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1 de agosto de 2011
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09:39

Há uma transferência mecânica do Legislativo para o Conselho, diz Danéris

Por
Sul 21
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"As pessoas fazem uma transferência mecânica do Legislativo para o Conselho. Mas não é a mesma coisa. Aqui não tem votação, maioria, minoria, derrotados e vencedores. É um debate tranquilo e aberto" | Foto: Divulgação/ Palácio Piratini

Núbia Silveira

O secretário Marcelo Danéris se entusiasma ao falar do Conselhão. “As pessoas em geral e mesmo os conselheiros convidados se perguntavam: o que é? Para que serve? Vão apenas ouvir o governo? Vão homologar? Havia dúvida se seria um fórum diletante, em que as pessoas ficariam falando, sem chegar a lugar algum, ou se seria uma câmara de recurso, que pudesse resolver tudo”. Hoje, o Conselho cumpre sua função, e polarização histórica do Rio Grande do Sul se torna um valor dentro do CDES.

“O Conselho reúne pessoas com pensamentos políticos, ideológicos, técnicos e militância diferentes. Elas sabem que são diferentes, respeitam suas diferenças e estão ali para ver onde são iguais”, afirma Danéris, em entrevista ao Sul21.

Enquanto fala, Marcelo desenha dois círculos que se cruzam. A área comum aos dois é marcada pelo secretário, como a de consenso. “Sempre brinco com a teoria dos conjuntos. Este ponto de contato que cruza os interesses diversos é que nós teremos de saber aferir, para que ele se torne uma diretriz e possa acelerar o desenvolvimento do Estado”.

Sul21 – Os conselheiros já aprenderam a arte de dialogar, de buscar o consenso?
Marcelo Danéris – Aprenderam bastante.

Sul21 – Foi um aprendizado rápido?
Marcelo Danéris – Não. Ele está em processo. Mas acho que já evoluiu muito. Havia uma desconfiança que era natural, de sentar numa mesa com todas as diferenças. A prática de sentar na câmara temática, no entanto, desarmou um pouco os ânimos. Havia outra desconfiança: se era possível chegar a um ponto comum, sem se estressar, brigar, gerar tensões, disputas. E isso foi possível. Agora, é um processo de conhecimento. Para o segundo semestre, estão previstos debates sobre novos temas.

Marcelo Danéris: "Os conselheiros têm a preocupação de não serem correntes de transmissão do governo" | Foto Divulgação

Sul21 – O senhor ainda sofre muita pressão dos conselheiros?
Marcelo Danéris – Os conselheiros têm uma preocupação constante de que não sejam corrente de transmissão do governo. Têm preocupação permanente em demonstrar, tanto para o governo quanto para a sociedade, que são independentes, apesar de sua vinculação, por exemplo, com determinada corrente política.

Sul21 – Uma das críticas feitas, inclusive por conselheiros, é de que os projetos chegam prontos ao Conselho.
Marcelo Danéris – As propostas chegam ao Conselho de duas formas: ou o governador as envia ou elas são trazidas pelos conselheiros. Não aconteceu ainda de vir uma proposta da sociedade organizada sobre um determinado assunto. Mas acho que isso ainda vai acontecer. É impossível esquecer que o Conselho é um órgão de assessoria e de consultoria do governador. Então, não é que a proposta do governador venha pronta. O que não pode é mandar um título para o debate. “Vamos fazer um plano de sustentabilidade. Debatam.” O governo inicia o debate a partir de uma proposta. Alguns podem considerar que como o governo apresenta uma proposta por escrito ela já venha pronta. Aqui não se vota, se busca o consenso. As pessoas fazem uma transferência mecânica do Legislativo para o Conselho. Mas não é a mesma coisa. Aqui não tem votação, maioria, minoria, derrotados e vencedores. É um debate tranquilo e aberto, em que se pode consensuar as questões.

Bruno Alencastro/Sul21
O Conselho definiu a utilização do terreno destinado à Ford l Foto: Bruno Alencastro/Sul21

Sul21 – Qual o custo do CDES?
Marcelo Danéris – O valor do orçamento está em R$ 1,6 milhão este ano. Temos em torno de 30 servidores. O conselheiro não é remunerado. Mas faço uma provocação. Pergunto: se fosse preciso montar tudo isso aqui para resolver a questão da área de Guaíba, onde serão gerados dois mil empregos, investidos R$ 2 bilhões pela iniciativa privada e R$ 90 milhões pelo Estado, não teria valido a pena?

Sul21 – Quais os projetos para o próximo semestre?
Marcelo Danéris – Algumas temáticas, que estão em discussão, vão seguir. Os conselheiros propõem que se abram mais três câmaras temáticas. Isso está na pauta do comitê gestor. Estamos discutindo o piso regional, o sistema de pedagiamento e teremos o primeiro encontro ibero-americano dos conselhos de desenvolvimento econômico e social, uma proposta do Brasil, organizado por Brasil, Espanha e Portugal. A câmara temática da Previdência deve discutir o novo modelo que foi aprovado. E a da Educação passará a debater a qualidade do ensino. Temas é o que não faltam.


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