Rachel Duarte
Acusado de improbidade administrativa por fraudes no sistema de inspeção ambiental veicular em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab declarou nesta quarta-feira (30), que a Procuradoria Geral do Município está tratando do recurso contra a acusação. “Eu nem estou a par”, declarou em coletiva de imprensa na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). Sobre a acusação do promotor Roberto Antonio de Almeida Costa, que afirma que o prefeito foi conivente com a fraude para obter recursos em campanhas eleitorais, Kassab foi sucinto: “isso é bobagem”.
Kassab admitiu que o apontamento do Ministério Público paulista sobre irregularidades no convênio com a empresa Controlare não é novidade. “É uma questão muito simples e todos sabem. Existe há dois anos uma divergência por parte do MP, que diz que é um contrato irregular, e a Prefeitura, que entende que é correto. Então caberá ao judiciário decidir”, falou. E afirmou estar confiante na atuação da sua gestão. “O judiciário irá arbitrar sobre isso. Eu tenho convicção que irá ser para dizer que fizemos tudo corretamente”, falou.
O Ministério Público (MP) pediu na última quinta-feira (24) o afastamento do prefeito de São Paulo por acusação de que ele e o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, junto com seis empresas e 13 empresários participaram de uma fraude bilionária no contrato do serviço da inspeção veicular na cidade. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social pediu o bloqueio dos bens dos envolvidos, a perda dos direitos políticos e a condenação por improbidade administrativa dos acusados.
A ação pede a suspensão imediata da inspeção veicular, a devolução dos valores de multas cobradas dos moradores de São Paulo, além de indenização por danos morais aos donos de veículos. Kassab não suspendeu o convênio e voltou a defender a iniciativa nesta quarta-feira. “É um programa que está iniciando, ainda tem que ser aperfeiçoado. Mas virou referência e se tornou lei nacional. Todos sabem da seriedade da nossa gestão e se forem apontadas irregularidades vamos sempre ter o compromisso com a seriedade”, disse.
Eleições e expansão do PSD
Sobre a expansão do partido que criou, o PSD, Gilberto Kassab está otimista e confiante na possibilidade de obter bons saldos nas próximas eleições municipais. “Não temos pressa. A nossa preocupação é a qualidade, buscar bons quadros e ganhar a confiança dos eleitores. Que todos entendam que chegou um novo partido, com eficiência, que veio para consolidar a democracia e disputar eleição. Não queremos apenas participar, muito menos se aliar com pessoas que vão desgastar a imagem do partido”, disse.
A meta é conseguir o maior número de cidades onde for possível emplacar a nova sigla seja por candidatura própria ou por alianças. O foco são as grandes cidades e capitais brasileiras e o leque de opções para possíveis coligações é bem amplo. “O PSD é um partido de Centro e independente. Temos aliança com PSB, PDT, PP, PR, PSDB, PMDB, PV. Porém, as direções estaduais tem total autonomia nas eleições municipais”, garantiu.
A única condição da executiva nacional do PSD é que os diretórios municipais negociem as alianças de forma integrada com a direção estadual. A prioridade é a aliança PSD-PSB nos municípios, porém, dentro da linha da nova sigla: “não temos compromisso com ninguém, temos convicções que nos aproximam e nos afastam”.
“Aqui em Porto Alegre, como nas demais grandes cidades, terá um esforço para o encaminhamento da aliança PSD e PSB. Foi a única ponderação que fizemos ao Danrlei (deputado federal). Mas, temos consciência de que as regiões do país tem suas particularidades”, falou.
PSD e PT em POA
Na movimentação do tabuleiro para a disputa a Prefeitura de Porto Alegre, o PSB gaúcho já manifestou que estará ao lado da deputada federal Manuela D´Ávila (PCdoB). Se a conjuntura favorecer ao PSD coligar com o Partido dos Trabalhadores (PT), o prefeito paulista Gilberto Kassab diz que não vê problema, mesmo isto significando não estar ao lado do PSB. “ Temos convicção que o nosso caminho será comum, mas não tem problema não estarmos juntos em algumas cidades”, salientou.
Sobre as ações movidas pelo DEM-RS para perda de cargo eletivo por infidelidade partidária, contra detentores de mandato que ingressaram no PSD, o líder da nova sigla disse estar tranqüilo. “Não tem nenhum problema (no processo de filiação). Talvez os partidos (que perderam quadros para o PSD) estejam fazendo isso para dar uma satisfação para as suas bases. A legislação brasileira prevê a mudança de partido para aqueles que têm mandato desde que seja para partidos em formação. Foi o que aconteceu com o Danrlei, então o risco é zero”, considerou.
