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4 de junho de 2012
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17:26

Quando o amigo de Geisel virou um ‘agente da KGB’

Por
Sul 21
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Em meio à entrevista para o jornalista Geneton Moraes Neto, no Dossiê GloboNews de sábado, o ex-governador paulista Paulo Egydio Martins contou ter recebido, logo depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do DOI-Codi, de São Paulo, a visita de dois deputados federais.

Na conversa, eles recomendaram que o governador tivesse cautela e explicaram por que: ele estava na lista do comando do II Exército como suspeito de ser um “agente infiltrado da KGB” (a polícia secreta da então União Soviética).

É uma história surpreendentemente espantosa.

Paulo Egydio, para quem não sabe, foi um dos conspiradores do golpe que derrubou o presidente eleito João Goulart em 1964 e implantou a ditadura que se seguiu. Ele mesmo conseguiu uma casa para as reuniões do grupo, onde foram acertados os detalhes da conspiração.

Depois, foi homem de confiança do regime e virou confidente de Ernesto Geisel, a ponto de conversar com ditador de plantão praticamente todos os dias no início da manhã. Todos estes detalhes ele conta na entrevista.

Se um homem assim vira personagem de uma fantasia como esta (agente da KGB, a correspondente da CIA), imaginem o que sobrou naquele tempo para os mortais comuns.

Todo mundo virava suspeito, todo mundo poderia ser torturado e morto “por doentes mentais”, como o próprio Egydio confessa, como ocorreu com Herzog.

Apesar de tudo isso, ainda há gente nos tempos atuais que encara mentiras daquela época como verdades absolutas. Ainda bem, como já escrevi algumas vezes, que os personagens daqueles tempos estão saindo das sombras e revelando seus segredos. Paulo Egydio é mais um deles.


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