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4 de outubro de 2011
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21:40

“O senhor Jesus está no comando de Porto Alegre”, diz Fortunati

Por
Sul 21
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“O senhor Jesus está no comando de Porto Alegre”, diz Fortunati
“O senhor Jesus está no comando de Porto Alegre”, diz Fortunati
fortunati pastores
Fortunati entrega o comando da cidade, "de forma definitiva", a Jesus Cristo | Foto: Ricardo Giusti/PMPA

Felipe Prestes

“O senhor Jesus está no comando desta cidade”, declarou no último sábado (1) o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), durante a Marcha para Jesus. As afirmações do prefeito dividiram opiniões na Câmara Municipal. “Desrespeita o conceito de Estado laico”, critica Pedro Ruas (PSOL). “Há coisas mais importantes”, minimiza Sebastião Mello (PMDB).

A marcha percorreu as ruas centrais de Porto Alegre até a Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini. No ato, Fortunati entregou a chave da cidade para um grupo de pastores, entregando simbolicamente “o comando (da cidade), de forma definitiva, ao nosso senhor Jesus Cristo”. “Eu sou simplesmente seu servo, procuro operar de acordo com sua vontade”, completou o prefeito.

A marcha teve fim no Largo Glênio Peres e reuniu cerca de oito mil pessoas, segundo o Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos de Porto Alegre (Cimepa), organizadora do evento. A presidenta da Câmara dos Vereadores, Sofia Cavedon (PT), também marcou presença. Ela diz que foi convidada pelos organizadores para um momento de bênção de autoridades, mas não fez discurso. “Como gestores públicos, temos que acolher pessoas de todas as religiões e os que não tem religião. Entendo que o Estado é laico e foi um momento em que se misturou religião e Estado”, critica.

José Fortunati declarou que governa para todos os 1,45 milhão de habitantes de Porto Alegre, mas  pediu orações para que a população alcance a espiritualidade. “Tenho consciência de que se Deus me colocou neste posto, neste momento, não basta apenas pensar na materialidade do nosso povo. Isto é importante (…), mas é importante também que a cada momento possamos resgatar a estabelecer com nosso povo uma relação direta com a palavra de Deus. Temos que rezar e orar para que a espiritualidade cresça na capital de todos os gaúchos. E para que esta cidade represente tudo o que queremos. Uma cidade que dê abrigo a todos, mas que, acima de tudo, tenha ao Senhor, nosso Deus”, disse.

“Declaração é mal posta”, afirma vereador

O Sul21 entrou em contato com a assessoria de Fortunati ao longo da tarde desta terça, mas não obteve resposta. Na Câmara Municipal, alguns vereadores criticaram as declarações de Fortunati na Marcha para Jesus e outros minimizaram a situação.

“O prefeito é da Igreja Batista e tem todo o direito de ser, mas sua declaração é mal posta. Desrespeita o conceito de Estado laico definido pela Constituição Federal. Cria problemas com os que têm outras crenças e os que não têm nenhuma”, afirmou o vereador Pedro Ruas (PSOL).

O vereador Nelcir Tessaro (PTB) acredita que o prefeito se equivocou, mas não vê maiores problemas na declaração. “Eu não vejo nenhum problema, mas acho que não se pode ser dito isso. Todo mundo crê em Deus, mas quem governa é o prefeito. E é preciso respeitar as outras religiões”, disse.

Para o líder do governo na Câmara, João Dib (PP), o prefeito quis dizer que é ajudado por Deus. “É uma questão de fé, não vejo razão maior de preocupação. Acho que ele quis dizer que tem fé em Deus e que Ele está dando uma mão.”

Sebastião Mello (PMDB) defendeu que “igreja é igreja, Estado é Estado”, mas minimiza as declarações de Fortunati. “Misturar fé com poder público já causou desastres na história, mas não vejo isso ocorrendo no Brasil nem na prefeitura. Há coisas mais importantes para se pensar na cidade”, disse o vereador.


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