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10 de março de 2011
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05:52

Grêmio empata com Caxias no último lance, ganha nos pênaltis e é campeão da Taça Piratini

Por
Sul 21
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Igor Natusch

Em decisão dramática, Grêmio vence nos pênaltis e está garantido na final do Gauchão - Ramiro Furquim/Sul21

Fazia muito tempo que não se via uma partida tão emocionante pelo Gauchão. Decidindo a Taça Piratini, Grêmio e Caxias protagonizaram na quarta-feira (9) uma excelente partida de futebol – repleta de emoção e dramaticidade, mas também dotada de muita superação e interessantíssimos duelos táticos. Teve um pouco para todos os gostos nesse empate de 2 a 2, resolvido pelo Grêmio nas cobranças de pênaltis, resultado que garantiu o time da capital na decisão do Campeonato Gaúcho propriamente dito. Um jogaço, sem a menor dúvida – e uma espécie de resgate para um Gauchão combalido, criticado, tido por inútil por muitos, mas que ainda é capaz de oferecer muito do que de melhor há no futebol.

Ramiro Furquim/Sul21

O Caxias, importante frisar, jogou demais. Especialmente na primeira etapa, a escalação surpreendente da equipe de Lisca deixou o Grêmio atordoado, praticamente revertendo o mando de campo – era o Caxias que atacava, e o Grêmio que não conseguia encaixar a marcação. O 4-3-3 caxiense era tudo, menos irresponsável. Everton e Lima abriam sempre pelas pontas, com o meia Dê sendo, muitas vezes, a figura mais avançada – já que os dois atacantes de ofício cumpriam importante função defensiva, marcando os laterais gremistas Gabriel e Gílson desde o campo ofensivo do Gremio. Com isso, não apenas o tricolor ficou com suas triangulações prejudicadas, mas também perdeu completamente o controle de sua defesa. Como nem Willian Magrão e tampouco Rochemback funcionam como volantes clássicos, que guardam posição, era quase sempre dois zagueiros contra três atacantes.

Ramiro Furquim/Sul21

E o Grêmio sentiu. Nos primeiros 15 minutos de jogo, só deu Caxias. O time grená perdia gols, enquanto o torcedor gremista exasperava-se nas arquibancadas. Quando o time da casa começou a dar sinais de equilíbrio, encaixando algumas boas jogadas pela direita, Itaqui acertou uma falta do meio da rua, contou com um pulo atrasado do goleiro Victor e abriu o placar para o Caxias. Renato Portaluppi tirou Carlos Alberto uma vez mais, colocou Bruno Colaço, mas o Grêmio seguiu torto em campo. O segundo gol caxiense, em bela troca de passes e chutaço de Gerley, encheu o Olímpico com o silencioso agouro da tragédia iminente. Quando tudo parecia nublado e a tempestade de vaias era uma quase certeza, Willian Magrão acertou um chute inesperado, descontando e enchendo de vida os pulmões da equipe gremista. Em uma primeira etapa na qual poderia ter sido goleado, o Grêmio conseguiu ir ao vestiário em desvantagem de apenas um gol – o placar de 2 a 1 era ruim, mas bem melhor do que a frágil atuação gremista merecia.

Ramiro Furquim/Sul21

No segundo tempo, e gradativamente, as coisas foram mudando. O comando da partida inverteu-se na medida em que o veloz e aguerrido Caxias foi cansando em campo. Apesar de ainda construir boas chances, sempre no contragolpe, o time da Serra foi perdendo terreno dentro do campo, marcando mais à distância, concentrando-se mais em guardar espaços do que na recuperação da posse de bola. Com a entrada de Lúcio, empolgado e capaz de empolgar os companheiros, o jogo passou a ser definitivamente de um lado só. Gols anulados pela arbitragem e chances perdidas no último momento deixavam os gremistas à beira do puro desespero. Fábio Rochemback, em mais uma partida colossal, parecia se multiplicar em campo, ganhando todas as divididas – do mesmo modo que a defesa caxiense, que afastou pelo menos três bolas onde o gol gremista parecia pura consequência.

Ramiro Furquim/Sul21

Abusando da catimba, os jogadores do Caxias fizeram da grama verde do Olímpico seu divã, deitando-se incontáveis vezes para ganhar preciosos segundos. Catimba, todos sabemos, é do jogo, mas digamos que o Caxias elevou essa nobre arte a um novo patamar. Pena que esse tempo ganho, no fim das contas, acabou sendo a sua ruína. Porque a arbitragem (muito boa e sem erros, aliás) deu extensos, mas justos, seis minutos de descontos – e foi no último deles que Rafael Marques, após jogada inexplicável dentro da área caxiense, chutou para o gol aberto, sem clemência, empatando o jogo em 2 a 2 e instaurando o pandemônio nas arquibancadas.

Ramiro Furquim/Sul21

Nos pênaltis, o confronto deslocou-se dos atacantes para os goleiros. André Sangalli, depois de defender todas as cobranças na disputa contra o São José, ganhou ares míticos de pegador de penalidades; Victor, como sabemos, também carrega várias defesas do tipo em seu currículo. Desta vez, talvez pelo abalo emocional de deixar o título escapar ao apagar das luzes, o Caxias acabou levando a pior. Borges, Douglas, Rochemback e Lúcio converteram para o Grêmio, enquanto Victor defendeu os arremates de Dê e Diogo. Vitória no sufoco, conquistada na base da transpiração, que dá ao Grêmio o alívio de jogar o segundo turno sem maiores preocupações, focado na Libertadores. Mas que não deve disfarçar as dificuldades vividas no jogo de quarta-feira – que passam especialmente pela ótima atuação do Caxias, mas que também encontram raízes em problemas estruturais do time gremista.

GRÊMIO (2) (4) – Victor; Gabriel, Rafael Marques, Rodolfo e Gilson (Lúcio); Fábio Rochemback, Willian Magrão, Carlos Alberto (Bruno Collaço) e Douglas; Borges e André Lima (Diego Clementino). Técnico: Renato Portaluppi
CAXIAS (2) (1) – André Sangalli; Alisson, Edson Rocha (Neto), Marcelo Ramos e Gerley; Marcos Rogério, Itaqui (Diogo), Edenilson e Dê; Everton e Lima (Pedro Henrique). Técnico: Lisca
Gols: Itaqui (CAX), aos 19mins, Gerley (CAX), aos 39mins, e Willian Magrão (GRE), aos 43mins do primeiro tempo; Rafael Marques (GRE), aos 50mins do segundo tempo
Cartões amarelos: Willian Magrão, Rodolfo, Douglas, André Lima (GRE); Edenilson, Alisson, Marcos Rogério, Edson Rocha, Everton, André Sangalli (CAX). Cartões vermelhos: Rodolfo e André Lima (GRE); Marcelo Ramos (CAX).
Árbitro: Márcio Chagas da Silva Auxiliares: Altemir Hausmann e Júlio Cesar Rodrigues dos Santos
Público: 23.465 Renda: R$ 633.833,00


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