Notícias
|
23 de julho de 2011
|
11:07

Assis Brasil: “Encontramos a Secretaria da Cultura com vários problemas”

Por
Sul 21
[email protected]
"Encontramos a secretaria com vários problemas e talvez o mais complicado seja o conceito: o que é conceitualmente a política cultural? Tudo estava muito concentrado nas leis de incentivo" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Milton Ribeiro

O atual Secretário de Cultura do Rio Grande do Sul é o reconhecido e premiado escritor Luiz Antonio de Assis Brasil. De acordo com seu discurso de posse — mantido na entrevista abaixo — , ele pretende realizar encontros setoriais de cultura com a finalidade de retomar o diálogo com a comunidade geral de artistas e gestores do estado, bem como fortalecer os laços da Secretaria com o Conselho Estadual de Cultura. Mesmo preocupado e às vezes insone em razão do trabalho na SEDAC, mesmo com um orçamento abaixo do miserável, Assis Brasil está cheio de planos. Porém, como se trata de alguém que não é estranho ao meio artístico, o secretário vencedor dos prêmios Jabuti e do Portugal Telecom de Literatura Brasileira de 2003 com o romance A margem imóvel do rio, demonstra igual interesse pela literatura, também focalizada em sua entrevista ao Sul21.

Sul21 – Como vai a obra do escritor Assis Brasil?

Assis Brasil Neste momento as coisas estão mais tranquilas. No início, nos três primeiros meses, eu realmente não pude escrever, minha ocupação mental e emocional estava toda aqui. Agora a secretaria já está com seus quadros estabelecidos, com seus projetos em andamento e estou conseguindo entender melhor as crises – pois elas são diárias. Qualquer administração tem isso, mas agora já consigo dar a real dimensão das coisas e os conflitos não me fazem perder o sono. Assim, estou começando a escrever novamente em meus horários alternativos.

Sul21 – Quais são eles?

Assis Brasil – Eu acordo muito cedo, às vezes às 5h30, mas o governador acorda mais cedo ainda (risos).

"Eu trabalhei na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) durante o pior período da ditadura" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – E ele telefona neste horário?

Assis Brasil – Não. Pode me mandar torpedo mas telefonar não! (risos) Olha, se eu conseguir escrever umas duas horas por dia, bem concentrado, se eu escrever uma página por dia, em um ano terei um romance.

Sul21 – Há um livro seu pelo qual eu tenho um amor especial, talvez seja o menos clássico dos seus livros: é O Homem Amoroso, é um livro meio raivoso, gostei muito.

Assis Brasil Esse é um dos livros que menos vende, mas é um dos trabalhos que eu mais gostei, fico contente com este teu depoimento sobre ele. Eu trabalhei na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) durante o pior período da ditadura. Foi no final dos anos 60, era a pior época, a ponto de o administrador da orquestra falar com a gente com uma arma na cintura. Havia uma verticalização do poder que contaminava todo tecido social e afetava a orquestra também, então há algo autenticamente raivoso ali.

"Estou na obrigação. Ou termino o romance ou me torno uma vergonha nacional" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Seu estilo normalmente é clássico, mais ao estilo do século XIX.

Assis Brasil Eu gosto realmente disso, está certo.

Sul21 – E qual é o próximo livro?

Assis Brasil Ele gira em torno de um ilustre desconhecido, o botânico francês Aimé Bonpland. A revista Bravo me pediu mês passado um capítulo, uma prévia. Eu hesitei muito no início, mas depois mandei. Meus amigos me perguntaram “mas por que você fez isso?”. Eu justifiquei que é desta forma que me obrigo a escrever e finalizar algo. Ou escrevo ou me torno uma vergonha nacional (risos). Então estou na obrigação. Em outros casos, vou na editora e peço adiantamento, não por não confiar neles, mas por não confiar em mim (risos). É desta forma que me obrigo a escrever. Mas enfim, Aimé Bonpland é de La Rochelle, na costa atlântica da França. Ele estudou medicina durante a Revolução Francesa, mas por um tempo ficou sem rumo na vida. Certa vez, encontrou Humboldt (Alexander von Humboldt, naturalista e explorador alemão) em Paris. Humboldt tinha recebido uma grande herança e Bonpland era recém-formado. O Humboldt disse “quero andar pelo mundo, quero fazer muitas coisas com esse dinheiro, vou torrar o dinheiro nisso”. Ele já era um cientista estabecido; o Bonplant então perguntou para ele se a intenção era a de fazer novas descobertas e ele respondeu que “não, era para comprovar, que a natureza era um sistema. Para isso eu vou viajar”. E eles fizeram uma série de viagens principalmente pelas Américas. Enquanto viajavam, tornaram-se de certa forma celebridades na França  porque o Humboldt era um marqueteiro, ele mandava informações para os jornais do mundo inteiro durante a viagem. E eles retornaram em 1804 para a França, na época que o Napoleão fez o plebiscito e foi coroado Imperador. Eles assistiram a tudo. Depois foram convidados para o Castelo de Malmaison, que era propriedade privada de Josefina e Napoleão.

