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5 de junho de 2012
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21:14

Disputa pelo apoio do PP esquenta pré-campanha em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Disputa pelo apoio do PP esquenta pré-campanha em Porto Alegre
Disputa pelo apoio do PP esquenta pré-campanha em Porto Alegre

Rachel Duarte

A disputa pela Prefeitura de Porto Alegre está, de certo modo, nas mãos do Partido Progressista. Depois de promover o que talvez possa ser considerado como o primeiro debate entre os pré-candidatos que lideram as pesquisas eleitorais, o PP decidirá de que lado está no jogo pelo Paço Municipal. Se optar pelo PDT, a garantia é de um espaço maior do que dispõe hoje no governo de José Fortunati (PDT). Caso a maioria optar pela deputada federal Manuela D’Ávila, o protagonismo também é garantido — porém, as críticas sobre as convicções ideológicas das siglas prometem tomar conta dos debates futuros. A bancada progressista na Câmara de Vereadores e a pré-candidatura do petista Adão Villaverde já sinalizam nesse sentido, apontando a aproximação entre PT e PP como, no mínimo, contraditória.

Manuela e Fortunati disputarão voto a voto a preferência do PP em Porto Alegre na próxima segunda-feira (11). Uma semana antes, o partido organizou uma espécie de ‘sabatina’ para ouvir as propostas e disposição de ambos em ter o PP nesta eleição. Mesmo sem transmissão direta pela mídia, os pré-candidatos tiveram o tempo cronometrado e uma pauta pré-definida, como nos debates eleitorais. O clima foi de cordialidade, sem os ataques que muitas vezes ocorrem quando a troca de ideias é no rádio e na TV.

PP já integra governo de Fortunati em Porto Alegre; bancada progressista na Câmara Municipal quer manter aliança | Foto: Jefferson Bernardes/Preview.com/PP

Bancada em Porto Alegre quer Fortunati; parlamentares de Brasília preferem Manuela

O PDT tem a seu favor o fato de o PP já integrar o projeto de governo que elegeu José Fogaça e hoje compartilha a gestão com José Fortunati. Além de Kevin Krieger (PP) na Fundação de Assistência Social e outros espaços ocupados pelos progressistas no governo, a liderança do vereador João Dib (PP) no legislativo de Porto Alegre é elogiada por Fortunati. “Os dois (Manuela e Fortunati) se colocaram bem, mas eu mantenho minha convicção. Sem dúvida vou com Fortunati e creio que este será o resultado da votação”, disse o líder do governo na Câmara, João Dib.

A convicção do vereador João Carlos Nedel em Fortunati também se fortaleceu. “Eu já tinha minha posição firmada há tempo. No município não pode deixar de existir ideologia. Sem isso não há diferença entre os candidatos. Estou com o estatuto do PCdoB no meu bolso e lendo, percebo que é totalmente incoerente com o que o PP pensa. Eles pensam em implantar o comunismo no Brasil”, criticou.

Ao mesmo tempo em que a bancada do PP na Câmara de Porto Alegre está 100% com Fortunati e o desejo do diretório municipal também é pela reeleição do atual prefeito, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) está fechada com a bancada gaúcha no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa, influenciando correligionários a apoiar a deputada comunista.

“É um tanto quanto incompreensível o movimento que é feito pela senadora Ana Amélia. Mas alimentamos expectativas de que o PP irá escolher de forma coerente com a sua trajetória o apoio em Porto Alegre. Pelas manifestações que ouvimos no ato e pela intensidade dos aplausos, o recado dado pelo prefeito foi muito bem recebido”, avalia o deputado federal Vieira da Cunha, coordenador da campanha de Fortunati que acompanhou o encontro no PP.

Nome de Manuela D'Ávila é defendido por Ana Amélia e tem apoio da bancada do PP no Congresso Nacional | Foto: Dani Barcellos/PC do B

Para o presidente do PCdoB, Adalberto Frasson, a votação dos progressistas será pró-Manuela. “Eu acho que foi um debate importante. A deputada teve oportunidade de apresentar os desafios que a cidade deve superar, bem como as limitações de gestão que podem avançar no desenvolvimento social e econômico. Vamos aguardar a decisão do PP. Mas senti que o clima foi favorável para Manuela”, afirma.

