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7 de abril de 2011
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22:58

Celso Amorim: o governo Lula também dava ênfase aos Direitos Humanos

Por
Sul 21
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Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores - Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes

Para o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a imprensa “está doida” para apontar diferenças entre a política externa do Brasil nos governos de Dilma e de Lula. A afirmação foi feita em entrevista coletiva, depois que o diplomata deu palestra para alunos dos cursos de Direito e Relações Internacionais da Ufrgs, na tarde desta quinta-feira (7). Amorim garantiu que não haverá diferenças substanciais na linha estabelecida por ele e pelo ex-presidente Lula. “Tenho certeza absoluta de que, por mais que a mídia queira, a linha que a presidenta Dilma vai seguir vai ser uma continuidade, um aprofundamento e uma melhora do que foi feito nos oito anos do presidente Lula”.

O ex-chanceler reiterou que discorda do voto brasileiro para o envio de um relator especial de Direitos Humanos ao Irã, embora adote a cautela de dizer que, neste momento, não dispõe das mesmas informações que o ministro Patriota. O ex-ministro ressaltou que, ao contrário do que tem se repetido, o Governo Lula também dava ênfase aos Direitos Humanos, só que optando pelo diálogo. “Nós achávamos que era mais eficiente trabalhar pelo diálogo que pela condenação. Mas respeito plenamente o julgamento (brasileiro)”. Segundo Amorim, casos como este do Irã são diferenças pontuais. “Em algum caso tópico, pode haver diferença. São outras pessoas, e os momentos são outros. Cada um analisa com dados de que dispõe. Eu não tenho as informações que tem o Patriota, não sei as contingências políticas”, diz.

Para Celso Amorim, a vinda de Barack Obama ao Brasil também não representa qualquer diferença em relação ao governo anterior. Aos estudantes, ele ressaltou que a linha do Governo Lula jamais foi de antiamericanismo. Na coletiva, lembrou que o presidente George W. Bush veio duas vezes ao Brasil quando Lula era presidente. “Não acho que a vinda de Obama tenha sido um divisor de águas”. Amorim lamentou que os Estados Unidos não tenham dado sinalização mais clara de apoio a uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. “Lamento que ele não tenha sido mais claro no apoio ao Brasil. Seria bom para ele. Os EUA estão tendo dificuldades para entender as mudanças no mundo”, disse.

Ramiro Furquim/Sul21

Política externa desassombrada

Em sua palestra, Celso Amorim enfatizou que para ele o principal aspecto da política externa brasileira no Governo Lula foi o que chamou de política “desassombrada”, sem medo de que o país desempenhe um papel digno de sua importância. O ex-chanceler comentou que especialistas ingleses costumavam dizer, antes do governo Lula, que o Brasil era como um boxeador que lutava em uma categoria abaixo da sua capacidade.

Amorim também ressaltou que a integração sul-americana teve um acréscimo comercial muito grande no período do Governo Lula e que esta integração compõe boa parte do superávit comercial do país. O diplomata destacou a expansão das relações do Brasil com países asiáticos e africanos. Ele destacou que foram realizadas pela primeira vez, durante o Governo Lula, cúpulas envolvendo países da América Latina e Caribe, sem os Estados Unidos ou a União Europeia. Destacou a criação dos encontros entre Índia, África do Sul e Brasil. Ressaltou esta mudança com exemplos como o de que, hoje, a África é um mercado maior para o Brasil que potências como Alemanha ou o Japão; que a Arábia Saudita compra mais dos brasileiros que o Canadá. Amorim afirmou que com mercados emergentes as negociações são mais fáceis, porque para as economias mais consolidadas toda a concessão “toca no nervo”. “Nossa política foi imaginativa”.


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