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17 de novembro de 2011
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02:28

Inter joga para o gasto e vive; Grêmio empilha gols, mas perde para Flu

Por
Sul 21
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Alexandre Lops / Sport Club Internacional
Com gol do jovem Gilberto, o colorado venceu Bahia e ficou a um ponto do grupo da Libertadores | Foto: Alexandre Lops / Sport Club Internacional

Igor Natusch

Convenhamos, o campeonato brasileiro de futebol nao faz o menor sentido. Enquanto o Inter, que ainda luta por algo no Brasileirão, ganhava de forma insegura e quase nada convicta do modesto Bahia em pleno Beira-Rio, o Grêmio, que nada tem a fazer no certame, jogava o seu melhor (e pior) diante do Fluminense em uma das partidas mais eletrizantes de todo o campeonato. O mais curioso é que, diante de tanto imprevisível, os resultados ficaram totalmente dentro do que se poderia esperar: o Inter venceu o Bahia por 1 a 0, enquanto o Grêmio perdeu por dilatados, mas não surpreendentes 5 a 4 para o Flu no Engenhão.

Para vencer os baianos, o Inter teve que, de certo modo, quebrar as próprias regras. Jogando com dois atacantes, como raríssimas vezes no Brasileirão, o Inter marcou o gol da vitória bastante cedo, com Gilberto escorando de peito o rebote de um chutaço de D’Alessandro. Duas partidas, um gol: não está ruim a conta do novato atacante. O problema é que a eficiência de uma dupla de ataque só pode ser comprovada até que um deles fizesse o gol – já que, tão logo saltou à frente, o Inter retraiu-se, abrindo generosos espaços para o tricolor baiano. O jogo ficou nervoso, supostos pênaltis ocorreram de lado a lado, e o Inter vencia sem nenhuma certeza de si mesmo.

Nelson Perez / Fluminense FC
Grêmio esteve três vezes na frente do placar, mas não conseguiu segurar Fluminense em uma das partidas mais emocionantes do Brasileirão | Foto: Nelson Perez / Fluminense FC

Enquanto isso, Fluminense e Grêmio iam encaminhando uma das partidas mais sem sentido do Campeonato Brasileiro. Foi, durante todo o tempo, uma partida lá e cá, absolutamente igual. O Fluminense queria um pouco mais, chegava com mais força, mas o Grêmio jogava com a tranquilidade de quem já sabe que não vai conseguir nada, criando situações de muito perigo. Foi assim, sem nenhum stress, aproveitando a saída em busca de borboletas de Diego Cavalieri, que Rafael Marques, o zagueiro mais artilheiro do Sul do Brasil, abriu o placar. O Fluminense reagiu em cima: depois de meter algumas bolas na trave, saiu o gol daquele que seria o nome do jogo: Fred. O atacante igualou de cabeça aos 25, marcando um momento de absoluta pressão do pó-de-arroz.

Um pouco estranho o quadro, não? Pois as duas partidas foram para o intervalo envoltas em uma esquisita conjuntura que beirava o inverossímil. No Beira-Rio, Inter e Bahia desciam aos vestiários unidos na crítica à miopia do trio de arbitragem, com o colorado lucrando uma minguada vitória de um só gol. Enquanto isso, Marquinhos fazia um belo gol de falta, no apagar das luzes, colocando o Grêmio na frente mais uma vez. O 2 a 1 era estranho, mas de certo coroava a equipe que, por ausência de objetivos práticos, tinha os nervos mais fixos no lugar. Combinação de sonhos para o Inter: encostava no G-5 e via-se temporariamente a míseros dois pontos do terceiro colocado, sonhando (vai saber?) com a ponta de cima da tabela.

Alexandre Lops / Sport Club Internacional
Mesmo sem brilhantismo, Inter está vivo e encara Botafogo em confronto direto no Rio de Janeiro | Foto: Alexandre Lops / Sport Club Internacional

Do segundo tempo no Beira-Rio, quase nada há a relatar. Foi tão morno que até os estatísticos, prontos a enxergar acontecimentos onde os reles mortais nada veem, devem ter dado umas pescadas vez por outra. Ninguém atacou muito, ninguém chegou com perigo: o Bahia teve mais a bola, diria o estatístico, mas mesmo ele sabe que a bola de nada serve se o proprietário dela não chuta a gol. Assim sendo, foi a partida placidamente a seu final, em um placar simples que nada teve de brilhante, mas muito teve de efetivo e de importante. E vamos ao Engenhão, onde coisas emocionantes de fato ocorreram.

