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3 de junho de 2011
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23:23

Antagonismo de opiniões marca domingo decisivo no Peru

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Sul 21
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Humala e Fujimori fizeram campanha recheada de ataques e acusações | Foto: Montagem sobre Divulgação

Igor Natusch e Jorge Seadi

O candidato de esquerda Ollanta Humala está cada vez mais próximo de Keiko Fujimori e pode ser eleito presidente do Peru. De acordo com as últimas pesquisas eleitorais, os dois concorrentes estão tecnicamente empatados, com pequenas variações percentuais de instituto para instituto, mas com tendência de crescimento para o ex-militar. Para o levantamento do Datum, divulgado na sexta-feira (3), Fujimori ainda está na frente, mas a distância para Humala teria caído para apenas 1,2 ponto. Já o Instituto de Opinião Pública da Pontifícia Universidade Católica do Peru aponta Humala na frente, com 51,8% dos votos contra 48,2% de Fujimori. Já o instituto CPI, na quinta-feira (2), apontou vitória de Humala por escassa margem, inferior a um ponto percentual. A eleição acontece no próximo domingo (5).

As pesquisas apontam uma reversão com relação ao quadro das últimas semanas, onde Keiko Fujimori liderava com certa folga a corrida pela Casa de Pizarro. A candidata, que encabeça a chapa Forza 2011, é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e abuso de poder durante o período que governou o país. A maior parte do eleitorado de Keiko Fujimori está concentrado nas principais zonas urbanas do Peru, enquanto seu adversário conta com amplo apoio no interior do país. Ollanta Humala, que concorre pela coligação Gana Perú, é militar e tem sido acusado por setores que apoiam Fujimori de ser um nacionalista que, inspirado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, pretende centralizar o poder. Em resposta, setores pró-Humala garantem que o principal objetivo de Keiko Fujimori é libertar seu pai da cadeia – ideia que a candidata nega com veemência, mas que parece ter convencido a maior parte da população peruana.

A campanha peruana encerrou-se oficialmente na quinta (2), mantendo o tom de acusações mútuas que marcou todo o período eleitoral. Ollanta Humala acusou sua adversária de estar promovendo uma distribuição ilegal de panfletos de campanha, fora dos prazos previstos pela legislação. Humala exibiu o suposto material de campanha de Keiko Fujimori e pediu que os jornalistas investigassem as supostas irregularidades de campanha. Em seu último discurso, Ollanta Humala também atacou Keiko Fujimori por declarações nas quais pedia desculpas pela política de esterilização compulsória de mulheres, adotada por seu pai Alberto no período em que comandou o Executivo peruano. “Um dano irreparável como esse não será corrigido com desculpas oportunistas em uma campanha eleitoral”, atacou.

Poucas quadras adiante, Keiko Fujimori insistia em associar Humala com o governante da Venezuela. “Humala tenta se afastar da imagem de Chávez, mas não poderá jamais fazê-lo, pois deve muitos favores a ele”, acusou. Fez também insinuações mais graves, dizendo que o candidato de esquerda tem ligações não esclarecidas com o narcotráfico. A candidata trouxe a seu palanque Pedro Pablo Kuczynski, candidato que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da votação. Ollanta Humala, por sua vez, contou com o apoio do quarto colocado, Alejandro Toledo, que declarou voto em Humala como forma de evitar o “retorno da corrupção” dos tempos de Alberto Fujimori.

No primeiro turno, Ollanta Humala foi o mais votado, mas sua vantagem foi caindo até que Keiko Fujimori o ultrapassasse nas pesquisas de opinião. A candidata é identificada com a agenda neoliberal, sendo simpática a uma aproximação com os EUA e levantando críticas ao modelo adotado no Brasil por Luiz Inácio Lula da Silva. Ollanta Humala, por sua vez, se diz um entusiasta de Lula, e promete reformas de cunho popular como um sistema público e gratuito de saúde, além da elevação do salário mínimo para 750 sóis – algo em torno de R$ 420.

Um domingo decisivo para o futuro do país

O segundo turno das eleições presidenciais do Peru será realizado amanhã. De um lado  o nacionalista Ollanta Humala e do outro a neo-liberal Keiko Fujimori. As últimas pesquisas indicam empate técnico, com ligeira vantagem de Keiko. No primeiro turno, a vitória foi de Ollanta com uma vantagem de um pouco mais de 4% dos votos.

Ollanta Humala

Nacionalista, Ollanta Humala disputa a presidência de seu país pela segunda vez. Ele afirma que o que “está em jogo amanhã não é a economia e sim a democracia”. Ollanta Humala Tasso nasceu em Lima, em 1962. O candidato da coligação “Ganha Peru” mudou sua postura e tem recebido muitas críticas da oposição por isto. Em 2006, quando se candidatou pela primeira vez, o ex-militar se mostrava um admirador de Hugo Chávez e se dizia a favor da estatização das empresas peruanas.

Para esta eleição de agora, cinco anos depois, o nacionalista se mostra a favor de ideias de crescimento econômico com inclusão social ao estilo do ex-presidente Lula, do Brasil.

Algumas opiniões de Ollanta:

“Votar fujimorismo é avalizar os crimes cometidos pelo Estado”

Alberto Fujimori foi o sétimo presidente mais corrupto do mundo

“Temos um grave problema: somos o primeiro exportador de coca do mundo”

A corrupção come, por ano, 1,5 bilhão de dólares”

Keiko Fujimori

Nos últimos dias, a campanha eleitoral esquentou e Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, disse que, se Humala vencer, “o Peru será governado por Hugo Chávez”. Afirma também que o presidente da Venezuela patrocina o nacionalista. Fujimori acusou Humala de, quando militar, ter agido de forma cruel e violenta contra os integrantes do grupo terrorista Sendero Luminoso.

Keiko Fujimori afirmou que a Venezuela investiu 2 bilhões de dólares na campanha de seu candidato preferido, Ollanta Humala. “Por isso, disse Keiko, Ollanta será um bom soldado da causa de Hugo Chávez”.

Algumas frases de Keiko Fujimori:

“Nossa economia está crescendo nos últimos 20 anos por causa das reformas que foram feitas. É fundamental que nosso país continue nesta linha”.

“Não queremos revisão dos fundos de pensão, não queremos revisão dos acordos de livre comércio”.

“Vamos manter a política de portas abertas para os investimentos externos”.

Com informações de Reuters, AFP, Agência Estado e BBC Brasil


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