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7 de abril de 2011
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19:59

Tragédia no Rio: doze estudantes de escola municipal morrem em ataque de ex-aluno

Por
Sul 21
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Matéria atualizada às 22h10

Jorge Seadi

Uma escola municipal na zona oeste do Rio de Janeiro viveu uma chacina hoje pela manhã. Um ex-aluno da Escola Municipal Tasso de Oliveira invadiu uma sala de aula matando 12 alunos e ferindo outros 18 por volta das 8h30 da manhã desta quinta-feira (7). Usando roupa militar,  Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou na escola do Realengo armado com dois revólveres 38 e farta munição. Segundo as autoridades médicas do Rio, 12 alunos — 10 meninas e 2 meninos — morreram e outros 18 — 12 meninos e 6 meninas — foram feridos. Quatro estão em estado grave.

Wellington Menezes de Oliveira foi aluno da escola e se matou após ter sido atingido em uma das pernas por um sargento que foi chamado por um dos alunos feridos. O corpo de Oliveira foi retirado do colégio pouco depois do meio dia. A Polícia Militar informou que Wellington não tem antecedentes criminais. Testemunhas afirmam que ele baleou duas pessoas antes de entrar na escola. Depois, teria falado com uma professora e se dirigiu para uma das salas da 8ª série, no primeiro andar. Segundo a PM, ele teria disparado mais de 30 vezes.

Sargento evitou massacre maior

O sargento Márcio Alves, da Polícia Militar, fazia uma blitz próximo a escola e foi chamado por um aluno ferido que fugia do tiroteio. “Fui para a escola, quando cheguei os tiros já estavam ocorrendo. Encontrei o atirador no segundo andar, saindo de uma sala. Ele apontou a arma para mim, foi baleado, caiu na escada e em seguida cometeu suicídio”, afirmou o policial.

O governador Sérgio Cabral elogiou a atuação do policial militar e creditou a ele o fato de que a chacina não tenha sido maior. “O atirador já se dirigia para outra sala de aula para fazer novos disparos quando foi impedido pelo sargento”, disse o governador.

Uma professora também foi citada pelo governador como outra responsável por evitar um massacre maior. “Outra heroína é a professora da primeira sala que mandou os meninos chamarem socorro. Eles abordaram o sargento Alves e ele impediu que o matador fizesse outros disparos”, falou Sérgio Cabral.

Trecho da carta de Wellington Menezes de Oliveira

Atirador deixou carta

Ao contrário do que fora divulgado em um primeiro momento, a carta deixada por Wellington não dizia que ele era portador de HIV, essa informação teria sido colhida por pessoas no colégio. Assessores da prefeitura disseram que os jornalistas se confundiram ao ouvir isto, e acharam que estava escrito na carta. Segundo o coronel Djalma Beltrame, a carta evidencia a intenção de suicídio do jovem. “Ele tinha a determinação de se suicidar depois da tragédia” contou o coronel. A carta foi entregue à agentes da Divisão de Homicídios. Conhecido na escola por ser ex-aluno, Wellington entrou ao dizer que iria fazer uma palestra.

Nesta mesma carta, Wellington dizia que era um homem puro – o texto também dá a entender que ele era virgem – e que não deixaria que ninguém impuro tocasse nele.  A polícia investiga se “as pessoas impuras” que ele cita seriam mulheres já que a maioria dos mortos eram meninas. Ele foi ao colégio sabendo que não sairia vivo e levou um lençol branco pedindo para ser carregado nele. Ele também pediu para ser enterrado junto ao corpo de sua mãe adotiva, morta há um ano, e que morava a apenas três quadras do colégio.

Informações diziam que Wellington era adepto da religião islâmica. A União Nacional das Entidades Islâmicas do Brasil divulgou nota, esta tarde, que desmente qualquer ligação da entidade com Wellington. “Ele não é mulçumano e não tem nenhuma ligação com mesquitas e sociedades beneficientes mantidas pela União”, diz a nota, que ainda condena o ato chamando-o de “insano e inexplicável”.

Surto explica ato

Um ex-colega de trabalho de Wellington que pediu para não ser identificado, disse que ele era “calado e introvertido”. Oliveira trabalhou na Rica Alimentos de fevereiro de 2008 a agosto do ano passado. Começou como auxiliar de serviços gerais, foi promovido a auxiliar de almoxarifado e a partir daí sua produtividade começou a cair. “À medida que aumentavam as responsabilidades sua produtividade caía, até que acabou demitido por isto”, segundo este mesmo colega. Ex-colegas da Rica Alimentos ficaram estarrecidos quando souberam do massacre. Desde que saiu da empresa, Wellington não fez mais contato.

Na opinião da psicóloga Julian Bizeto, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), não há explicações para ações como a que ocorreu na escola municipal do Rio de Janeiro. “Uma pessoa normal não pratica atos como este. Só um surto psicótico explicaria a o massacre”.

Governo federal decreta 3 dias de luto

Durante cerimônia de comemoração da formalização de um milhão de empreendedores individuais, no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff se emocionou com a notícia das mortes no Rio e pediu um minuto de silêncio.  Após, o governo determinou 3 dias de luto em respeito às crianças assassinadas.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, viaja para o Rio de Janeiro a fim de visitar vítimas e parentes das pessoas atingidas neste massacre. Maria do Rosário cancelou os compromissos que tinha agendado em Belo Horizonte. “É muito sofrimento junto”, disse a ministra.

Massacre é notícia no mundo

Massacres como este do Rio de Janeiro são mais comuns nos Estados Unidos e, por isso, jornais do mundo inteiro fizeram analogias com casos como o massacre de Columbine. A americana CNN mostrou imagens da escola carioca. O jornal The New York Times noticiou o massacre em “Mundo” e o Los Angeles Times colocou na capa “10 crianças assassinadas em escola do Brasil”.

Na Europa, os sites dos principais jornais deram espaço ao massacre carioca. Os espanhois El País e El Mundo deram destaque na capa. El Mundo cita a carta do assassino em que ele diz ser portador de HIV e integrante do islã. Em Portugal, o Diário de Notícias e o Correio da Manhã deram destaque à chacina incluíndo fotos do socorro dado as vítimas. Na Itália, o Corriere della Sera e no La Repubblica publicam em destaque: “Rio, ex-aluno mata 13 e depois se suicida”, diz o último, com foto de uma vítima. O The Times, da Inglaterra, noticia que “Ex-estudante mata 10 em escola do Rio de Janeiro”.

A chacina carioca também é notícia nos principais jornais dos países da América do Sul. No Página 12 de Buenos Aires,  a manchete é “Tragédia no Rio de Janeiro: um homem mata 10 crianças em uma escola”. O El País uruguaio diz que houve um massacre em escola brasileira com 11 mortos e 22 feridos. No Chile, a manchete do La Tercera informa que “Ex-aluno mata 10 estudantes em escolar do Rio de Janeiro e se mata”. Na Venezuela, o 2001 informa que a presidenta Dilma Rousseff se emocionou ao falar dos assassinatos e decretou três dias de luto no país.

Com informações do Terra e da Globo News


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