Últimas Notícias > Geral > Noticias
|
5 de outubro de 2011
|
10:42

Vereadores não conseguem entrar no canteiro de obras da Arena

Por
Sul 21
[email protected]
Vereadores de Porto Alegre tentaram acessar o canteiro de obras da Arena do Grêmio, sem sucesso | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Igor Natusch

Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Porto Alegre tentaram acessar, na tarde desta terça-feira (4), o canteiro de obras da Arena do Grêmio. A ideia era vistoriar a obra e discutir a situação dos funcionários que estão sem documentos e pertences desde o incêndio de parte dos alojamentos no último domingo, após a morte de um operário, que tentava atravessar a Freeway. Os parlamentares ficaram, porém, do lado de fora. Sob a alegação de que não havia sido comunicada da visita, a OAS fechou o portão e impediu a entrada do grupo, formado também por assessores e líderes comunitários.

A visita ocorreu após solicitação dos moradores da área, que reclamam dos impactos das duas grandes obras na região – além da Arena, está sendo construída a BR-448, a chamada Rodovia do Parque. Uma reunião foi agendada para esta quinta, envolvendo representantes da OAS, direção do Grêmio e representantes da comunidade.

A vereadora Maria Celeste (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, convidará representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) para o encontro. Isso abre a possibilidade de nova tentativa de entrar nas obras, ainda na quinta, uma vez que os procuradores do MPT dispõem de poder de polícia e poderiam, em teoria, exigir acesso ao local. Na visita desta terça, Maria Celeste foi acompanhada dos parlamentares Sebastião Melo (PMDB), Brasinha (PTB), Raul Torelly (PMDB) e Luciano Marcantônio (PDT).

Moradores reclamam

De acordo com os moradores da área, as condições de vida pioraram desde a chegada das obras. Elida Maria Dutra Ferreira, líder da associação de moradores da Vila Liberdade, diz que os impactos já se manifestam no transporte público lotado e no aumento de procura por creches e escolas, além nas dificuldades de atendimento no posto médico da região. Ela acredita que faltou diálogo entre as empresas e as associações de moradores. “Já temos dificuldades grandes, imagina com mais gente por aqui”, lamenta. “Não somos contra as obras, mas deveriam ter nos ouvido, até para entrarmos em acordo”.

Elida diz que vários operários da obra trouxeram suas famílias do nordeste para residir na região, uma vez que a duração das obras, especialmente a da Arena do Grêmio, deve ser longa. Com isso, a infraestrutura das vilas está sobrecarregada pelo repentino aumento de população. Mesmo com o fim das obras previsto para 2012, o terreno deverá abrigar também um shopping center, sem contar os vários projetos residenciais já previstos para os próximos anos.

Andamento de duas grandes obras causa impactos em bairros sem estrutura, dizem os moradores | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Operários denunciam más condições

Os moradores garantem que a situação de trabalho nas duas obras está longe do ideal. Segundo eles, é comum trabalho em três turnos, tanto na Arena quanto na BR-448, mesmo em condições adversas. “Tem horas que está chovendo forte e mesmo assim eles são forçados a trabalhar”, garante Sérgio Luis Almeida Bueno, presidente da associação de moradores do Loteamento Mário Quintana.

Não surpreende, de acordo com Sérgio Luis, que tenha ocorrido a morte do funcionário José Elias de Machado, atropelado no último domingo enquanto tentava atravessar a BR-290 para retornar ao alojamento do outro lado. Em nota, a empreiteira OAS disse que oferece ônibus para levar e trazer os trabalhadores e que o operário estava de folga quando do acidente. “É o mesmo que dizer que eles só podem ir e vir quando tiver ônibus à disposição”, afirmou uma moradora da Mário Quintana, que pediu para não ser identificada. As obras, paralisadas após o atropelamento, foram retomadas nesta terça-feira.

Há críticas também à situação de várias ruas da região, em especial a Leopoldo Brentano, que passa em frente a várias residências na Mário Quintana. A via foi transformada em um dos principais acessos para caminhões que descarregam material no canteiro de obras da Arena. A situação é precária: a mão da rua foi invertida, boa parte do asfalto foi destruído, há detritos por toda a extensão e a circulação incessante de caminhões já estaria provocando até mesmo rachaduras em algumas residências. Quando chove, os alagamentos são inevitáveis. “Já pedimos há meses que coloquem ao menos uma brita, mas não tomaram atitude nenhuma”, garante Sérgio Luis, líder comunitário da Mário Quintana, reforçando que repetidos contatos com a prefeitura de Porto Alegre não trouxeram nenhum resultado prático.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora