Opinião
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24 de junho de 2011
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09:33

O Movimento Estudantil e o futuro do Brasil

Por
Sul 21
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* Rodolfo Mohr

Há quem proclame o fim do Movimento Estudantil. Aquele bom e velho conjunto de estudantes que deixavam suas diferenças de lado e lutavam por um país melhor. Os estudantes brasileiros, através da União Nacional dos Estudantes (UNE), estiveram na campanha do “Petróleo é Nosso” na década de 1950. Fomos linha de frente no combate à ditadura militar. Comparecemos desde a primeira manifestação das Diretas Já nos anos 1980. Empunhamos a bandeira do impeachment de Collor com as caras pintadas em 1992. Porém, onde estiveram os estudantes durante todos os outros anos deste último século?

O Movimento Estudantil, como qualquer movimento social, possui diferenças internas. Entre um período e outro de visibilidade e transcendência das pautas meramente educacionais, passamos por longos processos de organização e debate.

A democracia que os estudantes brasileiros ajudaram a forjar, trouxe outros desafios e possibilidades. Não somos o único movimento para os jovens que lutam pelas transformações. A retomada da democracia em nosso país permitiu a proliferação de diversas novas formas de organização livre.

A conquista do pluripartidarismo permitiu também aos estudantes a unificação com outros ativistas em partidos políticos que disputassem a sociedade, ou seja, saímos literalmente da clandestinidade.

Durante o Fora Collor, muitos setores estudantis tinham propostas distintas sobre o que fazer após o impeachment. A diferença entre momentos como este e o que vive os estudantes da PUCRS é a democracia. Em todos os momentos citados, tivemos disputas de opinião canalizadas em eleições, assembleias e plebiscitos. Na PUCRS, dos últimos 20 anos, os estudantes viraram reféns de outros estudantes. Agora, estamos diante da queda do Muro de Berlim da PUCRS, graças à mobilização dos estudantes, ávidos por democracia.

Estamos às vésperas do 52º Congresso da UNE. Em Goiânia, milhares de estudantes disputarão o projeto de país que a UNE deve defender. Defenderemos os 10% do PIB para a Educação, o combate à corrupção, a solidariedade aos bombeiros do Rio de Janeiro e contra o novo Código Florestal. Infelizmente, a direção majoritária da UNE abandonou sua autonomia frente aos governos petistas, dando eco às críticas que o Movimento Estudantil recebe. Cabe aos estudantes, da UFRGS, da PUCRS e de todo o Brasil, retomarem a UNE para o curso de um projeto de Brasil independente, justo socialmente e soberano.

* Coordenador de Movimento Estudantil do DCE/UFRGS


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