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5 de maio de 2011
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02:39

Não sem antes dar um vexame, a vaca foi pro brejo

Por
Sul 21
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Milton Ribeiro

Para bem explicar a efêmera participação do Internacional na Copa Libertadores da América de 2011, talvez seja necessário voltar ao ponto onde ela começou para terminar no exato momento em que Falcão inventava colocar Ricardo Goulart em campo.

A pequena tragédia colorada foi longa do ponto de vista temporal. Ela começou quando Fernando Carvalho chegou-se ao ouvido de Roberto Siegmann e pediu para que este mantivesse Celso Roth como treinador da equipe logo após o mazembaço de dezembro. O pedido — destituído da menor lógica, ainda mais vindo de alguém que estava abandonando a direção de futebol — foi atendido de forma dedicada, longa, insistente e tola.

D`Alessandro: ainda perdido no esquema de Falcão (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

Foi assim que o Inter viu passar os primeiros meses de um ano em que dispunha talvez do melhor grupo de jogadores da última década. Com um técnico detestado pela torcida e que mais parecia apostar na própria demissão, jogou fora todo o início da temporada. Quando foi finalmente decidido o óbvio, a diretoria colorada apostou no Sobrenatural de Almeida, chamando o ex-idolo Falcão, ou seja, alguém com nome, fama e inexperiência.

Nada contra Falcão, ele até vinha bem e tem crédito para se recuperar, mas convenhamos, começou a fazer estranhas escolhas em suas substituições dos últimos dois jogos: no Gre-Nal tivemos a entrada de Juan no local de um meio-campista — quase uma ordem para o adversário atacar — e hoje, de forma improvável, bateu o recorde rothiano ao manter Sóbis e Cavenaghi na reserva para apresentar-nos o péssimo e inédito Ricardo Goulart.

Tudo deu errado (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

O jogo

O jogo de hoje iniciou com o gol de Oscar a um minuto de jogo. Ele fez bela jogada na intermediária, driblou dois carboneros e bateu firme de canhota no canto do goleiro Sebastián Sosa. Um belo gol. Só que o gol de Oscar não foi a abertura de uma partida arrasadora do Inter, mas antes um aviso de “fiz o meu máximo, boa noite, vou dormir”.

Marcando forte, Peñarol passou a dominar a partida, apesar de apenas conseguir repetidos escanteios. Não era um bom jogo, as arquibancadas estavam ficando anestesiadas pelo jogo lateral do Inter, cuja inapetência pela profundidade merece ser tema para muitas reuniões de Falcão com seus comandados.

No início do segundo tempo, sentindo que o Inter passaria a noite ensebando, o Peñarol deu duas estocadas que levaram o Inter ao chão: o atacante argentino Alejandro Martinuccio disparou pela Avenida Nei — outro problemaço para Falcão — , tabelou com Juan Manuel Olivera e bateu no ângulo de Renan. Um golaço. A igualdade conquistada em apenas 15 segundos não perturbou o sonolento time colorado, tanto que o Peñarol utilizou-se das mesmas armas para para fazer o segundo gol.

Novamente pela Avenida Nei, a virada saiu aos 5min, quando Luís Aguiar cruzou da esquerda e Olivera subiu sozinho para cabecear novamente no ângulo de Renan, só que no outro canto, para que ficasse simétrico.

O estilo de Ricardo Goulart, a invenção de Falcão (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

Com o segundo gol do Peñarol, o Inter precisava de dois gols. Pura fantasia. Foi quando Falcão teve seu momento: trocou Andrezinho e Oscar por Ricardo Goulart e Tinga. O efeito foi notável: o Peñarol quase marcou novamente aos 15, quando Aguiar chutou uma bola rente ao travessão de Renan, vencido no lance.

A única coisa positiva que Falcão conseguiu foi ao fazer o óbvio ululante. Ao retirar a Avenida Nei para colocar ATACANTE Rafael Sóbis, o Internacional ficou discretamente ofensivo e atacou durante os 20 minutos restantes de jogo. As jogadas de mais perigo foram um chute de fora da área de Bolatti e outro de D’Alessandro, aos 41min, defendido por Sosa. Houve também uma enorme confusão na área uruguaia. Uma confusão. Só uma.

A comemoração dos uruguaios (Foto:Ramiro Furquim/Sul21)

Assim, a simpática equipe uruguaia — espécie de SC Internacional daquele país — levou com inteiro merecimento a vaga.

O embuste do futebol colorado fez com que grande parte dos torcedores se retirassem antes do final do jogo. Foi o caso deste comentarista. Agora, o Grêmio é o Rio Grande do Sul na Libertadores, ao menos até a meia-noite de hoje…

Internacional 1 x 2 Peñarol

Gols: Internacional: Oscar, a 1min do 1º tempo / Peñarol: Martinuccio, aos 15s; Olivera, aos 5min do 2º tempo

Internacional: Renan; Nei (Rafael Sóbis), Bolívar, Rodrigo e Kléber; Guiñazu, Bollatti, Andrezinho (Ricardo Goulart) e D’Alessandro; Oscar (Tinga) e Leandro Damião. Técnico: Paulo Roberto Falcão

Ramiro Furquim/Sul21

Peñarol: Sebastián Sosa; Alejandro González, Carlos Valdez (Emiliano Albín), Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Mathías Corujo, Andrés Freitas, Luís Aguiar e Matías Mier (Nicolás Domingo); Alejandro Martinuccio (Edison Torres) e Juan Manuel Olivera. Técnico: Diego Aguirre

Cartões amarelos: Internacional: Nei, D’Alessandro, Kléber / Peñarol: Freitas, Aguiar, Domingo

Árbitro: Enrique Osses

Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)


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