Assis Brasil finaliza um romance que começa em La Rochelle na França e acaba na região de Corrientes | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – A dupla de cientistas foi combatida por alguma entidade religiosa pelo fato de insistirem na natureza como um sistema?

Assis Brasil – Não, foi o contrário, eles achavam que isso era a maior prova da existência de Deus. Eles começaram a publicar fascículos, depois livros. Humboldt os financiava, são muito bonitos, ilustrados, com lâminas, baixei todos eles pela biblioteca de Paris. Mas enfim, o que aconteceu é que eles foram num dos bailes de coroação e Napoleão veio falar com o Aimé. Diferentemente do Humboldt, que era um nobre, um homem do mundo, que tinha acesso e tudo e todos, o Aimé Bonpland era mais tímido, um pouco caipira, digamos assim. E então o Napoleão atravessou o salão e foi falar com ele, perguntando se ele era o homem que gostava de plantas, e ele respondeu “eu sou um botânico, Majestade”, e ele respondeu “ah, minha mulher gosta de rosas….” e virou as costas (risos).

Sul21 – Mas ela gostava muito de rosas, não?

Assis Brasil – Depois a Josefina foi falar com ele, ela tinha a maior estufa da Europa, na Malmaison, que fica nas cercanias de Paris, e eles foram convidados para ir visitar. O Bonpland ficou fascinado e acabou convidado para se estabelecer como botânico imperial. Lá ele criou espécies novas, revolucionou aquilo tudo. Houve o divórcio dela e Napoleão, mas ela pediu para o Bonpland permanecer. Josefina acabou morrendo de pneumonia, segurando a mão dele. E então Bonpland ficou sem ter o que fazer. Foi aí que recebeu convites de Simón Bolívar e do intendente de Buenos Aires. Ele se decidiu pela cidade argentina, onde foi convidado para instalar um jardim botânico. Lá, ficou conhecido como Don Amado. Ele veio para Buenos Aires com mulher e filha, estabeleceu-se e descobriu a erva mate. Ficou fascinado vendo as pessoas beberem aquilo. E foi pesquisar sobre a origem da erva. Chegou ao Paraguai, atravessando a fronteira em Missiones. Só que quem governava naquela época era o sanguinário ilustrado Dr. Francia (José Gaspar Rodríguez Francia, dito Dr., foi um teólogo, advogado, revolucionário e político paraguaio). Francia era iluminista, robespierriano, doutor em línguas, falava vários idiomas, e um dos maiores sanguinários da história da humanidade. Era um ditador. E o que aconteceu? O Francia prendeu ele durante dez anos, acusado de ser espião, de querer roubar a erva mate (risos). Passado um tempo, ele pediu para o Dr. Francia – no meu livro apenas, pois eles nunca se falaram – para ter uma fazenda, onde ele poderia ficar, atender o povo, criar a erva, tudo dentro do Paraguai. Esta fazenda realmente existiu. Enquanto isso, o todo mundo tentava libertá-lo. A mulher dele foi pedir sua libertação a Dom Pedro I, mas ele queria algo em troca. Bem, ela se tornou amante dele, mas causou um problemão na corte, o Lord Cochrane teve que mandar ela embora, pois ela infernizava muito. (risos)

"A mulher dele foi pedir sua libertação a Dom Pedro I, mas ele queria algo em troca. Bem, ela se tornou amante dele" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

(alguém ao fundo) – Mulheres… (risos)

