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24 de junho de 2012
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19:15

PT consagra Villaverde e aposta na militância em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Rachel Duarte

O ato político que confirmou o deputado estadual Adão Villaverde como candidato do PT à Prefeitura de Porto Alegre neste domingo (24) teve ares de resgate histórico e autoafirmação. A militância petista lotou o auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e dividiu o palco com as principais lideranças partidárias da coalizão formada pelo PT, PV, PPL, PTC e PR. Resolvida a equação do candidato a vice, posto dado ao presidente do PR, coronel Arlindo Boneti, o foco do PT é recuperar a tradicional base social na capital gaúcha. Todos foram unânimes ao afirmar que os militantes podem alavancar o nome de Villaverde junto aos eleitores e devolver o comando do Paço Municipal ao PT.

Para isso acontecer, a manutenção da aliança foi uma preocupação visível na convenção do PT. Com a apresentação do coronel Boneti como candidato a vice, o Partido Verde, que também desejava o posto, foi protagonista no evento. O vereador Elias Vidal, atual presidente verde em Porto Alegre, foi o terceiro nome a ser chamado pelo cerimonial, logo após o governador Tarso Genro e o ex-governador Olívio Dutra. Na hora das falas dos partidos coligados, não faltaram referências. O discurso da sustentabilidade e da ecologia também fizeram parte de praticamente todas as falas oficiais. “Não se trata de marketing. É para termos a água como um bem público. É necessário termos lado e assumir as nossas bandeiras. Queremos apresentar plenamente a nossa proposta. É hora de bancar a candidatura própria que assumimos”, conclamou aos militantes o presidente do PT gaúcho, deputado estadual Raul Pont.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Boneti reconheceu o fato de ser indicado a possível futuro vice-prefeito de Porto Alegre. “Estou nervoso com o aumento da responsabilidade nesta coligação e de poder ingressar na Prefeitura em 2013. Seremos humildes e leais durante toda a caminhada e contribuiremos com o projeto de governo do PT”, prometeu o líder do PR.

Apadrinhando a dobradinha Villa e Boneti, ninguém menos do que o principal líder da militância petista, o ex-governador Olívio Dutra. “Cada um de nós é um ser político, não só os gestores públicos que elegemos. Nós também protagonizamos mudanças na nossa comunidade e apontando as necessidades da cidade, do estado e do país. Como sujeitos da política teremos que lutar para conquistar a vitória que colocará novos sujeitos no executivo”, disse aos petistas após abraço nos candidatos.

O ex-prefeito de Porto Alegre salientou as dificuldades da arrancada petista para se aproximar das candidaturas do prefeito José Fortunati (PDT) e da deputada federal Manuela D´Ávila (PCdoB), que lideram as pesquisas eleitorais. “Será uma luta difícil. Mas a boa luta é aquela que exige de nós. E, não se ganha eleição com pesquisa, se ganha com trabalho na rua”, salientou Olívio Dutra.

Agenda programática e críticas à Fortunati

A agenda política e programática da candidatura petista em Porto Alegre foi bem desenhada pelo candidato Adão Villaverde. Com um discurso longo, ele não deixou para trás nenhuma das prioridades que defenderá durante a campanha. “Estive em todos os bairros e regiões desta cidade. Visitei todas as entidades da capital. Detectamos que houve um recuo muito grande nas políticas de assistência social, asfalto, saneamento básico, tratamento de resíduos, primeira infância e mobilidade urbana”, falou Villaverde.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O parlamentar gaúcho falou que, apesar dos investimentos da atual gestão municipal, Porto Alegre necessita melhorar a capacidade de gestão para descentralizar as ações e desenvolver a cidade de forma unificada. “Falta acesso às políticas públicas na periferia. A cidade está apequenada em relação ao que já viveu em outros momentos da história”, falou, valorizando os 16 anos de gestão do PT em Porto Alegre.

Demarcando que é hora de definir o lado da disputa, o petista disse claramente que “nos oito anos dos governos de José Fogaça (PMDB) e José Fortunati (PDT) não se avançou do que foi feito de bom e não se melhorou o que era ruim”.

As críticas também foram disparadas pelo prefeito de São Leopoldo e futuro presidente da Famurs, Ary Vanazzi. “A eleição da capital também reflete nos demais municípios. Dizem que falta dinheiro para a gestão pública governar, o que falta é compromisso em executar e clareza sobre o lado que estamos”, disparou.

Todos sabem que candidato do governador é o candidato do PT”, diz Tarso

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Responsável pela ampla coalizão do governo estadual, Tarso Genro foi questionado sobre o lado que estará durante a campanha, uma vez que as três principais candidaturas são de partidos aliados. “Todos sabem que o candidato do governador é o candidato do meu partido. É para eleger o candidato do PT que eu vou trabalhar nos meus finais de semana”, disse.

Na véspera da convenção do PT, Tarso prestigiou a convenção que referendou a deputada federal Manuela D`Ávila (PCdoB) como candidata à Prefeitura de Porto Alegre. Entre os aliados do governo, apenas o PDT de José Fortunati não convidou o governador para o ato político. “É perfeitamente natural. Um governo de coalizão não se dá como tributo ao governador. Não seria um convite necessário. Eu não encaro isso como uma sinalização”, salientou o governador.

Tarso também discursou na linha do resgate histórico do PT em Porto Alegre e criticou a perda de protagonismo nacional e internacional da cidade. “Muito antes de o Brasil escolher Lula presidente, Porto Alegre já o tinha escolhido. Porto Alegre foi reconhecida internacionalmente pelo Orçamento Participativo e o Fórum Social Mundial antes do reconhecimento do Brasil com o presidente Lula. Isso pulsa em cada um de vocês. Temos o direito de resgatar este avanço, isto significa eleger Villaverde e Bonetti para governar Porto Alegre”, conclamou.

Alinhamento das estrelas

Outra estratégia evidente na disputa será a utilização dos líderes dos governos de Tarso Genro e Dilma Rousseff para puxar a ideia do ‘alinhamento das estrelas’ utilizado nas eleições estaduais. A afinidade programática dos governos petistas de forma federalizada foi defendida por diversas lideranças petistas nacionais.

Os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Ideli Salavatti (Relações Institucionais) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) falaram sobre o processo eleitoral de Porto Alegre salientando o nome de Villaverde. Os três primeiros enviaram saudações em vídeo. Já Rosário esteve presente no ato até mesmo encampando o inflamado cerimonial do evento.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O presidente da Câmara Federal, Marco Maia também esteve na convenção e prometeu ser cabo eleitoral incansável de Villaverde. “Eu sou do PT de Canoas, mas lá a ‘coruja está pelada’. Este deputado federal vai militar 24 horas por dia na capital para recuperar a militância. Com a base, vamos eleger Villaverde”, disse não esquecendo de citar o conterrâneo e favorito em Canoas, o atual prefeito Jairo Jorge.

Aos adversários, Maia mandou um recado: “há uma vontade em dizer que o PT é sectário e estreito. Há também uma tentativa de colocar o PT em um gueto em Porto Alegre. Mas, a nossa aliança não é fisiológica. É pelo povo de Porto Alegre”.


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