Tantas foram, na verdade, que mal dá para escolher por onde começar. Tivemos nada menos que três viradas no placar – a primeira consumada em dezesseis minutos, dois belos gols do Fluminense, um de Fred, outro de Rafael Sobis. O Grêmio foi mais rápido na hora de recuperar a vantagem: somados, os gols de Brandão e (pasmem) Adílson levaram menos de dois minutos para serem consumados. O 4 a 3 gremista era mais que surpreendente: era reflexo fiel de uma partida incrível. Os dois goleiros tiveram sua cota de falhas, é verdade; mas o fato é que assistíamos um jogo dos mais emocionantes e disputados desse Brasileirão. O discutível pênalti convertido por Fred igualou o jogo, e logo depois nosso chapa Fred (quem mais seria?) marcou mais um belo gol, comemorando a nova virada enquanto os gremistas xingavam a arbitragem alegando suposta falta em Brandão. A expulsão do centroavante gremista, após o lance, foi muito justa: além de reclamar ostensivamente com o árbitro, quem perde disputa pelo alto para Leandro Euzébio não merece mesmo permanecer em campo.

Douglas ainda meteu uma bola na trave, por pouco não empatando a partida. Fred também lambeu a trave, a centímetros de marcar seu quinto gol no jogo. Mas acabou sendo o caso para Deus Clichê, tão pouco afeito a inovações, permitir uma pequena modificação em uma de suas frases favoritas: de fato, o Grêmio jogou como quase nunca, mas perdeu como esperado. Mesmo que por linhas deveras tortas, o enredo do Destino acabou fazendo sentido no final, em ambos os casos. Agora, o Inter ostenta garbosos 54 pontos, de volta à sua tão cultivada sétima posição e um ponto apenas atrás do Botafogo, que será seu próximo adversário em confronto decisivo no Rio de Janeiro. O Grêmio, a seu turno, segue marchando de forma solene rumo a lugar algum: é 11º lugar, com 47 pontos, e terá a chance de liquidar o Ceará no fim de semana, no Olímpico.

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Inter 1 x 0 Bahia

Inter – Muriel; Nei, Bolívar, Moledo e Kleber; Bolatti, Tinga (Sandro Silva), D’Alessandro e Oscar; Gilberto (João Paulo) e Leandro Damião. Técnico: Dorival Júnior

Bahia – Marcelo Lomba; Marcos, Danny Morais, Diego Jussani e Dodô (Hélder); Fahel (Carlos Alberto), Fabinho, Diones e Magno (Nikão); Lulinha e Júnior. Técnico: Joel Santana

Gol: Gilberto (Inter), aos 8mins do primeiro tempo.

Cartões amarelos: Bolívar, Kleber, Bolatti, Nei e Sandro Silva (Inter); Fahel, Marcos e Fabinho (Bahia).

Arbitragem: Paulo César Oliveira (SP)

Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)

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Fluminense 5 x 4 Grêmio

Fluminense – Diego Cavalieri; Mariano, Elivélton, Leandro Euzébio e Carlinhos; Valencia, Diguinho, Marquinho (Matheus Carvalho) e Deco (Souza); Rafael Sobis (Rafael Moura) e Fred. Técnico: Abel Braga.

Grêmio – Victor, Mário Fernandes, Gilberto Silva (Saimon), Rafael Marques e Gabriel; Fernando, Adilson, Marquinhos (Leandro), Douglas e Lúcio (Miralles); Brandão. Técnico: Celso Roth.

Gols: Rafael Marques (Grêmio), aos 16mins, Fred (Fluminense) aos 25mins e Marquinhos (Grêmio) aos 47mins do primeiro tempo; Fred (Fluminense) aos 8mins, Rafael Sóbis (Fluminense), aos 16mins, Brandão (Grêmio) aos 29mins, Adílson (Grêmio) aos 31mins, Fred (Fluminense) aos 34mins e Fred (Fluminense) aos 36mins do segundo tempo.

Cartões Amarelos: Fernando, Lúcio, Marqunhos, Rafael Marques (Grêmio).

Cartões Vermelhos: Brandão (Grêmio).

Árbitro: Francisco Carlos Nascimento (AL).

Local: Engenhão, Rio de Janeiro (RJ).


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