Ambos os partidos colocaram em jogo o protagonismo desejado pelo PP em futuros governos. O PDT, que conta com o PP na Prefeitura de Porto Alegre desde a eleição de José Fogaça (PMDB), disse que irá ampliar o espaço ocupado atualmente pelo partido. Já o PCdoB disse que também garantiu protagonismo aos progressistas, mas sem oficializar exatamente o tamanho deste espaço.

“Independente da decisão do PP, Porto Alegre estará bem servida”, avalia PP

O secretário geral da Comissão Eleitoral do PP, Gustavo Paim, diz que, pelos discursos apresentados ao partido nesta segunda-feira, “independente do PP estar ao lado da chapa vencedora ao final da eleição, Porto Alegre estará bem servida”. O nível da argumentação dos pré-candidatos e as intenções de plataformas de governo apresentadas convenceram os progressitas, garante. “Os dirigentes saíram ainda mais convictos ou ainda mais indecisos”, brinca.

Paim considera que foi despretensiosa a realização da sabatina. “Acredito que sabatina é até uma forma desrespeitosa para qualificar o processo que escolhemos no partido para ouvir os candidatos. Estaríamos desrespeitando um prefeito e uma deputada federal. Não teve perguntas e apenas apresentamos uma pauta mínima sobre o que gostaríamos de ouvir”, explica o integrante da comissão eleitoral do PP.

Os critérios do PP foram acordados entre os integrantes da Comissão e a decisão em ouvir Fortunati e Manuela no mesmo dia foi colegiada. Inicialmente os progressistas ouviriam primeiro a comunista, no final de maio, e depois o prefeito, no começo de junho. “Mas, por motivos de agenda da deputada e uma avaliação nossa de que teria muito tempo de vantagem do primeiro pré-candidato para o outro, optamos em fazer de uma só vez”, fala Paim.

Nos bastidores, Manuela e Fortunati nem se encontraram. A imprensa que foi à sede do PP teve acesso ao ato, o que não era previsto inicialmente. A repercussão do evento não foi considerada uma vantagem pelo PP. “É um processo em que opiniões divergentes são expostas e isso pode gerar ruídos na comunicação interna do PP ou mesmo conflitos”, analisa. Porém, correndo o risco de aumentar a divisão do partido para a decisão da próxima segunda, a Comissão optou pelo formato do debate. “Não queríamos uma decisão de cúpula. Embora o tamanho dado a ação, foi uma verdadeira aula de democracia interna para todos os progressistas”, diz.

“Uma exposição com estes critérios, nós não desejamos”, diz PT

A disputa do PDT e do PCdoB pelo PP não é motivo de ameaça na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre, na avaliação da terceira pré-candidatura apontada nas pesquisas, a do deputado Adão Villaverde (PT). A exposição foi considerada pelos petistas como “leiloeira” e desnecessária ao processo eleitoral.

Coordenador de campanha de Adão Villaverde critica esforços de PDT e PCdoB por aproximação com PP: "partido com opiniões retrógradas" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O padrão de diálogo entre as siglas que buscam coalizão foi, além de inédito, fora dos padrões. “Não me agrada a ideia de partidos do campo democrático de esquerda pagarem um tributo como este imposto pelo PP”, avalia o coordenador da campanha do petista Adão Villaverde, Gerson Almeida. E complementa: “É um partido (PP) com opiniões retrógadas. Votaram contra as cotas raciais, fizeram campanha contra a transferência de renda no país e foram um partido chave nos retrocessos da política ambiental brasileira”.

De acordo com o petista, “os interesses pragmáticos e legítimos do processo de construção de alianças não precisavam chegar ao ponto do leilão”. Ele analisa como uma subordinação do PDT e do PCdoB “ao julgamento dos senhores” o formato aceito pelas duas pré-candidaturas. “Todo candidato deseja exposição. Agora, como esta que vimos, nós (PT) não queremos”, afirma.

Contando com o apoio declarado do PV, PPL e PTC, o Partido dos Trabalhadores aguarda a campanha propriamente dita para entrar de vez na disputa com as demais pré-candidaturas. “Nosso senador nós sabemos quem é. Estivemos ontem (segunda-feira) com o Paulo Paim. Vamos contar com Tarso Genro, Lula, Dilma, Olívio Dutra e todos os líderes que simbolizam o nosso projeto de governo”, fala Gerson Almeida, idealizando um salto de Villaverde.

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati tem ao seu lado o PMDB, PTB, PPS, PMN, PRP, PRB, PTdoB e PRTB. Já Manuela D’Ávila está aliada ao PSB, PSD e PSC.


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