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20 de abril de 2012
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18:33

Por loterias, Cachoeira foi atrás de governadores de MT, SC e PR

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Sul 21
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Negociações do grupo de apoio de Cachoeira tentavam emplacar prestação de serviços de loterias em três estados brasileiros | Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr

Da Redação

Interceptações feitas pela Polícia Federal mostram a abordagem do bicheiro Carlinhos Cachoeira para ter apoio dos governadores recém-eleitos de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD e ex-DEM) e do Paraná, Beto Richa (PSDB). As negociações do grupo de apoio de Cachoeira — preso na Operação Monte Carlo — tentavam emplacar prestação de serviços de loterias neste estados. As informações constam em reportagem elaborada pelo site Congresso em Foco.

Os telefonemas de Cachoeira também revelaram que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), teria contribuido para evitar a extinção de uma estatal que controla loterias em Santa Catarina. De acordo com apuração do Congresso em Foco, Perillo nega e os demais governadores dizem que não realizaram negociações com o bicheiro que motivou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na quinta-feira (19).

No primeiro turno das eleições de 2010, Silval é reeleito em Mato Grosso. Beto Richa e Colombo saem vitoriosos no Paraná e em Santa Catarina, respectivamente. O primeiro contato foi feito dois dias depois, no dia 5 de outubro, as 8h39, via e-mail entre o ex-cunhado de Cachoeira, Adriano Aprígio de Souza, ao argentino Roberto Coppola, consultor em jogos de azar. “Roberto, viu o resultado no Mato Grosso? Foi reeleito o governador. E como ficou Santa Catarina agora? Paraná aquele encontro com foi bom (sic) com o governador eleito?”

Em resposta, às 18h52, o argentino Coppola mistura português com espanhol para contar que o grupo vai conseguir ver implantada a loteria no Mato Grosso e em Santa Catarina. Afirma ainda que se reuniu com Colombo e com Richa. No primeiro contato, o resultado teria sido satisfatório, mas com Richa, porém, o problema era que seu antecessor, o hoje senador Roberto Requião (PMDB), extinguira a loteria estadual.

“Em Santa Catarina también foi bon con Colombo porque o presidente da loteria era o jefe da campanha de Colombo. Em Paraná, fale com Beto Richa, o problema é que Requion por ler fecho a loteria e va a demorar, porque tein que facer uma nova lei. Esse filho da puta do Requion hasta que foi embora, incho o saco”, diz Copolla, no portunhol que usou no email.
No ano passado, no dia 9 março de 2011, o governador de Goiás, Marconi Perillo, encontrou-se com Colombo em Santa Catarina.

Segundo assessores do catarinense teria sido uma visita “de cortesia” e conforme comunicado do governo goiano, uma reunião para tratar de “parcerias público-privadas”, com a participação inclusive do ex-presidente da companhia de energia de Goiás Ênio Branco, que hoje é secretário de Comunicação de Colombo. Porém, em diálogo de 10 de março, Cachoeira confirma a um interlocutor não identificado pela Polícia Federal que Perillo, na verdade, foi convencer Colombo a manter em funcionamento a Companhia de Desenvolvimento de Santa Catarina, a Codesc, que administra a loteria inativa do estado.

“Inclusive tava com o governador de Goiás e levou o governador de Goiás pra falar com o governador de Santa Catarina”, explica Cachoeira. No diálogo com o bicheiro, o interlocutor revela estar preocupado com a possibilidade de extinção da Codesc, que teria repercussões no negócio do jogo no sul do país. “Se acabar com a Codesc, acaba com a loteria”, alerta o homem não identificado. Essa mesma pessoa diz que Ênio Branco “estava tratando de tudo”.

A assessoria de imprensa de Colombo e de Branco afirma que a reunião contou com a participação de mais de dez pessoas e não abordou este assunto. Branco admite ter sido procurado por pessoas – das quais não se lembra – interessadas na manutenção da Codesc, mas a questão não teria sido levada adiante porque Colombo era contra o jogo.
Perillo rejeitou qualquer reunião para favorecer os negócios de Cachoeira. “Nunca conversei sobre legalização do jogo com quem quer que seja”, informou por meio de nota nesta quinta-feira (19). “Não gosto de jogos, exceto os de natureza esportiva, e procuro sempre desestimular quem joga.”

Por meio de sua assessoria, Colombo afirmou que não existe possibilidade de as loterias voltarem a funcionar no estado. Entretanto, o presidente da Codesc, Miguel Ximenes de Melo Filho disse, numa entrevista ao jornal Diário Catarinense, que há uma comissão que estuda o assunto. Procurado, Ximenes não quis se manifestar.

Com informações do Congresso em Foco


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