Assis Brasil – Até o Papa, todo mundo pedia a libertação do grande sábio e o Francia usava aquilo politicamente. Sabia que enquanto o Bonpland estivesse lá o mundo saberia do Paraguai, todo mundo o trataria com respeito. E, passados dez anos ele lhe concedeu e liberdade, pois as pessoas já estavam achando que talvez ele já estivesse morto. Bonpland casou-se novamente, agora com uma índia, filha de um cacique, e teve vários filhos. O Dr. Francia deixou ele ir embora, sob a condição de que nunca mais voltasse. Bonpland vendeu as terras e, com o dinheiro comprou uma estância aqui em São Borja. O botânico imperial de Napoleão se tornou estancieiro em São Borja. Depois, ele ainda comprou terras perto de Santana do Livramento, e manteve as duas propriedades. Seguiu tocando a vida, cultivando erva mate. Casou pela terceira vez, aos 61 anos, com outra índia, teve filhos e, se tu entrares no Facebook e procurares “Bonpland”, vais encontrar os descendentes dele, todos com feições indígenas. Ele tinha muita vitalidade. Fez uma viagem a cavalo de São Borja a Porto Alegre com quase 70 anos. Fez negócios com meu bisavô, aqui em Porto Alegre, depois foi para Montevidéu.

Sul21 – Uma vez fui ao Castelo de Pedras Altas (construído por Joaquim Francisco de Assis Brasil — diplomata, político, revolucionário, agropecuarista e escritor, parente do atual secretário de Cultura) e falei com a dona de lá. Ela não gosta muito de ti…

Assis Brasil – Eu sei…. mas a nova geração já aceita. (risos)

Sul21 – Ela me disse que tinha escrito uma carta para ti depois que tu tinhas escrito teus romances a respeito [o romance em três volumes Um castelo no pampa, que se divide em Perversas famílias (1992), Pedra da memória (1993) e Os senhores do século (1994)]: “eu escrevi uma carta para ele, mas ele nem me respondeu, me ignorou”.

Assis Brasil – Eu respondi, claro que respondi, eu disse que eram pontos de vista… Mas agora, com a nova geração eu me dou muito bem, minha prima Lídia me ligou há pouco tempo falando sobre a restauração do castelo…

"Nossa gestão procura realizar e aprovar projetos de modo compartilhado com a comunidade cultural" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Quando fui, havia fotos do Assis Brasil, do Joaquim Francisco, dando tiros para trás, de costas, acertando uma maçã que estava sobre a cabeça…

Assis Brasil – Do Santos Dumont. Não sei qual era o mais louco dos dois… (risos)

Sul21 – Eu brinquei que aquela era a última foto do Santos Dumont e a tua parente ficou irritadíssima, respondeu “ele sempre acertou! Nunca matou ninguém por esse motivo!”.

Assis Brasil – (risos) Sabe qual é a bronca toda? É porque no meu livro o Doutor tem uma amante em Pelotas, no Solar dos Leões, e ela mandou dizer que “não, o vovô Joaquim não tinha uma amante lá!”. Claro que não tinha. Não era ele, era um personagem ficcional, meu personagem. Mas voltando à história do Bonpland, pela qual estou fascinado. Ela termina surpreendentemente. Claro, ele fica velho, adoece e morre em Corrientes. Porém, quando o presidente da província soube que ele estava muito doente, enviou um aviso para a filha dele que, caso morresse, gostaria de sepultá-lo na capital, na cidade de Corrientes. Quando ele morreu, a filha foi lá e consultou um médico para saber como embalsamar e mandar o corpo para a cidade. Ela usou o método tradicional, que é o de retirar as vísceras, e depois a umidade do corpo deixando-o ao sol sobre uma prancha. Pois passa um índio a cavalo, bêbado, e disse “Buenos días, Don Amado”. Ele não respondeu, claro. Ele repetiu o cumprimento e nada. O índio se ofendeu com o silêncio do homem deitado sobre a prancha e, fora de si, esquartejou o cadáver com um facão. A filha teve que juntar os pedaços dele (agora eram restos mortais mesmo… ) e ele foi sepultado em Paso de los Libres. É lá que está o túmulo dele.

Sul21 – Quanto falta para terminar o romance?

Assis Brasil – Já escrevi 80%. Ele deverá ter umas 280 páginas, por ai.

"Éramos o único Estado que não tinha celebrado convênio com o Ministério para instalação dos Pontos de Cultura" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Vamos falar agora sobre a Secretaria da Cultura e a política cultural? Como o senhor encontrou a secretaria?

