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26 de fevereiro de 2011
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18:12

Filho de Kadafi reúne-se com opositores em busca de trégua. ONU discute sanções

Por
Sul 21
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Felipe Prestes

O filho mais velho do ditador líbio Muamar Kadafi, Saif Al Islam, reuniu-se neste sábado (26) com líderes de tribos do leste da Líbia, informa a Telesur, que enviou um correspondente a Tripoli. Saif deseja buscar um acordo de paz com os rebeldes. Ainda é desconhecido, o resultado desta reunião. Por outro lado, o Conselho de Segurança da ONU também se reúne hoje para discutir sanções ao país africano.

Ontem (25), Saif Al Islam Khadafi, Saif declarou à BBC que o leste do país está “uma bagunça”. Ele disse que o governo líbio não irá cidades daquela região, como Misrata e Zawiya, afim de que se possa negociar uma trégua.

Os conflitos já chegaram à capital líbia, reduto mais forte de Kadafi, onde ele já perde posições. Relatos dão conta de que as forças de Kadafi estariam atirando contra ambulâncias e utilizando armamento antiaéreo contra os manifestantes.

Um líder oposicionista, o coronel Tarek Saad, declarou que cerca de 2 mil homens das forças oposicionistas marchavam rumo a Tripoli para chegar ontem (25) à noite. Também ontem, Kadafi declarou à rede de televisão estatal que a Líbia “vai se transformar em um inferno”.

Já o filho dele, Saif, minimizou os acontecimentos. Ele negou que civis tenham sido bombardeados, alegando que a Força Aérea atacou depósitos de munição que estavam em mãos inimigas. Saif chegou a dizer que os sons de tiros ouvidos em Tripoli seriam, na verdade, de fogos de artifício. O filho de Kadafi disse ainda que a violência no país tem sido retratada de forma exagerada por “canais de TV árabes hostis”.

Os relatos desmentem o filho do ditador. Em Tajoura, cidade periférica a Tripoli, o relato de um médico dá conta de que há pelo menos 68 mortos e 150 feridos nos últimos dias. Em Tripoli, segundo médicos, é impossível contar os mortos. Soldados estariam removendo os corpos dos necrotérios e levando para a beira da praia, onde é ateado fogo nos corpos. Em Misrata, no leste da Líbia, um helicóptero de mercenários teria atirado em pessoas que acompanhavam um funeral.

Quem tem sofrido nas mãos dos rebeldes são os africanos negros. Como Kadafi contratou mercenários de países da África negra, os oposicionistas estão tratando como mercenário qualquer pessoa originária da região.

Clique para ver os últimos acontecimentos nos demais países em ebulição no Oriente Médio

ONU quer impedir matança

Hoje (26), o Conselho de Segurança da ONU se reunirá para definir medidas de emergência, afim de estancar a matança na Líbia. O país africano deve sofrer quatro sanções. A primeira deve ser impedir que aviões e helicópteros líbios decolem. O patrulhamento será realizado por aviões não tripulados. Em caso de descumprimento, aviões podem ser abatidos por caças.

O monitoramento ocorrerá por terra, para evitar o deslocamento de tanques e blindados. Navios de guerra também serão impedidos de navegar pelo litoral líbio. A quarta medida será a abertura de corredores humanitários, para escoamento de estrangeiros e líbios em situação de risco.

Potências viram as costas a Kadafi, Berlusconi ainda não

O homem que se reaproximava do Ocidente agora já sofre sanções. Nesta sexta (25), os Estados Unidos anunciaram sanções ao ditador líbio. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que o país ainda não definiu totalmente, mas que haverá uma série de sanções unilaterais, e que o país buscará também sanções multilaterais, em esferas como OTAN e ONU. Os EUA anunciaram o bloqueio das contas bancárias e cartões de crédito de Kadafi no país, de seus familiares e de dez militares fiéis a ele.

Também nesta sexta, a União Europeia já havia anunciado sanções ao ditador e familiares. Agora, até mesmo um de seus grandes aliados entre os europeus, o premiê italiano Silvio Berlusconi, declarou que Kadafi “já não tem o controle da situação”. Ainda assim, Berlusconi deu sinais de que continua apoiando Kadafi.

O premiê afirmou que o futuro dos países árabes é incerto e que novos governos podem ser tanto democráticos quanto centros de radicalismo islâmico. Berlusconi manifestou a defesa de que se chegue a um acordo para evitar maior banho de sangue.

Brasileiros rumam para a Grécia

Um navio de bandeira grega, com 148 brasileiros, funcionários da empreiteira Queiroz Galvão, conseguiu deixar a Líbia hoje (26). Eles partirão para a capital grega, Atenas, de onde deve ir para a Alemanha. A viagem deve durar 17 horas e eles devem chegar em Atenas na madrugada de sábado para domingo.

Com informações de Telesur, BBC Brasil, Al Jazeera, NY Times, Estadão, Folha de São Paulo e Terra Magazine


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