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22 de agosto de 2011
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21:52

Ato em apoio a Tonho Crocco vira crítica a aumento de deputados

Por
Sul 21
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Ato aconteceria durante audiência na Justiça, mas processo contra Tonho Crocco foi anulado | Ramiro Furquim/Sul21

Rachel Duarte

Convocado inicialmente para acontecer no dia da primeira audiência na Justiça, o ato em solidariedade ao músico Tonho Crocco nesta segunda-feira (22) reuniu apenas algumas dezenas de apoiadores – o processo movido pelo deputado Giovani Cherini, em virtude do rap “Gangue da Matriz”, foi anulado pela Justiça. Mesmo assim, um grupo de manifestantes solidários ao músico direcionou suas críticas ao aumento de 73% nos salários dos deputados, o que motivou a criação da música.

“Aumento de novo, só junto com o povo”, “ole, olá, sou eu que pago teu salário, não pedi pra aumentar” e alguns trechos do rap polêmico foram as principais palavras de ordem. A concentração começou por volta das 15 horas, na Praça da Matriz e a marcha partiu rumo à porta de entrada da Assembleia Legislativa. Seguranças e policiais militares ficaram em frente ao prédio.

Tonho Crocco acompanhou os manifestantes, que portavam cartazes, faixas, instrumentos musicais e apitos. Alguns atores de teatro estavam caracterizados e criticavam o processo movido pelo ex-presidente da Assembleia e atual deputado federal, Giovani Cherini, que alega ter agido em nome dos colegas parlamentares. “Estamos aqui porque queremos que eles vejam nosso descontentamento. Eles têm que sentir que não aceitamos o que tentaram fazer com o Tonho e não concordamos com este aumento feito no momento que o trabalhador não está atento”, criticou a atriz Juçara Gaspar.

“Eu não teria como não estar repudiando este aumento. Como músico, sei o sofrimento que temos para exercer nossa profissão. Existe muita diferença de condições ainda no Brasil. Vivemos uma falsa democracia e a sociedade precisa fiscalizar mais as decisões que são tomadas dento das instituições públicas”, concordou o rapper Malaki.

Manifestantes cantaram o rap "Gangue da Matriz", que originou o processo por crime contra a honra | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Mobilização foi convocada na internet

O protesto ocorreria em frente ao Foro de Porto Alegre, onde seria realizada a audiência preliminar do processo contra Tonho Crocco. Com a anulação, o músico chegou a pedir o cancelamento do ato aos quase seis mil manifestantes que se organizavam na internet, mas ele se manteve de pé.

“Eu estou vendo isso aqui com muita felicidade, pois era para ter acontecido isso há sete meses. A manifestação mostra a indignação do povo com o salário dos deputados passar de R$ 11 mil para R$ 20 mil, enquanto o trabalhador ganha R$ 540”, afirmou Tonho Crocco.

Manifestantes foram até a porta da Assembleia, que teve segurança reforçada | Ramiro Furquim/Sul21

Para o vereador Pedro Ruas (PSOL), presente na atividade, o ato enfraqueceu em número devido ao “recuo do deputado Giovani Cherini com as denúncias da imprensa e o clamor popular que se organizava”. Ele considera o episódio como um dos mais emblemáticos da política nacional no último período. “Foi uma forma de tentar calar o povo e fazer com que eles aceitassem automaticamente as decisões feitas por eles. Esse percentual agride a maioria da população, que recebe muito menos que os deputados. Mas é um questionamento nacional que fazemos. Estes valores também são dados aos deputado federais”, argumentou.

Ao final da mobilização, os estudantes Fernanda Gomes, 21 anos, e Iago Rodrigues, 18, voltaram para o cursinho pré-vestibular com sensação de dever cumprido. “Quando tem alguém importante tomando frente de uma causa, temos que aproveitar a visibilidade para falar do que também nos incomoda”, disse Fernanda. “Nosso povo é muito resignado. Temos que ser mais ativistas e nos mobilizar não só na internet. Quase seis mil pessoas confirmaram e só vieram perto de 100”, criticou Iago.


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