Opinião
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11 de novembro de 2011
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09:00

Comitê da Memória, Verdade e Justiça: Desafio do presente

Por
Sul 21
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Por Ariane Leitão

Nosso país inaugura um novo momento em relação à afirmação da luta pelos direitos humanos. A aprovação da Comissão Nacional da Verdade, criada com objetivo de examinar e esclarecer crimes de Estado durante a ditadura militar, representa, sem dúvida, uma conquista da democracia brasileira.

Estivemos durante anos apenas acompanhando, com olhares curiosos e esperançosos, as iniciativas dos irmãos latino-americanos que enfrentaram os torturadores da ditadura militar e resgataram sua própria memória, ainda que esta os remetesse para perseguições, torturas e mortes.

Por aqui, frente à fragilidade das ações do Estado Brasileiro, o movimento social, especialmente através do Movimento Nacional de Direitos Humanos, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos e do Grupo Tortura Nunca Mais, esteve atuando fortemente, fazendo com que esta pauta não caísse no esquecimento.

No Brasil do presente os olhares estão voltados, agora sim, para nossa história. A concretização de um processo institucional que busca a responsabilização do Estado frente às violações de direitos humanos, tem papel fundamental no resgate de nossa memória histórica, fazendo com a sociedade brasileira enfrente suas contradições e reforce cada vez mais os valores democráticos, que repudiam a tortura ou qualquer prática de violência.

O Rio Grande do Sul, também está engajado ativamente neste processo. O Comitê da Memória, Verdade e Justiça Carlos de Ré, lançado em junho deste ano, já iniciou seus trabalhos e vem atuando no sentido de organizar a sociedade gaúcha em torno da necessidade de divulgação ampla dos crimes da ditadura que ocorreram em nosso estado, identificando locais de tortura e ou resistência, agentes e vítimas da repressão. O resgate da memória da violência de Estado é um desafio do presente, desta geração que recebeu a democracia como um legado da geração anterior, que bravamente ofereceu suas vidas em nome da liberdade.

Portanto, apresentar à sociedade brasileira e gaúcha o histórico de barbárie que marca nosso passado nem tão distante é tarefa cidadã. É preciso despertar a consciência crítica da população em relação a estes acontecimentos, lembrando que a violência e a tortura ainda permeiam nosso cotidiano. A Comissão da Verdade e o Comitê Carlos da Ré servirão como instrumentos para esta mobilização: para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça!

Ariane Leitão
Membro da Coordenação do Comitê Carlos de Ré
Vereadora Suplente PT/POA


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