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15 de outubro de 2010
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19:00

Campanha de Dilma reforça ligação da candidata com programas do governo Lula

Por
Sul 21
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Rachel Duarte

Ricardo Stuckert/PR
Foto: Ricardo Stuckert/PR

A campanha da candidata petista à Presidência da Repúbica decidiu reafirmar o discurso de continuidade. Para isso, produziu um folheto, ligando Dilma Rousseff às políticas públicas do governo Lula, aprovado por quase 80% dos brasileiros. “13 razões para votar na Dilma no segundo turno” lista programas e propostas desenvolvidas nos oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva.

A retomada deste discurso se baseia nos 47 milhões de votos obtidos por Dilma, a mais votada no primeiro turno. Tanto a executiva nacional do PT quanto a coordenação de campanha de Dilma avaliam que a adoção desta estratégia é importante para manter os eleitores e conquistar os indecisos.

Entre os compromissos que Dilma promete manter estão a erradicação da miséria, a geração de mais empregos, a melhoria na educação, na saúde e na segurança pública. Estas são bandeiras essenciais para o desenvolvimento de uma nação, que ainda enfrenta muitas dificuldades, e para que o eleitor perceba as diferenças entre o modelo defendido pela candidata petista e o defendido pelo tucano José Serra.

João Motta, integrante da executiva nacional do PT, avalia que um discurso de continuidade é a melhor maneira de esclarecer as diferenças entre os dois projetos em disputa. “Como um opositor que sempre criticou os projetos do governo federal poderá passar confiança de que dará continuidade a algum deles?”, questiona.

Já na avaliação do cientista político gaúcho Benedito Tadeu Cesar é preciso combinar esse discurso com outros elementos, como a própria aparição do presidente Lula ao lado de Dilma. “O que deu o salto no primeiro turno foi isso. É reforçar a sucessão. Mostrar para o eleitor que a continuidade do modelo de Lula será feita pela candidata que ele escolheu. Não usar o Lula deixa margem para o adversário questionar a sua biografia”, salienta. Tadeu alertou ainda para o excesso de argumentos existentes no folheto, que busca convencer o eleitor. Para ele, este excesso de informações pode não ser tão eficaz como estratégia de marketing.“São treze motivos. Ninguém fixa tudo isso. Tem que mostrar o que foi feito sim, mas é preciso fazer mais”, diz o cientista politico, criticando a demora da campanha petista em responder as denúncias de corrupção.

Os treze motivos

As 13 razões para votar em Dilma no segundo turno são:

Divulgação
Imagem: Divulgação

1. FIM DA MISÉRIA

2. MAIS EMPREGOS

3. MAIS REAJUSTES SALARIAIS

4. MAIS BOLSA FAMÍLIA

5. MAIS EDUCAÇÃO

6. MAIS SAÚDE

7. MAIS SEGURANÇA

8. MAIS COMBATE AO CRACK

9. MAIS CRECHES

10. MAIS MORADIAS POPULARES

11. MAIS APOIO AO CAMPO

12. MAIS CRÉDITO

13. MAIS RESPEITO AO BRASIL

João Motta acredita que os argumentos resultantes do bom momento da economia brasileira, como a geração de emprego, ampliação do crédito e fim da miséria extrema, são os principais motivos para o brasileiro votar em Dilma. “Aumentou o poder aquisitivo e a Dilma é a representação desta continuidade, pois, no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) não foi enfrentada a questão da desigualdade social do país. O governo Lula sim, retirou 30 milhões de pessoas da linha da miséria”, afirma.

Pobreza e educação

Segundo dados do Instituto de Estatística e Pesquisa Aplicada (IPEA), 56% das pessoas saíram da linha de maior pobreza, no período de 2005 a 2009. A renda dos 5% mais pobres da população aumentou proporcionalmente mais do que a dos 5% mais ricos, no mesmo período: 84%, contra 13%.

Na área de educação, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o governo Lula triplicou o orçamento do Ministério da Educação nos últimos oito anos, passando de R$ 17,4 bilhões, em 2003, para R$ 51 bilhões, em 2010. Se forem incluídos nesta conta os recursos da transferência do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), do salário educação e da quarta parte do repasse estadual, o valor passa de R$ 19,1 bilhões, em 2003, para R$ 59,1 bilhões em 2010.

Lula também criou o ProUni e mais universidades e escolas técnicas do que qualquer outro governo. Dilma diz em sua porposta de governo que seguirá abrindo as portas da educação, com a construção de escolas técnicas em municípios com mais de 50 mil habitantes e em cidades-polo.

Saúde

Por outro lado, apesar da criação de programas sociais como as Farmácias Populares e o Brasil Sorridente, especialistas em saúde apontam não apenas falta de dinheiro para o SUS, mas problemas de gestão no setor e falhas no modelo. Este é um tema que favorece o discurso do ex-ministro da Saúde de FHC José Serra, que aponta a sua biografia como a principal causa de conquista da confiança do eleitor.

Na avaliação do publicitário Alfredo Fedrizzi, da Agência Scala Propaganda, o tema merece atenção da candidata petista, mas, o maior alerta seria a tática do confronto. Ele relata que, apesar de o confronto ser importante para sua afirmação na retomada da campanha, Dilma deve comparar menos o seu projeto com o de Serra. “Esta estratégia de elencar as propostas de continuidade do governo Lula é boa, porque a propaganda de confronto e comparação não pega com os brasileiros, que são mais conciliadores”, explica. Porém, ao mesmo tempo que são positivos os 13 argumentos, Fedrizzi também avalia como um material de muita informação. “É bom, porque mostra a diversidade de políticas públicas, que serão contempladas no seu governo, mas, pode correr o risco de o eleitor não gravar nada”, disse.

O marqueteiro, que foi responsável pela campanha do governador eleito no Rio Grande do Sul, Tarso Genro, avaliou como desnecessária a tentativa de casar a quantidade de razões com o número do partido, o 13. “Este casamento não precisa agora no segundo turno. No primeiro sim, para gravar o número do partido, o 13. Mas agora não tem candidaturas proporcionais que possam confundir. E esta simplificação já tende a ser favorável a Dilma, que representa a continuidade de algo que tem resultados positivos”, considerou.

A estratégia sugerida por Fedrizzi é aproveitar os 13 argumentos para votar em Dilma com os diferentes públicos-alvo. “Com as pessoas de baixa renda, usar o argumento da geração de emprego e renda; na classe média alta, o atributo de mais segurança”, exemplifica.

Apesar de muitos, os 13 argumentos foram avaliados como resultados sólidos de um governo exitoso e que pode eleger a sucessora escolhida por Lula. Mas, para eleger Dilma, alertam os entrevistados, é preciso retomar o eixo da campanha e que Dilma retome a postura de presidente, que exibiu no primeiro turno. Fazer a comparação, sem que o eleitor perceba um enfrentamento com o adversário, sem entrar nas armadilhas de pautas inventadas.


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