Colunas>Núbia Silveira
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2 de janeiro de 2012
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19:03

O poder e o câncer

Por
Sul 21
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Cristina Kirchner passa a integrar o clube no qual ninguém, voluntariamente, se associa: o dos políticos com câncer. Na América Latina, nos últimos anos, esse grupo cresceu rapidamente: Fernando Lugo, Hugo Chávez, Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, Fidel Castro, que não admite ter contraído a doença, e, agora, a presidente da Argentina.

Além da profissão, o que liga Cristina aos presidentes do Paraguai, Venezuela e Brasil e aos ex-presidentes brasileiro e cubano? Certamente o estresse, infalível companheiro de quem se expõe, busca voto, apoio, aprovação e precisa estar sempre atento aos movimentos dos adversários, para não perder o lugar conquistado. Todos levam uma vida de muita correria, preocupações e poucas horas de sono. O poder pode ser afrodisíaco, mas também desgasta.

O que teria causado a doença nesses políticos? O estresse? Ou uma tecnologia especialmente criada para isso como chegou a aventar o venezuelano Chávez? Nunca se sabe. Neste mundo, tudo é possível. Durante anos, os Estados Unidos tentaram de todas as maneiras matar Fidel Castro, sem sucesso. Seguindo nesse campo das hipóteses, o Ca (câncer) não seria a melhor saída para eliminar os adversários, pois é, na maioria das vezes, curável ao ser precocemente detectado. E se há uma coisa que nossos políticos aprenderam foi sobre a necessidade de se submeter, constantemente, a exames médicos. Também aprenderam, pelo menos no que diz respeito à saúde, a ser transparentes.

Portanto, o câncer de presidentes e políticos pode mesmo ter em comum o estresse. “Tanto o estresse quanto a depressão – afirma o médico e escritor Franklin Cunha – são estados emocionais que debilitam o sistema imunológico, diminuindo, portanto, nossas defesas contra infecções em geral e possivelmente contra certos tipos de câncer”. O psiquiatra Walmor Piccinini alerta que “o estresse é apenas um dos fatores responsáveis pela doença”. Ele lista outros: “fatores hereditários, uso de certas substâncias químicas, certos medicamentos, fumo, álcool e hábitos de vida”. Piccinini lembra que “a palavra câncer abrange um mundo de doenças”. Exemplo: Chávez teria um câncer de aparelho digestivo, Dilma e Lugo, linfático, Lula, de laringe, Fidel, qualquer tipo que não se sabe, e Cristina, da tireoide.

Para os dois médicos, em princípio, tudo não passa de uma coincidência. Franklin Cunha observa que “as neoplasias em geral são moléstias degenerativas que aumentam sua incidência com a idade. Mesmo porque, com o passar dos anos, nossas defesas imunológicas diminuem gradualmente”. E finaliza: “quem disse que os políticos europeus não morrem de câncer?”

Morrer de Ca, todos podemos morrer – artistas, médicos, jornalistas, professores, lixeiros, agricultores … –, mas que chama a atenção tantos políticos latino-americanos afetados pelo câncer, ah!, isso chama. Sem dúvida.


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