Assis Brasil – Meu antecessor imediatamente anterior, César Prestes, que ficou no lugar de Mônica Leal quando esta saiu para se candidatar a um cargo eletivo, estava começando um trabalho interessante, mas é claro que ele teve pouco tempo para recuperar a confiança da comunidade cultural e estabelecer novamente boas relações com o Conselho Estadual de Cultura. Eu e toda a administração que entrou comigo encontramos a Secretaria com vários problemas e talvez o mais complicado seja o conceito: o que é conceitualmente a política cultural? Parece que aí nós tínhamos um problema, pois tudo estava muito concentrado, a meu ver, nas leis de incentivo. Elas são boas, necessárias, mas não constituem uma política cultural pública. Mesmo paga pelo Estado, ela desloca o poder do Estado para o poder privado. Vejo como uma esquizofrenia conceitual. E, por outro lado, mesmo a lei de incentivo, que pode ter algum papel importante, ela também estava desacreditada no sentido dos produtores culturais dizerem simplesmente que não querem fazer nada com ela, apenas buscando benefícios através da Lei Rouanet.

Sul21 – O Sul21 entrevistou Zé Victor Castiel, um dos promotores do Porto Alegre Em Cena, e ele disse que era estranho buscar alguma coisa na SEDAC nos últimos quatro anos, que ele não sabia da mudança da secretaria da Praça da Matriz para o Centro Administrativo. Aliás, a Opus também não sabia.

Assis Brasil – E são importantes produtores culturais. Nossa gestão procura realizar e aprovar projetos de modo compartilhado com a comunidade cultural a partir da criação dos colegiados setoriais e de um plano plurianual da cultura. Estamos formatando a relação através dos diálogos culturais – que são etapas regionais preparatórias – que fazem parte do fórum Cultura Para o Rio Grande Crescer. Já houve diálogos culturais em diferentes regiões do Estado. Foram etapas preparatórias para esse fórum, no qual nós criamos condições para o surgimento dos colegiados setoriais. Eles já estão surgindo e são específicos para cada área da cultura. A partir desse trabalho dos colegiados, nós vamos redigir um plano para dez anos.

Sul21 – Então os objetivos da Secretaria da Cultura estão subordinados a essas decisões que são recebidas do meio cultural.

Assis Brasil – Sim, em muitas áreas houve a incidência de questões pontuais. Estamos procurando nessas pontualidades o que seja mais permanente. Eu estou redigindo a peça inicial disso tudo. Mas, respondendo tua pergunta, nós sentimos a necessidade de estabelecer um imediato diálogo cultural e de compartilhar as decisões. Outro problema que a gente encontrou – grave, aliás – era o fato de que não tínhamos nenhuma relação com o Ministério da Cultura, tínhamos zero, éramos o único estado do país nesta situação absurda, o único estado que não tinha celebrado convênio com o Ministério para instalação dos Pontos de Cultura e de todo o aparato que é reservado pelo convênio. Isso nos deixava completamente afastados do plano e do Sistema Nacional de Cultura. Já sanamos isso. Outro grande problema que prossegue é o valor do orçamento. Temos 0,007% do orçamento estadual. É uma situação absolutamente insultuosa. É o pior orçamento de todo o país. A Unesco recomenda 1%, que é o que o Ministério da Cultura tem. Com este valor daria para fazer um belíssimo trabalho. Mas com o que temos dá apenas para o gasto, para pagar salários, água e luz e nada mais. Patrocinar? Nem pensar. Apoiar financeiramente quaisquer eventos? Impossível. Mas não podemos ficar parados. Temos apoio das estatais e do Ministério. A ministra Ana de Hollanda até prometeu que viria em julho e saberíamos com clareza, em termos de recursos, o que nos seria repassado. Mas, enfim, se esta é uma questão muito importante, eu a considero tão importante quanto as ações fundamentais dos Pontos de Cultura, de patrimônio, do Cine Mais Cultura. Criamos um projeto de governo que contempla 500 Pontos de Cultura no Estado, em suas diferentes especialidades. Temos hoje aproximadamente 60 instalados por todo o Rio Grande do Sul. Eles foram instalados por municípios ou entidades que fizeram convênio diretamente com o governo federal, pois aqui foram ignorados.

"Temos 0,007% do orçamento estadual. É uma situação absolutamente insultuosa. É o pior orçamento de todo o país" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – O que são exatamente esses Pontos de Cultura?

