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30 de setembro de 2011
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01:39

Governo do Estado adia mudanças na avaliação dos professores

Por
Sul 21
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José Clóvis ouviu dos cerca de 40 professores que ficaram do lado de fora da reunião queixas de que o governo estaria sendo autoritário na condução da proposta de avaliação do ensino | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes

O governo estadual adiou as mudanças nos critérios de avaliação dos professores para fins de promoção. A decisão ocorreu após uma tensa reunião entre Cpers e Secretaria da Educação, que começou às 16h desta quinta-feira (29) e terminou às 20h30. A reunião seria para apresentação das mudanças pelo governo ao Cpers, mas o sindicato disse que não iria ouvir qualquer proposta sem que a secretaria assinasse um documento se comprometendo a não instaurar as alterações no dia 14 de outubro como estava previsto. “De nada adianta a apresentação se não houver tempo para o debate. Não podemos negociar com a faca no pescoço”, afirmou a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira.

Leia mais:
– Secretaria da Educação prepara novo sistema de avaliação

A data de 14 de outubro marca o início do período anual de avaliação dos professores. O governo queria implementar as mudanças, por decreto, até esta data para que elas pudessem valer já para este período de avaliação que está por começar. Com o recuo, as mudanças só valerão para o período de avaliação que começará em outubro de 2012. Mesmo que tenham um ano para debater, governo e Cpers acertaram que as conversas irão até dezembro de 2011.

As demais mudanças previstas pelo governo continuarão sendo levadas a cabo. O governo deve estabelecer em breve a avaliação qualitativa de todo o sistema de ensino, o que inclui a avaliação feita por toda a comunidade escolar das escolas, das coordenadorias regionais e da própria Secretaria de Educação.

Azevedo: "Achamos que os professores gostarão de ter uma avaliação melhor que a atual. Um sistema que levará em conta sua produção acadêmica, sua busca por conhecimento, seu empenho" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O secretário José Clóvis de Azevedo afirmou que o adiamento do novo sistema de avaliação não prejudica os planos do governo para a área de educação. Ele ressaltou que não considera o adiamento um recuo do governo, porque o diálogo com o Cpers sempre esteve previsto: “Não voltamos atrás de nada. O governo faz um processo de diálogo, como é a nossa linha”.

No documento em que se compromete a discutir o sistema de avaliação até dezembro, o governo ressalta que não pretende implementar bonificações, vinculação do desempenho dos alunos com a avaliação individual dos professores, nem competição e ranqueamento entre as escolas. José Clóvis afirmou que o governo tentará convencer os professores das mudanças que propõe. “Achamos que os professores gostarão de ter uma avaliação melhor que a atual. Um sistema que levará em conta sua produção acadêmica, sua busca por conhecimento, seu empenho”, disse.

Rejane de Oliveira afirmou que o Cpers aceitará debater o sistema, mas que a mobilização deverá ser em defesa do atual modelo. Nesta sexta, o Cpers realiza ato público em Porto Alegre para exigir a imediata implementação do piso nacional e mais investimentos na educação pública, como o cumprimento dos 35% determinados pela Constituição Estadual e de 10% do PIB para a educação.

Em clima tenso, reuniões entre Cpers e secretaria da Educação se estenderam durante toda a tarde | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Tensão

A reunião transcorreu em clima tenso. Integrantes da Secretaria da Educação deixaram diversas vezes a sala em que ocorria a conversa para elaborarem propostas, ou para que a direção do Cpers analisasse. No corredor, chegavam mais e mais professores – cerca de 40 estiveram no local. Eles gritavam contra o “autoritarismo” do governo e contra a “meritocracia”.

– Quem te viu, quem te vê. Cadê o Zé da luta? – questionou um educador, em uma das vezes que o secretário, ex-dirigente do Cpers, passou pelo corredor. José Clovis foi recebido sob vaias e disse que não era a recepção que esperava dos educadores.

A primeira contraproposta da secretaria dizia que aceitava adiar o decreto, mas fixava que durante as negociações o Cpers não poderia dizer que o governo estava buscando a meritocracia, e vedava também o uso de outros termos pela organização sindical. A direção do sindicato leu em voz alta o documento para os educadores no corredor, que rechaçaram de pronto a proposta. “Ressucitaram o Golbery”, repetia um professor. Suprimida esta parte do texto, ele foi finalmente aceito. Os professores deixaram o Centro Administrativo comemorando como uma vitória.


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