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11 de setembro de 2011
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10:46

Patrimônio: faltam recursos para a ampliação do Museu de Porto Alegre

Por
Sul 21
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Solar Lopo Gonçalves abriga o Museu de Porto Alegre l Ramiro Furquim/Sul21

Nubia Silveira (texto) e Flavia Boni Licht (consultora)

Jorge Luís Stocker Jr, Claudia Cardoso, Elenara Stein Leitão, Gládis Teresinha Licht e Maria Angélica Zubarán identificaram corretamente o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo nas fotos publicadas na semana passada, testando o conhecimento dos leitores do Sul21 sobre os bens tombados como patrimônio histórico na cidade. Maria Angélica Zubarán, certamente, não precisou pensar muito para responder. Ela é a diretora do Museu, instalado no Solar Lopo Gonçalves, que só não foi destruído porque, nos anos 70, um grupo de preservacionistas desencadeou uma campanha pelo tombamento de um dos últimos exemplares da arquitetura luso colonial, do final da primeira metade do século XIX. O solar, de propriedade do português Lopo Gonçalves Bastos, foi construído entre os anos 1840 e 1850.

Terreno onde fica o Museu de Porto Alegre tem 5.415 metros quadrados l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Acompanhe a série patrimônio histórico:

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Restaurar custa três vezes mais do que conservar
Travessa dos Venezianos clama por cuidados
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– Obra de restauro da Praça da Alfândega termina em junho de 2012
Patrimônio: Porto Alegre ganhará um novo centro cultural em 2012

Em 2005, os arquitetos Dalton Bernardes e Júlio Collares elaboraram o projeto de ampliação do Museu que, por falta de recursos, ficou na gaveta. Há um ano, voltaram ao trabalho, com a finalidade de reduzir custos. Mesmo assim, o projeto não saiu da prancheta. A obra, revela a diretora do Museu, deverá contar com incentivos fiscais. “O projeto está em Brasília para aprovação pela Lei Rouanet”, afirma.

O Museu de Porto Alegre está instalado em um terreno de 5.415 metros quadrados, com muito verde, a ser preservado mesmo com a construção do novo prédio. Na frente, foi construído o solar, com 507 metros quadrados. A ampliação ficará nos fundos do solar e terá 1.013 metros quadrados. Maria Angélica afirma que o Museu tem três tipos de acervo: o arqueológico, o histórico e o fotográfico, com 20 mil fotos que contam a história de Porto Alegre. Destas, 6 mil já estão digitalizadas. O acervo arqueológico contém pesquisas feitas na capital gaúcha e o histórico exibe vestuário do início do século XX, mobiliário da mesma época, rádios de todas as épocas, tamanhos e tecnologias, escarradeiras de porcelana do final do século XIX e início do XX, objetos religiosos e quadros a óleo como os de Virgílio Calegari, que se dedicou a retratar intendentes municipais. Trinta por cento do acervo estão em exposição e podem ser apreciados pelos amantes da história da cidade.

Acervos do Museu: arqueológico, histórico e fotográfico l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Muitas doações recebidas pelo Museu estão na reserva técnica, a qual deveria ser provisória, mas tornou-se definitiva. Maria Angélica reconhece que as atuais condições de conservação do acervo não são as ideais. Por isso, há necessidade de ampliar o Museu. A área a ser construída deverá abrigar a reserva técnica, arquivos histórico e artístico, acervo arqueológico, espaço para pesquisa, espaço para a administração, biblioteca, fototeca, laboratório fotográfico e cafeteria. Para a parte externa está previsto, além de jardins e playground, um palco. O investimento – calcula a diretora — será de cerca de R$ 3 milhões.

O edifício a ser construído “estabelece um contraste com o solar”, afirma o arquiteto Júlio Collares. A nova construção, diz ele, tem linhas contemporâneas, sóbrias. E será totalmente branco, para estar em sintonia com o solar, que, em 1982, passou a abrigar o Museu, criado em 1979, por iniciativa dos historiadores Nilo Ruschel e Walter Spalding. O solar foi tombado como patrimônio histórico e cultural pela prefeitura de Porto Alegre, em 1979, e restaurado entre 1980 e 1982. O Museu recebeu o nome do primeiro secretário da Cultura do município.

