Da Redação
O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias disse na quinta-feira (26) que uma das maiores dificuldades enfrentadas até agora pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), da qual faz parte, tem sido o fato de que muitos documentos sobre a repressão política durante a ditadura foram destruídos. José Carlos Dias, que esteve presente na instalação da comissão da verdade da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), evitou dar maiores detalhes, mas adiantou que há vários casos assim no Ministério da Defesa.
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Gilson Dipp, que exerce as funções de coordenador da CNV, conta que a comissão já realizou uma série de requisições às Forças Armadas. “Pedimos documentos e informações, mas ainda estamos esperando a resposta”, afirmou. “Queremos saber se há documentos e, se não há, quem destruiu ou quem determinou a destruição. Estamos buscando elementos que ainda não foram pesquisados.”
Questionado sobre a possível falta de cooperação dos comandos militares aos pedidos da CNV, Gilson Dipp argumentou que “o momento pelo qual passa a sociedade brasileira não justifica que não haja colaboração de todos os órgãos institucionais, inclusive porque eles têm a obrigação legal de informar”.
Nesse sentido, o coordenador da CNV comemorou a criação e instalação de uma comissão da verdade no âmbito da OAB-SP, que terá duas funções principais: levantar e sistematizar os arquivos da Ordem em São Paulo e colher depoimentos de advogados que exerceram o ofício durante a ditadura, sobretudo dos que defenderam presos políticos.
A comissão da verdade da OAB-SP é formada por 17 membros que tiveram alguma relação com o exercício da advocacia durante a ditadura (1964-1985). A previsão é que o grupo tenha duração semelhante à Comissão Nacional da Verdade, que trabalhará até maio de 2014 na investigação das violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante o regime de exceção.
Com informações da Rede Brasil Atual