência e isso é um processo, um longo caminho a percorrer.

Neste caminho, a escola tem um papel fundamental, Mas não basta que as escolas tenham crianças com deficiência em sala de aula, é necessário que os professores desenvolvam atividades em grupo, algo que busque a cooperação entre os colegas de classe, algo que faça com que todos se sintam participantes do aprendizado.

A escola é o ambiente especial de convívio, de referências e de inclusão social, de aperfeiçoamento, de formação intelectual e moral.

Na escola as crianças não apenas ampliam seus conhecimentos, como também criam laços de amizade, de convivência, de respeito, de dignidade e de integração que ajudarão a prepará-las para os desafios futuros.

Necessitamos de aperfeiçoamento permanente dos professores, de adaptações da estrutura física das escolas, da indispensável colaboração dos pais e responsáveis e de toda sociedade.

A melhoria dos equipamentos e da infraestrutura física é de grande importância: salas de apoio equipadas com recursos educativos adequados, a adaptação do espaço físico, a construção de rampas, a adaptação de banheiros, entre outros diversos itens componentes de uma estrutura material de apoio.

Um dos pontos mais importantes para a inclusão de crianças com deficiência é enfrentar e vencer a barreira psicológica, que geralmente separa esses alunos dos demais.

Em pleno século 21, não podemos mais admitir esse tratamento atrasado e discriminatório.

O Irmão Flávio Azevedo, do Colégio La Salle (Brasília) afirma que o ambiente físico não é o mais importante em uma política inclusiva. O ambiente afetivo é que faz a diferença. Rampas e elevadores dão acesso às instalações. Respeito, aceitação, carinho e compreensão dão acesso ao coração, e é a esse ambiente que as crianças com deficiência mais querem ter acesso.

Uma educação plural, diversa, rica, contemplando a todas as pessoas, com e sem deficiência. Assegurar uma educação de qualidade é, certamente, a forma mais segura de se promover a inclusão de todos em uma sociedade mais desenvolvida e justa.

Paulo Paim é senador pelo PT-RS.

 


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