Projeto de ampliação do Museu de Porto Alegre é dos arquitetos Júlio Collares e Dalton Bernardes l Foto: reprodução
Novo prédio terá linhas contemporâneas l Foto: reprodução
A ampliação do Museu será construída em meio ao verde, no fundo do terreno l Foto: reprodução
O branco harmonizará o novo prédio com o solar l Foto: reprodução
Na parte interna, haverá também uma cafeteria l Foto: reprodução

Quem foi Lopo Gonçalves

Nascido na freguesia de São Miguel de Gêmeos de Bastos, arcebispado de Braga, em Portugal, em 1800, Logo Gonçalves faleceu em Porto Alegre, em 1872. Casou-se em 1828 e deu início a seus negócios em sociedade com o sogro, com quem mantinha embarcações de carga, uma loja de tecidos na Rua da Praia e um armazém de secos e molhados na Praça da Alfândega.

O solar foi construído por Lopo Gonçalves entre 1840 e 1850 l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Integrou a vida política da cidade como vereador – de 1833 a 1836 e de 1845 a 1849 — e suplente de vereador, de 1849 a 1851, quando pediu dispensa do cargo. Ficou conhecido como um homem dedicado a causas filantrópicas, tendo trabalhado, por exemplo, na Santa Casa de Misericórdia. Foi o fundador e primeiro presidente da Praça do Comércio, futura Associação Comercial de Porto Alegre, hoje Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul – Federasul.

Teatro da Ospa começa a ser construído este ano

Futuro Teatro da Ospa, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho l Foto: Ospa / Divulgação

O secretário da Cultura, Luiz Antônio Assis Brasil, está entusiasmado. Ele acredita que a sala de concertos da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre começará a ser construída ainda este ano. Em 2012, será realizado concurso para a contratação de músicos.

Leia a entrevista completa do secretário

Parque urbano e de lazer

Parque Farroupilha: o primeiro parque urbano de Porto Alegre l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Arquiteto, professor e autor do blog Antes que a Natureza Morra, Udo Mohr ressalta: o Parque Farroupilha, conhecido como Parque da Redenção, não é uma área de preservação. “É um parque urbano e de lazer”, afirma, lembrando que Porto Alegre possui alguns parques de preservação como o Chico Mendes, o Mascarenhas de Moraes e o Germânia. “O Parque Farroupilha é um local para se curtir a cidade”, diz o arquiteto.

Udo Mohr conta que o primeiro parque urbano criado no mundo foi o Central Park, de Nova York. O Parque Farroupilha foi o primeiro de Porto Alegre. Em ambos, tudo foi plantado. “A área da Redenção era um banhado”, ressalta. Tanto em Nova York quanto na capital gaúcha a ideia foi imitar a natureza, seguindo os princípios dos parques ingleses. “Nos parques ingleses – afirma o arquiteto – sempre imitavam a natureza. Nos franceses, como os jardins de Versalhes, era mostrado o triunfo do homem sobre a natureza”.

Central Park, de Nova York: o primeiro parque urbano do mundo l Foto: brukutu.com

O projeto do parque porto-alegrense é do urbanista francês Alfred Agache. As espécies de vegetação ali plantadas foram escolhidas pelos professores Antônio Tavares Quintana e Mozart Pereira Soares, que tiveram a preocupação de procurar espécies nativas e algumas exóticas, como a ginkgo biloba, cujas folhas têm propriedades medicinais.

Na contramão dos vereadores, que pedem mais iluminação para o Parque, por questões de segurança, Udo diz que as luzes, principalmente as de mercúrio, são prejudiciais aos pássaros, que já não encontram mais lugar na zona rural e partem para a cidade, em busca de alguma área verde, como a do Parque Farroupilha.

Policiamento ostensivo

Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, o vereador Dr. Thiago Duarte (PDT) informa que a Câmara Municipal tem duas preocupações fundamentais em relação ao Parque Farroupilha: a falta de segurança e a proteção dos animais do minizoo. “O policiamento ostensivo é de competência do Estado e a colocação de câmaras de vigilância, do município”, afirma o vereador. A segurança, defende Dr. Thiago, é necessária, porque os autores de depredações e assaltos se refugiam no Parque. “Atrás de pequenos delitos, normalmente, existem delitos mais graves”, alerta o vereador.

Na quinta-feira (15), às 10h, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal vai promover uma reunião, para tratar do minizoo e da saída ou não dos animais do local.

Toda a vegetação foi plantada na área, que era um banhado l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O secretário adjunto do Meio Ambiente, André Carús, lembra que o Parque da Redenção e a orla do Guaíba, em frente ao Museu Iberê Camargo, foram adotados pela empresa PepsiCo Bebidas do Brasil (Pepsi), que deve investir nos dois locais R$ 1,4 milhão anuais em equipamentos. Carús diz que desde a adoção, em 2008 – o contrato foi renovado em 2010, valendo até 2014 –, muitas coisas melhoraram no Parque, como a recuperação da fonte luminosa e a reforma dos equipamentos infantis. Nos próximos dias, haverá uma reunião com o Conselho de Usuários do Parque Farroupilha para definir as prioridades de investimento da empresa adotante.

Sobre as câmeras de vigilância, reivindicadas pela Câmara, o secretário adjunto diz que já existem seis em funcionamento, sendo monitoradas pela Guarda Municipal. Segundo ele, foram feitos investimentos na iluminação do eixo central do Parque. Há ainda lâmpadas depredadas por vândalos, que devem ser repostas. Quanto ao policiamento ostensivo, Carús ressalta que a Brigada Militar, com recursos do Pronasci, deverá instalar 10 novos postos de segurança na cidade, sendo um deles no Parque. Por sua vez, o arquiteto Udo Mohr diz que a única forma de tornar o parque seguro é dar-lhe animação, com bares, restaurantes, locais de apresentação.

Ecossistema destruído

No lago do Recanto Chinês criou-se um ecossistema perfeito, que foi detruído l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A limpeza do parque e o plantio de árvores (70 novas foram plantadas há 15 dias) estão a cargo da direção do Parque. Mas, há também algumas práticas destrutivas como a apontada pelo arquiteto Udo Mohr: no lago Chinês, que tem forma de dragão, só vista do alto, e foi construído em 1935, surgiu, nos anos 70, “um ecossistema perfeito”, com peixes e microplantas. Uma das direções do parque resolveu limpar o lago e destruir o que a natureza havia criado.

Obras de arte enfeitam o Parque, que foi tombado em 1997 l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Tombado como patrimônio histórico e cultural da cidade, em 1997, a Redenção possui árvores de grande porte. A vegetação que formava o sub-bosque, como o mimo-de-estudante, uma árvore cuja copa vai até o solo, foi cortada, nos anos 70 e 80, ficando com o tronco aparente, por questões de segurança. Udo diz que o mesmo aconteceu em Nova York, no Central Park. Nesta época do ano, os frequentadores do Parque admiram o ipê roxo, que floresce, os cedros, as paineiras e algumas espécies exóticas.

História do Parque

A área que hoje é um ponto cultural da cidade, foi doada ao município em 1807 pelo governador Paulo José da Silva Gama. Conhecida como Potreiro da Várzea só não foi loteada, porque D. Pedro I impediu. Em 1870, o local passou a chamar-se Campos do Bom Fim, por estar próximo à Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim. Passados 14 anos, a Câmara Municipal propôs que a área passasse a se chamar Campos de Redenção, em homenagem à libertação dos escravos.

Grande Exposição de 1901 foi realizada no Parque Farroupilha l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Pavilhão da Exposição de 1901 l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Exposição de 1901 l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre

Em 1901, por ocasião da Grande Exposição, foi realizado o primeiro ajardinamento. Ali também foram instalados o velódromo da União Velocipédica, um circo para touradas e um local para corridas de cavalos em círculo. Em 1914, quando José Montaury era intendente, o urbanista João Moreira Maciel propôs que o parque fosse dividido em nove quarteirões. Aquele em que ocorrera a Exposição de 1901 já contava com o Instituto de Eletrotécnica, o Colégio Júlio de Castilhos, a Faculdade de Direito, a Escola de Engenharia e a Faculdade de Medicina.

Na administração do prefeito Alberto Bins, nos anos 30, o arquiteto e urbanista francês Alfred Agache foi contrato para fazer o anteprojeto de ajardinamento do Campo da Redenção. Ele criou o eixo central, integrando toda a área, e um grande lago. As obras não estavam ainda concluídas quando ali se instalou a Exposição Comemorativa do Centenário da Revolução Farroupilha, ocorrido em 1935. Com isso, todo o espaço foi ocupado e o Campo da Redenção passou a chamar-se Parque Farroupilha.

Exposição pelos 100 anos da Revolução Farroupilha l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Restaurante da Exposição de 1935 l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Roda gigante: a grande atração l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Pavilhão do Departamento Nacional do Café na Exposição de 1935 l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Exposição de 1935 contou com um grande público l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Vista geral da Exposição do Centenário da Revolução Farroupilha l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre
Lago, uma das principais atraçoes do Parque l Foto: Fototeca Sioma Breitman do Museu de Porto Alegre

Atualmente, o Parque possui quadras esportivas, lago com pedalinhos, minizoo, orquidário, parque de diversões, 38 monumentos e o Auditório Araújo Vianna, que está em obras. O Auditório ganhará uma nova cobertura, camarins, banheiros, climatização e poltronas. O arquiteto Udo Mohr lutou contra a decisão de cobrir o Araújo Vianna e mantém a visão de que o local deveria ser aberto. “Toda cidade importante tem um auditório aberto. Inclusive os portões são abertos. A acústica é precária e nunca será uma acústica de teatro”, alerta.

Usina inaugura teatro em 2012

Prédio da Usina e a chaminé foram tombadas pelo município e pelo estado l Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Dois terços do Teatro Elis Regina, em construção na Usina do Gasômetro, já estão concluídos, afirma o arquiteto Rufino Becker, autor do projeto, juntamente com a arquiteta Sylvia Moreira. “A previsão de conclusão é para o próximo ano”, diz. O teatro terá 800 metros quadrados, sendo 550 ocupados pela sala de espetáculos. Os demais, pela administração, camarins, cenografia, depósito e bilheteria.

Rufino explica a concepção do teatro: as cadeiras e as arquibancadas são móveis, tornando possível variadas configurações de plateia. Ele pode funcionar como o Theatro São Pedro, em que o palco está fixo à frente dos espectadores, ou como o Teatro de Arena, em que o público está em volta do palco, ou em outra forma qualquer de relação entre o público e o espetáculo. O arquiteto reforça, porém, que o espaço foi planejado para ser um teatro, “com acústica de teatro e piso rígido para suportar um cenário”.

Dois terços das obras do Teatro Elis Regina estão concluídos l Foto: Rufino Becker

As 300 cadeiras adquiridas não revelam a capacidade total do teatro, que também é flexível. O Elis Regina está dentro da Usina, sob o terraço. “A Usina é a sala de espera do teatro”, afirma Rufino.

Carvão x gás

“O teatro vai qualificar o prédio”, diz o coordenador da Memória Cultural de Porto Alegre, Luiz Antônio Custódio. Sobre a história do local, ele alerta para um erro comum: a usina não era de gás, mas de carvão. “Ela estava localizada na volta do Gasômetro, por se referir ao prédio do gasômetro – um depósito de gás – nas imediações”, afirma. Ele explica que a chaminé e a própria Usina fazem parte da história da cidade e, por isso, foram tombadas como patrimônio histórico e cultural, tanto pelo Município quanto pelo Estado, respectivamente, em 1982 e 1986. Em 1987, o prédio foi revitalizado pela Prefeitura para abrigar o Centro Cultural Usina do Gasômetro.

Tate Gallery: um exemplo para a Usina do Gasômetro l Foto: wikipedia

A Usina e a chaminé, construídas entre 1926 e 1928, correram risco de destruição, sendo salvas por uma mobilização popular. Hoje, funcionam no local sala de cinema, galeria, salas para exposições, cursos e palestras e o Memorial da Usina. Custódio acredita que a Usina, com seus amplos espaços, tem potencial para se transformar num centro cultural como a inglesa Tate Gallery, que também funciona no prédio de uma usina.

Endereços:

— Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo – Rua João Alfredo, 582 – Cidade Baixa – Porto Alegre
Telefones: 3289.8096 e 3228.2788
E-mail: [email protected]

Horário de atendimento

De terças a sextas-feiras: das 9h às 11h30min e das 14h às 17h30min
Quintas-feiras: turno da noite, para instituições de período noturno, mediante agendamento
Sábados: das 13h30min às 17h30min

— Parque Farroupilha
– entre os bairros Bom Fim e Cidade Baixa, no polígono formado pelas avenidas José Bonifácio, João Pessoa, Eng. Luiz Englert, Setembrina e Osvaldo Aranha

— Usina do Gasômetro — Presidente João Goulart, 551 – Centro – Porto Alegre
Telefone: (51) 3289.8100
E-mail: [email protected]

Horário de atendimento

De terça a domingo, das 9h às 21h.

De onde são?

Você sabe de que prédio são as fotos abaixo? Quem projetou este patrimônio é responsável por outras construções em Porto Alegre.

Ramiro Furquim/Sul21
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Ramiro Furquim/Sul21
Ramiro Furquim/Sul21

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