Assis Brasil – São iniciativas culturais desenvolvidas pela sociedade civil e potencializadas pelo governo federal através do Programa Mais Cultura. Mas são todos diferentes entre si. Eu conheci um Ponto de Cultura no norte do Estado, dos índios caingangues que, naturalmente, será diverso de um, por exemplo, no centro de Cruz Alta. Desses pontos, seriam cem do Cine Mais Cultura, com um kit de projetor, filmes brasileiros, etc. Uns são Pontos de Leitura – estão programados uns cem, bibliotecas por exemplo – e aí entra a questão do nosso projeto de modernização de bibliotecas.

Sul21 – E as bibliotecas recebem livros?

Assis Brasil – Sim, mas hoje a gente sabe que o livro é apenas uma parte da biblioteca. Também a informatização e o acesso à internet são fundamentais. Também estamos atuando em Pontos de Memória nos municípios que possuem patrimônios edificados ou não, desde que sejam identificados como patrimônios culturais. Esse caingangue é um deles.

Sul21 – São recursos federais?

Assis Brasil – Sim, mas sempre com a contrapartida do Estado. É obrigatório, a lei determina. Isso significa uma porcentagem de 30% obrigatória para o Estado pagar. Teriam que sair de nosso exíguo ou inexistente orçamento, mas o governador tem assegurado que para todas as contrapartidas haja dinheiro.

"A OSPA é uma questão de honra" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Qual é a previsão sobre a visita da ministra Ana de Hollanda?

Assis Brasil – A visita da ministra estaria ligada à questão da sede da OSPA para a qual seriam repassados importantes recursos. Tenho plenas razões para dizer que a sede da orquestra é emblemática. Há outras situações muito complicadas como a da Casa de Cultura, que está precisando muito finalizar suas reformas. Para tanto, conseguimos verbas para trabalhar naquele problema da fachada. Os andaimes que estão lá são para prevenir alguma queda e também servirão para a restauração.

Sul21 – Diariamente passo por ali…

Assis Brasil – (risos) É uma coisa que nos preocupa. Mas o dinheiro já está no banco, a empresa já está arranjada e providenciando o material conforme o autorizado. Há madeiras especiais para serem recolocadas, tudo está sendo feito com critério.

Sul21 – Então o senhor diria que a Ospa é emblemática da situação atual mas não é algo fundamental.

Assis Brasil – Eu não sou apenas o secretário da Ospa. Quando digo que sua situação é emblemática refiro-me não somente à orquestra mas também ao Estado. É uma questão de honra. Imagine que o Estado não constrói nada para a Cultura há 99 anos! A última obra de relevância foi a Biblioteca Pública do Estado, cuja obra iniciou em 1912! Estamos lutando para dar início às obras no segundo semestre. Depois que estiver funcionando, a coisa vai. Um empresário, por exemplo, nos disse que, no momento que estivermos trabalhando na obra, a empresa dele terá R$ 2,5 milhões para a construção da nova sede da OSPA.

"Há 99 anos o Estado não constrói uma biblioteca!" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – A obra na verdade custaria R$ 32 milhões, o Ministério da Cultura promete R$ 20 mi.

Assis Brasil – Na verdade, é uma emenda de bancada que o Tarso obteve no final do ano e que foi para o orçamento geral. A presidente Dilma contingenciou R$ 50 bilhões no país e as emendas parlamentares caíram todas. Porém as emendas de bancadas, e no caso foi unânime de parte de toda a bancada do RS, podem ser descontingenciadas. A ministra se comprometeu em conseguir esse descontingenciamento, que deve sair nesse semestre. O início das obras é realmente uma questão de honra, é emblemático, nós precisamos disso. Há 99 anos o estado não constrói uma biblioteca! Teatro faz muito mais…

Sul21 – Nesta semana a ACCIRS, Associação de Críticos de Cinema do RS, obteve a programação da Sala Eduardo Hirtz, isso faz parte da política de compartilhar as decisões?

Assis Brasil – Exatamente, isso é fruto da nossa política, eu pedi que fosse feita uma sala realmente diferente das outras, onde pudesse haver uma programação voltada para a nossa produção. Isso é uma coisa bem simples, que não custa nada, precisa de apenas uma decisão política. Estamos disponíveis para conversar e criar novos espaços.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora